Ouvimos muitas vezes que as radiações emitidas pelos telemóveis são de tal forma prejudiciais que podem resultar em tumores cerebrais. Tendo em conta esses dizeres, os investigadores têm debruçado a sua atenção neste assunto, por forma a perceber se se confirma, ou não.
Um novo estudo deu mais respostas e veio dar força àquilo que investigações anteriores já haviam percebido.
Num estudo realizado recentemente, um grupo de investigadores monitorizou a saúde de mais um milhão de mulheres no Reino Unido. A partir da análise dos resultados, os investigadores perceberam que não existe um risco acrescido de tumores cerebrais em utilizadores de telemóveis, comparativamente àqueles que nunca utilizaram um.
Os resultados foram publicados no Journal of the National Cancer Institute, e detetados por investigadores da Oxford Population Health e da International Agency for Research on Cancer.
Estes resultados apoiam a evidência acumulada de que a utilização de telemóveis em condições normais não aumenta o risco de tumor cerebral.
Revelou Kirstin Pirie, da Cancer Epidemiology Unit da Oxford Population Health e uma das autoras do estudo.
Para Jessica Jones, professora assistente de oncologia na McGovern Medical School da UTHealth Houston e no Memorial Hermann Health System, em Houston, este estudo é importante porque abate alguns mitos que foram sendo criados.
O mundo conheceu um pico de casos de cancro entre 1975 e 1992. Além disso, os casos de cancro no cérebro aumentaram de 1995 para 2008. Segundo a professora, este aumento poderia ter sido causado por algumas tendências detetadas na altura, nomeadamente a utilização de telemóveis. No entanto, garantiu que “este estudo analisou tantos doentes que podemos ter a certeza de que os telemóveis não causam cancro do cérebro”.
Limitações do estudo sobre tumores cerebrais precisariam de ser exploradas
Os investigadores que levaram a cabo o estudo sublinharam as limitações dos seus resultados. Isto, porque não é claro se os riscos associados à utilização de telemóveis são diferentes naqueles que utilizam telemóveis durante mais tempo do que os indivíduos estudados.
Afinal, no estudo, 18% dos utilizadores relataram falar ao telemóvel durante 30 minutos, ou mais, por semana. Contudo, não foram analisadas crianças ou adolescentes, cujo tempo dedicado ao telemóvel será consideravelmente superior. Ainda assim, existem estudos que se focam na ligação entre tumores cerebrais e a utilização de telemóvel por estas faixas etárias, e os resultados não revelam quaisquer tendências preocupantes.
Apesar de os resultados não apontarem para uma correlação, Joachim Schüz, principal autor do estudo, aconselhou os utilizadores de telemóveis a reduzir “as exposições desnecessárias”, como forma de prevenção. Mais do que isso, e independentemente das causas, nos Estados Unidos, um em cada 100.000 homens ou mulheres será diagnosticado com cancro no cérebro.
Aliás, para Jessica Jones, existem vários fatores a ser considerados; devem ser consideradas as exposições diárias invulgares que poderão estar associadas ao aumento dos tumores cerebrais. No caso do telemóvel, “quase toda a gente os tem ou usa”, e, por essa razão, é uma exposição diária habitual
A professora aconselha as pessoas a tirarem “30 minutos por dia para caminhar”, apesar dos resultados do estudo, e que a melhor coisa a fazer pela saúde é largar o telemóvel e apostar no exercício.
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