O que vão os astronautas comer no espaço? Já se conhecem as (insólitas) sugestões
Com as visitas ao espaço a serem planeadas para durarem longos períodos e irem além da motivação científica, é importante perceber o que esses sortudos vão comer. A NASA procurou ideias através de um concurso e as sugestões, que agora conhecemos, são, no mínimo, curiosas.
Um dos grandes desafios das missões espaciais é a nutrição dos astronautas. Atualmente, aquando das viagens, a sua alimentação baseia-se em produtos embalados e com prazos de validade, relativamente, curtos, tendo em conta o tempo previsto para as missões mais ambiciosas. E, bem, não é como se houvesse um supermercado ao virar da esquina.
Por isso, a NASA organizou um concurso: de nome Deep Space Food Challenge, recebeu propostas de mais de 200 empresas, que procuraram entregar uma solução viável. Esta semana, serão anunciados as finalistas.
Das 200 empresas, em janeiro, 11 passaram à 2.ª fase. Nessa altura, com um financiamento de 20.000 dólares, o desafio passava por desenvolver e apresentar opções para alimentar uma equipa de quatro pessoas, durante três anos, no espaço.
O objetivo não era elaborar uma dieta completa, mas antes criar uma variedade de alimentos nutritivos para os astronautas. Hoje, serão conhecidas as empresas que apresentaram as melhores soluções e que, por isso, passarão à 3.ª fase.
A fase 2 foi uma espécie de demonstração ao nível da cozinha. A fase 3 vai desafiar as equipas a expandir as suas tecnologias.
Partilhou Angela Herblet, gestora de projeto do Deep Space Food Challenge da NASA.
As ideias apresentadas à NASA para alimentos no espaço não pouparam a criatividade
As ideias foram muitas, até pela quantidade de empresas que se desafiaram a responder à NASA.
Contudo, destaque para a proposta da Air Company, uma empresa sediada em Nova Iorque, que sugeriu um sistema que utilizaria o dióxido de carbono expelido pelos astronautas, no espaço, para produzir álcool. Este, por sua vez, seria utilizado para cultivar alimentos.
Está a fazer comida a partir do ar. Parece magia, mas quando se vê a funcionar é muito mais simples. Pegamos no CO2, combinamo-lo com água e eletricidade e produzimos proteínas.
Explicou Stafford Sheehan, cofundador da Air Company.
Para o desafio da NASA, a Air Company apresentou um batido de proteínas que explicou ser semelhante a um batido feito com seitan, um substituto vegan da carne.
Além da Air Company, também a Interstellar Lab foi selecionada pela NASA. No seu caso, o objetivo passa por "trazer um pouco do ecossistema da Terra para espaço", através de um modelo chamado Nucleus, que tem como finalidade o cultivo de diferentes vegetais. Trata-se de um conjunto modular de pequenas cápsulas que funcionam de forma autónoma; cada uma pode regular a sua própria humidade, temperatura e sistema de rega.
A par dos legumes, essas cápsulas poderiam ser utilizadas para criar viveiros de alguns insetos, que serviriam como fonte alternativa de proteína. Embora os astronautas precisassem de investir cerca de 3/4h por semana plantar, podar e cultivar, a maior parte do trabalho seria executado por um software alimentado por Inteligência Artificial.
Os finalistas anunciados, hoje, serão submetidos a novos testes, durante os próximos meses. A NASA só apresentará os vencedores, em abril de 2024, dando início a uma nova era de alimentação espacial.
Este artigo tem mais de um ano
Imagem: NASA
Neste artigo: astronautas, comida, espaço, nasa, viagens