Gravações do Google Assistant são ouvidas por colaboradores da Google
A Google Assistant, assistente virtual da gigante norte-americana, é um luxo que ainda ilude muitos portugueses uma vez que o idioma PT-PT ainda não é suportado. Contudo, em português do Brasil, já é possível comunicar com a assistente. Mas quão privadas serão as conversas que temos com os dispositivos Google Home?
Infelizmente, ao que tudo indica, as nossas conversas podem ser sujeitas a escrutínio.
De acordo com o canal belga VRT NWS, os colaboradores da empresa estão à escuta do que é dito nos lares e "ouvido" pelos vários dispositivos Google Home. Isto é, apurou-se a forma como a empresa contrata colaboradores para transcrever as gravações de áudio recolhidas pela inteligência artificial da tecnológica.
Gravações da Google Assistant são ouvidas pelos funcionários
Posto isto, pessoas reais, os colaboradores contratados, podem ouvir o que se passa nas nossas casas. Desse modo, é possível que captem os mais variados tipos de pedidos, desde nomes, moradas, bem como detalhes das vidas pessoais. Esta é a realidade retratada, sendo deveras assustador.
De uma forma sucinta, a fonte teve acesso à plataforma onde são armazenadas as gravações feitas pela Google Assistant, que poderá estar integrada nos dispositivos Google Home ou noutros produtos fabricados por terceiros.
À escuta mesmo quando não há comandos!
Ora, para ativar oficialmente os "ouvidos" da assistente, o utilizador tem que dizer uma frase-chave. Isto é, um comando de voz que a ativa, podendo este ser programado para reconhecer apenas a voz de um utilizador. Tome-se, por exemplo, os comandos Hi Google, ou Hey Google, as únicas formas de ativação.
No entanto, os dispositivos Google Home estarão a enviar informações (gravações de voz), mesmo sem que a frase de ativação seja dita. Ou seja, temos sempre um canal aberto para os servidores da empresa. Em seguida, estas mesmas gravações são transcritas pelos prestadores de serviços encarregues de tal.
As gravações feitas e transcritas para melhorar a assistente virtual
De referir ainda que as transcrições são feitas com o intuito de melhorar os serviços da assistente. Mais concretamente, para ajudar a empresa a aprimorar o seu mecanismo de reconhecimento dos padrões de discurso, além da síntese de voz.
Entretanto, estes colaboradores acabam por ouvir todo o tipo de conversas. Note-se que sem o apelo direto ao dispositivo, o utilizador alheio ao facto de estarem a ser feitas gravações, pode falar sobre qualquer coisa. Ora, torna-se assim fácil de perceber as repercussões que tal acaba por ter na nossa privacidade.
Recordamos o relato prévio da Bloomberg. Aí é descrita a mesma problemática, mudando apenas o nome da assistente. Isto é, também a Alexa da Amazon carece da análise cuidadosa dos trechos de áudio e pedidos dos utilizadores para melhorar os seus serviços.
Na prática, isto significa que as gravações colhidas pelos dispositivos Google Home e Amazon Echo são enviadas para servidores de cada empresa. Em seguida, essas mesmas gravações (pelo menos parte delas) são transcritas por prestadores de serviços para que seja possível "alimentar" os algoritmos de IA.
Um acervo com mais de 1000 gravações de voz
Grande parte das gravações analisadas foram colhidas da forma convencional. Isto é, após o utilizador emitir o comando de voz. Cumpre ainda salientar que o acervo de gravações a que o meio jornalístico teve acesso continha mais de 1000 gravações.
Estas, por sua vez, estavam entregues a uma empresa contratada pela Google para efeitos de transcrição desse material. No entanto, algumas das gravações continham informações sensíveis que, por exemplo, permitiram aferir o estatuto de avós a um casal belga.
Portanto, a grande maioria das gravações analisadas continha pedidos convencionais, desde informações de meteorologia local até aos pedidos e procuras por pornografia. Já, por outro lado, num universo superior a mil gravações foram encontradas 153 que terão sido captadas por engano, ou fruto de um reconhecimento erróneo.
O reconhecimento equívoco da frase de ativação
Acontece com demasiada frequência, bastando por vezes dizer parte da mesma. De qualquer forma, mesmo perante um falso comando, é feita a gravação de voz para que a assistente esteja sempre pronta a dar resposta. Percebemos assim que possa ser colhida informação de forma casual, mas ainda assim indevidamente.
O whistleblower acabou por confessar que ouviu uma voz feminina que expressava indícios de "violência física".
Cenários em que as vozes se tornam em algo mais do que conteúdo a transcrever. Torna-se assim mais do que trabalho, são pessoas reais que estamos a ouvir, não apenas vozes.
Afirma o prestador de serviços.
Já numa outra perspetiva, esta prática não é recente. É comum para as grandes tecnológicas enviarem trechos de vozes humanas para serem transcritas. Só assim poderá a assistente virtual adaptar-se a apreender com o nosso discurso. No entanto, para que tal aconteça, é necessário um feed de material novo a chegar.
Acabamos por revelar demasiados detalhes à assistente virtual
Por vezes alheios a tal facto, podemos acabar por revelar demasiados detalhes à Google Assistant. Aliás, a qualquer assistente do género. Ora, isto levanta várias preocupações sempre que um caso deste género chega a público. De qualquer forma, a prática não cessará, ainda que a privacidade deva ser sempre acautelada.
Já em declarações ao Wired, um porta-vos da Google afirmou que apenas 0,2% de todas as gravações são transcritas por humanos. É uma pequena fração de todo o universo da Google Assistant, residente nos dispositivos Google Home e não só. Esta encontra-se também nos smartphones, entre outros produtos.
Há, contudo, um sinal preocupante, sobretudo no que diz respeito ao cumprimento do RGPD. Ao analisar as políticas de privacidade da Google, a transcrição feita por humanos é omissa. Ainda que o tratamento de dados para melhoria do serviço esteja prevista, a forma como tal é feito não é clara.
Google no longer talks about users ‘in aggregate’
Via @nytimes#GDPR #DataProcessing #Privacy https://t.co/MQ9zjF3Dk3
— GDPR News | Freevacy (@FreevacyLtd) July 11, 2019
Em suma, é aqui que podem residir os problemas para a empresa. A forma, ainda confusa e desconexa como este tratamento de dados é contemplado e o seu respeito pelo RGPD na Europa. Sobretudo neste quesito, os responsáveis pela Google Assistant deveriam clarificar o tema.
Tem atualmente algum dispositivo Google Home no seu lar?
Este artigo tem mais de um ano
A Huawei o quê?
Exacto….
Já escuta mesmo!
Ora pois. Primeiro era coisa de malucos. É sempre, até ser verdade ao descoberto.
Uma taxa de “erro” de 15.3% na amostra de 1000 gravações, apenas nesta amostra. Terrível por qualquer standard.
Quanto ao RGPD, apesar de mencionado no artigo como não estando a ser implementado de forma apurada, é, independentemente de ser bem ou mal implementado, irrelevante. Neste e em todos os restantes casos.
Mais uma coisa de malucos, certamente.
Quanto à taxa de erro veja-se que é muito fácil ativar a assistente, sobretudo nos Google Home. Quantas vezes não basta estar a ver um filme sem auscultadores e qualquer palavra similar a Hi, ou Google, faz ativar o produto. Tenho aqui um Home mini mesmo à minha frente e estava ciente desta prática. Surpreende pela escala e pelos detalhes, o facto de parte desses trechos automaticamente gravados serem transcritos e por aí fora.
Provavelmente, se todo o processo fosse automatizado (transcrição) isto não se viria a saber.
não deixa de ser igualmente grave e fico estupefacto que quem escreve para um blog do tipo do pplware não estranhe o facto.
é absolutamente inadmissível que uma empresa grave conversas ou comandos de viz dos utilizadores de um produto, independentemente do modo e porque método as gravações são tratadas! inadmissível! um abuso dos direitos fundamentais que parece estar a começar a ser levado “na boa”, até por pessoas que se supunha informadas.
Nós, ocidentais, trocámos a nossa liberdade e a nossa privacidade pelas delícias da tecnologia e das comunicações instantâneas.
Estavam a espero do quê?
Bem.. e novidades há? Triste é isto ainda ser notícia para muitos..
Ora, seguindo o raciocínio primitivo do ignorante aka polpas, todos os países do mundo deveriam boicotar a Google.. um sério risco para a segurança nacional de cada um LOLOL.. ah mas espera, ele claro nem devia ter conhecimento disto (ironia).
“Em suma, é aqui que podem residir os problemas para a empresa”???
Os problemas são para nós!
Os problemas são a falta de privacidade, e não só, que a desenfreada procura de lucros provoca.
Que mundo cão!
Fixe! Mais conspirações!
“Extraordinary claims require extraordinary evidence”… coisa que nunca há…
Neste caso não é uma conspiração, nem as provas estão escondidas. As empresas declaram o tratamento de dados nos Termos e condições que todos lemos com atenção ao aceitar um serviço / produto. Agora, este ganhou mais destaque pelo elemento humano no meio de um processo de dimensões globais.
lol nem a empresa a dizer que o faz tu acreditas?
Como se costuma dizer, pior que um cego só mesmo aquele que não quer ver.
Não queres acreditar que num ato mais privado, a tua companheira liberte “Aii”, que é como quem diz “Hi”.. e pronto, lá está o colaborador a ouvir o que não devia :DD Se fosse eu a ter um dispositivo destes, provavelmente também não queria acreditar lolol.
Já dizia o Bezmenov, nem regado com provas as pessoas subvertidas são capazes de ver o que está à frente delas.
isso totalmente verdade e tem uma explicação (ou até mais):
https://www.newyorker.com/magazine/2017/02/27/why-facts-dont-change-our-minds
https://jamesclear.com/why-facts-dont-change-minds
Um passarinho disse-me que a versão PT-PT está quase pronta…
Pode elaborar? =)
Segundo me disseram, a versão PT-PT já está em beta testing com algumas pessoas de Portugal.
Confirmo. Esta para breve
Tanto me faz, não vou usar.
Aleluia…
Será que os Pixel também começarão a ser vendidos cá?
olha a novidade!!!!
https://thenextweb.com/podium/2019/03/16/think-about-privacy-the-next-time-you-ask-alexa-the-weather/
https://www.thenational.ae/business/technology/voice-assistants-only-getting-smarter-as-privacy-concerns-grow-1.712480
https://nakedsecurity.sophos.com/2018/08/13/siri-is-listening-to-you-but-shes-not-spying-says-apple/
https://www.macworld.com/article/3393250/next-gen-google-assistant-siri-privacy.html
https://www.wired.com/story/turn-off-siri-lock-screen-attacks/
https://blog.hotspotshield.com/is-siri-always-listening/
https://undecidedmf.com/episodes/2019/5/13/privacy-settings-control-alexa-google-and-siri
https://voicebot.ai/2019/04/12/yes-humans-behind-alexa-and-other-voice-assistants-are-listening-to-some-user-utterances-the-technology-requires-it-to-get-better/
https://surfshark.com/blog/the-always-listening-virtual-assistants-and-threats-to-privacy
Boas leituras.
Não sei se percebi bem, mas é dito neste artigo que o Google Home também grava e envia para os servidores da Google tudo o que é dito antes do comando “Hey Google” ser ativado?
O dispositivo estar a ouvir constantemente é normal porque para reconhecer o “Hey Google” tem que estar à escuta, mas enviar para os servidores só deve (ou deveria) após a ativação “Hey Google” ser bem sucedida.
Exato, e é assim. Exeto quando não é.
Relativamente à Alexa da Amazon, a mesma coisa já foi também denunciada: https://www.zerohedge.com/news/2019-04-10/global-network-amazon-employees-listening-alexa-conversations (tendo até já havido utilizadores que conseguiram aceder às gravações de outros utilizadores: https://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-6515581/Amazon-error-allowed-Alexa-user-eavesdrop-home.html)
Sendo que, a última consegue ser ainda mais “engraçada” do que o assistente da Google… Pois,
(1) desde permitir que os operadores da Amazon saibam a morada dos utilizadores (https://www.zerohedge.com/news/2019-04-24/thousands-amazon-alexa-eavesdroppers-can-access-users-home-addresses)
(2) a provocar raides policiais na casa de alguém, quando esse alguém nem sequer está em casa (https://www.rt.com/news/409413-alexa-amazon-police-raid/)
(3) a emitir, do nada, mensagens arrepiantes (https://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-5866565/Echo-owner-creeped-Alexa-blurts-time-close-eyes-people-dying.html)
(4) a rir-se dos seus utilizadores e a ignorar os seus comandos (https://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-5470379/Amazons-Alexa-voice-assistant-wont-stop-randomly-laughing.html)
(5) a até contrariar os comandos dos seus utilizadores (https://www.buzzfeednews.com/article/venessawong/amazon-alexa-devices-are-laughing-creepy)
os indícios são de que, mais do que usada para espiar as pessoas, a Alexa é usada (pelos seus operadores) para gozar com as mesmas.
Dispenso. O meu assistente sou eu mesmo. Como dizia uma publicidade antiga: “….vá pelos seus dedos.”
Já percebi. A Google é chinesa!
Ponho a parte a falta de privacidade bem conhecida. O triste presente e futuro para quem esteja só, é infelizmente falar com estes assistentes pessoais. Também usem menos as redes sociais. Saem mais para conhecer e conviver com pessoas de carne e osso.
Infelizmente já era de esperar. E será que não se passa o mesmo, com outros aparelhos?
Já sabem quando forem gravados pelas empresas comecem a cantar Maria Leal 😀
Vamos ver se assim deixam de nos espiar
Encontrei isto: https://omeganex.com/ (assistente de voz encriptado / indiegogo) ,se for com servidores nos usa ,não me interessa.