Com a pandemia provocada pela COVID-19, os sistemas de saúde precisaram de se reinventar, além das tarefas do dia a dia que sofreram uma evolução. Esta que se prendeu essencialmente com a automatização de tarefas, de forma, não só a torna-las mais eficientes, como a tornar o ambiente mais higiénico.
Uma equipa de investigadores argumenta que o combate à próxima pandemia poderá estar, então, na mão de robôs.
Os robôs da pandemia
Uma equipa de investigadores da Jonhs Hopkins discutiu como a crise provocada pela COVID-19 acelerou os avanços relativamente à automatização. Por outro lado, também incluiu os obstáculos encontrados na implementação de sistemas robóticos em ambientes de cuidado de saúde.
Além disso, argumentou sobre os avanços registados na interação entre os humanos e os robôs, como o reforço da capacidade destes em termos de tato, sentimento e tomada de decisões. Na opinião dos investigadores, a evolução que for registada, seja ela positiva ou negativa, irá ditar se os robôs do futuro irão ajudar os hospitais a combater a próxima pandemia.
Então, a equipa observou duas formas que têm garantido um papel crucial aos robôs nesta pandemia que vivemos. Em primeiro lugar, a tecnologia robótica minimizou o contacto entre pacientes infetados e os profissionais de saúde. Em segundo, libertou os profissionais para tarefas mais importantes.
Todavia, a equipa expectava como os avanços poderiam aumentar a fiabilidade dos robôs para futuras calamidades.
A necessidade acelera o progresso
Na discussão participaram Russel Taylor w Axel Krieger, da Whiting School of Engineering, e Brian Garibaldi da Johns Hopkins.
Entra-se na pandemia com os robôs que se tem, não com os que se quer.
Não podemos construir uma frota de robôs para uma emergência e coloca-los num armazém. Não só não é economicamente viável, como, na altura em que precisar deles, eles poderão estar obsoletos.”
Disse Taylor no artigo publicado na Nature Machine Intelligence.
Na opinião dos investigadores, os avanços na robótica e os serviços automatizados em torno dos cuidados de saúde requerem novas e atualizadas capacidades que possam ser facilmente adaptadas aos desafios do momento.
Por exemplo, quando a pandemia assolou o mundo, já existiam robôs nos hospitais capazes de entregar refeições e registar a febre dos pacientes.
Agora estamos a falar de sistemas muito mais sofisticados, que podem fazer limpezas sérias, realizar tarefas de enfermagem, fazer muitas coisas para além da simples entrega de mantimentos.
Os robôs do futuro
As novas capacidades que vão surgindo com o avanço tecnológico, embora essenciais, criam verdadeiros desafios de engenharia.
Um dos mais significativos prende-se com a capacidade de implementação e da rapidez com que os utilizadores não experientes podem adaptar-se e personalizar os robôs para cenários específicos.
Por exemplo, o nosso robô ventilador da UCI foi concebido para um tipo de ventilador com botões. Mas alguns ventiladores têm manípulos, por isso, precisamos de ser capazes de acrescentar uma modalidade para que o robô também possa manusear manípulos.
Explicou Taylor.
Este exemplo trazido por Taylor vai ao encontro da necessidade de um elemento multitasking. Ou seja, um robô que seja capaz de realizar várias tarefas, estando perfeitamente equipado para cada uma delas.
A pandemia mostrou algumas das atuais limitações dos sistemas robóticos para funcionarem de forma robusta e se adaptarem em ambientes difíceis e em grande escala.
Referiu Kreger.
Além disso, o investigador considera crucial aliar o conhecimento dos especialistas médicos com as capacidades dos robôs.
Embora haja algumas atividades para as quais se podia direcionar um robô, como intubação de um paciente ou terapia intravenosa (IV), os investigadores acreditam que os pacientes preferirão certamente um elemento humano a executar estas tarefas, num futuro previsível.
Os engenheiros precisam de feedback sobre como estes sistemas realmente funcionam no terreno.
Disse Taylor.
Colocando a hipótese que a próxima pandemia também tem um fundo infecioso, inserir os robôs na cadeia de tratamento não só afasta os profissionais de saúde dos pacientes, como também liberta o uso excessivo de recursos.