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Pedaço de satélite chinês por pouco não atingiu a Estação Espacial Internacional

A órbita da Terra está cada vez mais saturada e o lixo espacial começa a ameaçar de forma severa não só os satélites em funcionamento como também a Estação Espacial Internacional (ISS). No início desta semana, a ISS foi forçada a manobrar para fora da rota de colisão com um potencial pedaço de lixo espacial. Este acontecimento exigiu uma ação urgente por forma a não haver dano do observatório que tem atualmente uma tripulação de 7 pessoas, entre astronautas e cosmonautas.

No passado dia 11 de setembro o alarme tocou quando um pedaço de um satélite chinês se dirigia como uma bala contra a ISS.


Cada vez há mais probabilidade da ISS ser atingida

Ao longo dos 23 anos de vida orbital da estação, ocorreram cerca de 30 encontros próximo com detritos orbitais que exigiram uma ação evasiva. Três destes quase-acidentes ocorreram em 2020 e em maio deste ano também já houve um incidente.

Conforme foi amplamente divulgado, um destes pedaços atingiu com sucesso os equipamentos do observatório, abrindo um buraco de 5 mm no braço do robô canadiano da Estação Espacial Internacional.

O incidente desta semana envolveu um pedaço de entulho do extinto satélite meteorológico Fengyun-1C, destruído em 2007 por um teste de míssil anti-satélite chinês. O satélite explodiu e ficou em mais de 3.500 pedaços de destroços, a maioria dos quais ainda orbitam. Muitos estão perto da região orbital da Estação Espacial Internacional.

Para evitar a colisão, a nave espacial russa Progress, que é utilizada para reabastecer a ISS, atualmente ancorada na estação, disparou os seus foguetes durante cerca de seis minutos. Esta ação permitiu alterar a velocidade da ISS em 0,7 metros por segundo e aumentou a sua órbita, já a mais de 400 km de altura, em cerca de 1,2 km.

 

A órbita da Terra está a ficar lotada

Tem sido amplamente debatido o congestionamento da órbita da Terra. Os destroços espaciais tornaram-se uma grande preocupação para todos os satélites que orbitam o planeta e não apenas para a ISS que tem o tamanho de um campo de futebol. Para além de satélites notáveis, como a estação espacial chinesa Tiangong mais pequena e o Telescópio Espacial Hubble, existem milhares de outros.

Claro, sendo a maior estação espacial habitada, a ISS é o alvo mais vulnerável. Orbita a 7,66 quilómetros por segundo, suficientemente rápido para viajar de Lisboa a Moscovo em menos de oito minutos.

Para termos uma ideia, uma colisão a esta velocidade, mesmo com um pequeno pedaço de lixo metálico, poderia produzir danos graves. O que conta é a velocidade relativa do satélite e do lixo, pelo que algumas colisões poderiam ser mais lentas enquanto outras poderiam ser mais rápidas e causar ainda mais danos.

À medida que a baixa órbita terrestre se torna cada vez mais ocupada, observa-se um aumento destas situações. Existem já quase 5.000 satélites a funcionar atualmente, com muitos mais a caminho.

Só o SpaceX terá em breve mais de 2.000 satélites Starlink da Internet em órbita, a caminho de um objetivo inicial de 12.000 e eventualmente possam chegar aos 40.000.

 

Se fossem apenas os próprios satélites em órbita, poderia não ser tão preocupante. Contudo, de acordo com o Gabinete de Detritos Espaciais da Agência Espacial Europeia, estima-se que haja cerca de 36.500 objetos artificiais em órbita com mais de 10 cm de diâmetro, tais como satélites defuntos e bases de foguetões. Há também cerca de um milhão entre 1 cm e 10 cm, e 330 milhões que medem de 1 mm a 1 cm.

 

Órbita baixa da Terra é um enorme cemitério de satélites

A maioria destes detritos encontra-se na órbita terrestre baixa. Devido às altas velocidades envolvidas, mesmo uma mancha de tinta pode abrir um rombo na ISS e um objeto do tamanho de um berlinde pode furar um módulo pressurizado.

Os módulos da Estação Espacial estão de certa forma protegidos por uma proteção multi-camada para diminuir a probabilidade de uma perfuração e despressurização. Mas permanece o risco de que tal evento possa ocorrer antes de a ISS chegue ao fim da sua vida útil, que deverá acontecer por volta do final da década.

Atualmente ninguém possuiu tecnologia para vigiar todo este lixo e pior que isso é a incapacidade de o remover do espaço.

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