Astrónomos estão furiosos com os corta-relvas Roomba
Agora todos os que leram o título devem estar a questionar o que tem a ver um corta-relvas e os astrónomos!
Na verdade o problema deve-se ao espetro electromagnético utilizado pelo corta-relvas para balizar a sua acção. Não percebeu? Nós explicamos.
A história tem a ver com uma banda de espectro electromagnético que está no centro desta guerra entre o Observatório Nacional de Rádio Astronomia (NRAO) dos Estados Unidos e a pequena empresa de tecnologia robótica. Em causa está uma "fatia" obscura de espectro electromagnético que se tornou num grande problema, para as duas empresas.
A iRobot, a empresa que está por detrás dos famosos aspiradores robôs Roomba, descobriu essa zona do espectro electromagnético e passou a utilizá-la para incorporar nos seus robôs de exterior, de acordo com documentos da FCC "desenterrados" pela publicação IEEE Spectrum.
De que serve este espectro electromagnético à iRobot?
Esta empresa, tal como conhecemos dos aspiradores, desenvolveu um equipamento que corta a relva de forma autónoma, balizada dentro de uma área. Ora, esse sinal que confina o cortador de relvas pode ser emitido por cabos enterrados no solo, e é isso que a concorrência utiliza, mas a iRobot quer ir mais longe.
A iRobot quer substituir o sistema do fio enterrado pela colocação de algumas balizas que irão confinar o espaço que o cortador poderá andar e então cortar toda a relva. Estas balizas irão comunicar com o robô cortador de relvas recorrendo a ondas de rádio na faixa dos 6240 a 6740 MHz, que não é usada por ninguém, ou melhor, é usada pelo Observatório Nacional de Rádio Astronomia.
De que serve este espectro electromagnético ao NRAO?
Vamos perceber como um simples cortador de relva pode incomodar... o cosmos. O NRAO dos Estado Unidos opera radiotelescópios nalguns estados dentro do território norte-americano e no Chile. Esses dispositivos usam a mesma frequência para detectar metanol no espaço, que é uma assinatura da formação de estrelas.
O NRAO refere que o robô corta-relvas da iRobt provoca um zumbindo tal que poderá interromper e influenciar a leitura dos poderosos radiotelescópios situados no Novo México, Virgínia Ocidental e Porto Rico.
Esta descoberta caiu muito mal numa empresa que está prestes a dar um passo pioneiro no que toca a um dispositivo que, com esta tecnologia, poderá ajudar à facturação de muitos milhões de dólares por este mundo fora. A reacção da iRobot foi um pouco agressiva escudando-se nos documentos emitidos para FCC.
A saga começou em Fevereiro, quando a iRobot entrou com um pedido de certificação à FCC com o objectivo de obter todos os requisitos necessários face às tecnologias utilizadas. Mas aí a controvérsia começou. A troca de argumentos ficou bastante "colorida", como adjectivou Evan Ackerman da publicação IEEE Spectrum:
O corta relva iRobot será comercializado apenas para o mercado de consumo e a iRobot irá colocar uma nota no manual do utilizador com essa referência: apenas para Utilização do Consumidor; a utilização deve ser limitada a áreas residenciais.
Declarações da empresa iRobot
A esta jocosa resposta, o Observatório também fez questão de deixar o seu ponto de vista:
A admoestação "desdentada" para os utilizadores usarem apenas em áreas residenciais não é suficiente.
Referiu o NRAO em resposta.
Agora está nas mãos da FCC permitir que a iRobot avance ou obrigar a mesma a alterar de frequência. Contudo, é já um dado curioso ver que os dispositivos para o consumo residencial recorrem a tecnologias que antes somente as víamos no nível astronómico... isso é revelador!
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Mais uma. Todos nós gostamos de tecnologia, mas ficava bem se quem inventa algo que nos seja útil ou fantástico para usarmos no dia a dia, se as invenções vão usar Radiofrequência, convinha, no mínimo e de bom senso, questionar as autoridades de cada País no âmbito das telecomunicações se porventura a frequência não estará ocupada…
Quem diz roombas diz powerlines, diz ruqus, diz coaxs, etc etc etc
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CS7AEL
Se o bom senso desse dinheiro todos faziam isso, mas penso que ninguém vai pagar 🙂
O caso é mais se não podiam, então porque foi permitido? Patterns existem e foi ai que se criou o bom senso
nós por cá vendemos isso ao preço da chuva as operadoras
Há partes do espectro eletromagnético que são ‘livres’. Provavelmente será essa a razão de uma empresa como a iRobot ter escolhido utilizá-la. Passa-se isto mesmo com muitos outros aparelhos que se usam no dia-a-dia, embora talvez as interferências provocadas não sejam ‘astronómicas’ 😛
Ou a frequência é livre, ou não é! Não pode ser só meia livre.
Portanto se é livre a irobot tal como eu ambos podemos utilizar. Se não é não podemos. Simples.
Agora que uns bananas usem uma frequência livre, gastem milhões para mandar umas postas de pescada e comprem equipamentos astronomicamente caros para usar com frequências livres, deviam ter pensado em licenciar uma frequência para eles se não queriam ter interferências ou então têm que se sujeitar á formação de estrelas nos jardins do pessoal.
Os astrónomos Não têm que licenciar porque não são emissores, limitam-se a captar a radiação astronómica [vinda do espaço]. Deveriam ser as autoridades a proteger as frequências para impedir as interferências
Eu pago 22euros anuais essa frequência faz parte do qnaf da banda radioamador.
Colega, veja melhor; no QNAF este segmento do espectro não nos está atribuído; está sim atribuído assim mais perto
os 5830 até aos 5.850 e depois os 10 ghz até 10,37.
PÁGINAS 219 ATÉ 220
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CS7AEL