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Rússia está a construir base antissatélite para “cegar” satélites inimigos

Os espaço começa a ser um lugar cada vez mais ocupado e não estamos a falar de satélites de comunicações ou de meteorologia. A espionagem, a monitorização a partir dos céus é cada vez mais a arma das armas. Uns países com mais poder têm verdadeiros arsenais a gravitar a Terra. Como tal, as tecnologias antissatélite estão em ascensão à medida que o espaço se torna um domínio cada vez mais vital para as atividades militares. A Rússia parece estar a investir numa nova “arma”.

Segundo o que foi dado a conhecer, satélites do Google Earth localizaram a construção de uma instalação de laser antissatélite russa. A intenção será “cegar os olhos dos inimigos no espaço”.


Rússia: Nova arma para uma guerra eletro-ótica

Imagens recentes do Google Earth revelam a construção do que parece ser um sofisticado sistema de laser numa instalação espacial russa projetada para cegar satélites adversários.

Este complexo que albergará as armas laser está a ser construído nas instalações espaciais Krona do Ministério da Defesa da Rússia, perto de Zelenchukskaya, Rússia, lar do enorme radiotelescópio RATAN-600. A existência deste novo complexo foi trazida à luz numa investigação aprofundada de código aberto publicada pela The Space Review que analisou imagens públicas de satélite, documentos de solicitação de construtores industriais russos e documentos financeiros russos.

Imagem do radiotelescópio russo RATAN-600.

Estas fontes estabelecem a construção de um projeto chamado Kalina, descrito na documentação financeira obtida pela The Space Review como um sistema de laser projetado para “guerra eletro-ótica” que pode cegar permanentemente satélites adversários ao emitir pulsos de laser tão brilhantes que podem danificar os sensores óticos.

Esta tecnologia é distintamente diferente de outros lasers conhecidos como “ofuscantes”, que visam apenas cegar temporariamente os sistemas óticos.

A nova investigação sugere que, apesar de ter sido planeada muitos anos antes, Kalina acabou recentemente de entrar em construção num complexo de vigilância espacial existente, operado pelo Ministério da Defesa russo que alberga lidar (“light detection and ranging”) e sistemas de radar concebidos para ajudar a identificar alvos para telescópios espaciais.

Os documentos russos de patentes e aquisições revelam que a instalação laser Kalina dispõe de um sistema de monitorização separado com ótica adaptativa para a ajudar a atenuar melhor a perturbação atmosférica.

Em conjunto com este sistema, o próprio laser dispõe de um sistema de transmissão-receção para medir a luz laser refletida de volta para o seu alvo, a fim de melhor apontar diretamente para os sistemas óticos no seu objeto alvo.

 

Starlink na mira dos russos e dos chineses “uma morte suave e dura”

O General David D. Thompson, vice-chefe de operações espaciais da Força Espacial dos Estados Unidos, disse ao The Washington Post em 2021 que os satélites dos EUA estão a ser atacados “todos os dias” e que os Estados Unidos estão “realmente num ponto em que existe toda uma série de formas em que os nossos sistemas espaciais podem ser ameaçados”. Segundo a própria publicação, já está a acontecer a “guerra-sombra no espaço”.

Elon Musk escreveu em maio de 2022 que a Rússia tem vindo a “intensificar os seus esforços” para bloquear e interromper os sinais dos satélites de Internet Starlink da SpaceX. Conforme é sabido, a SpaceX enviou recentemente muitos terminais Starlink à Ucrânia para restabelecer as redes de comunicação e fornecer serviços de emergência na Internet na nação, que a Rússia invadiu em fevereiro.

E a Rússia pode não ser o único player a procurar interromper ou destruir os serviços dos satélites Starlink, que foram testados para uma variedade de aplicações militares. Por exemplo, um artigo recentemente publicado na revista chinesa Modern Defense Technology por investigadores do Instituto de Investigação e Tecnologia de Telecomunicações de Pequim apelou ao desenvolvimento de “uma combinação de métodos de morte suave e dura” que poderiam “fazer alguns satélites Starlink perderem as suas funções e destruir o sistema operativo da constelação”.

O documento afirma que, enquanto o Starlink “pode fornecer capacidades de comunicação mais estáveis e fiáveis para as unidades de combate destacadas pelos militares dos EUA em todo o mundo”, os satélites poderiam também ser utilizados “para fornecer imagens de alta definição e mesmo vídeo ao vivo” para as forças dos EUA.

Quando ao ataque aos satélites, e por estes estarem no meio de uma vasta constelação de muitos outros, inclusive da Rússia e China, este projeto dos lasers terrestres como o novo sistema Kalina da Rússia podem vir a fornecer exatamente o tipo de métodos “soft kill (morte suave)” descritos pelos investigadores chineses – técnicas que, ao contrário dos métodos “hard kill (morte dura)”, não criam riscos para todos os outros que operam no espaço.

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