Provavelmente nunca pensou que estivéssemos a poucos anos de abrir várias explorações mineiras na Lua. Nesse sentido, cientistas europeus anunciaram recentemente os seus planos para iniciar a exploração mineira da Lua já em 2025.
Pese o facto de não irem com a intenção de extrair ouro nem diamantes, vão para minerar um material que pode valer milhões de dólares, o regolito.
O que é o Regolito Lunar?
Regolito é uma camada solta de material heterogéneo e superficial que cobre uma rocha sólida. Trata-se, portanto, de material não consolidado, residual ou transportado, que recobre a rocha fresca. O regolito é dito residual, quando formado por material originário da rocha fresca imediatamente subjacente.
A superfície da Lua é coberta com um material fino em pó que os cientistas chamam de “regolito lunar”. Quase toda a superfície lunar é coberta por regolito, e o leito rochoso só é visível nas paredes de crateras muito íngremes.
O que pode ser obtido através do regolito?
A exploração do regolito permite obter elementos como água, oxigénio, diversos metais e um isótopo chamado hélio-3. Assim, este último material é o que está na mira dos investidores, nesta multimilionária aventura. Isto porque o hélio-3 pode abastecer reatores de fusão nuclear, com o ganho de gerar energia livre de resíduos.
O regolito é um material semelhante ao pó que cobre a Lua. Por outras palavras, este pó é o resultado de muitos milhões de anos de impactos dos meteoritos e de outros corpos celestes na superfície do nosso satélite natural.
Além da utilização do regolito na produção de energia nuclear, este material também pode ser aplicado na construção de estruturas um dia levadas a cabo na Lua.
Já há projetos em fase de arranque para explorar o minério lunar
A Europa foi das primeiras impulsionadoras desta epopeia espacial. Contudo, já se percebeu que não é a única a embarcar no comboio da exploração mineira lunar. Assim, tanto a Índia quanto a China divulgaram já ideias sobre a extração de hélio-3 do satélite natural da Terra.
Segundo informações, a missão em preparação estará a cargo da Agência Espacial Europeia. No entanto, esta entidade fará o salto numa parceria com o ArianeGroup. Contará também com a participação do Part-Time Scientists, um grupo alemão e ex-concorrentes do Google Lunar XPrize.
Pequim já pousou na Lua duas vezes no século 21, e prepara já mais missões.
Regolito poderá tornar-se o novo “ouro negro”, mas da Lua
As informações sustentadas no conhecimento de várias décadas de estudo da Lua estimam que existam um milhão de toneladas de hélio-3 na Lua. Contudo, apenas 25% pode ser trazido para a Terra. Estas são conclusões veiculadas por Gerald Kulcinski, diretor do Instituto de Tecnologia de Fusão da Universidade de Wisconsin-Madison e ex-membro da NASA.
Portanto, existe quantidade suficiente para atender à procura atual de energia do mundo por pelo menos dois séculos. Para além do mais, há mesmo quem defenda que talvez haja material suficiente até cinco séculos, como referiu o especialista. Assim, estima-se que hélio-3 possa valer 5 mil milhões de dólares por tonelada.
Da ficção científica à realidade… dentro de poucos anos
Quando esta ideia começou a fazer eco, tudo pairava como um conto de ficção científica. Agora, depois de avanços no transporte espacial, como temos visto com a SpaceX, os governos estão a correr atrás de projetos para implementar programas e legislações que lhes permitam participar da corrida pela mineração no espaço.
Em 2015, o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, assinou uma lei que concede aos cidadãos dos EUA o direito de possuir recursos extraídos no espaço. A regra inovadora foi apontada como um grande impulso para a mineração de asteroides porque encoraja a exploração comercial e a utilização de recursos de asteroides obtidos por empresas americanas.
Conforme as informação facultadas pelos geólogos, os asteroides são embalados com minério de ferro, níquel e metais preciosos. Todas estas riquezas encontram-se em concentrações muito mais altas do que as encontradas na Terra. Desta forma, podemos pensar num mercado avaliado em biliões de dólares.
Mais países acordaram para a nova realidade
Há já outros países a acordar. Um exemplo disso é o Luxemburgo, que lançou uma iniciativa oficial para promover a mineração de asteroides para minerais. Embora seja um pequeno país europeu, este tem já trabalho feito que viabiliza a sua participação no setor desde 2013. O Luxemburgo pretende tornar-se o centro europeu de mineração espacial.
Ainda que a reboque, o Canadá também está de olho na Lua. No ano passado, a Deltion Innovations, sediada no norte de Ontário, formou uma parceria com a Moon Express, a primeira empresa privada de exploração espacial a ter permissão do governo para viajar além da órbita da Terra, em futuras oportunidades no espaço sideral.
Elon Musk também faz contas à vida
Há vários trabalhos relacionados com empreendimentos espaciais com planos para minar asteroides. Além disso, tem-se falado noutros investimentos igualmente lucrativos. Como, por exemplo, a procura e recolha de detritos espaciais, a construção da primeira estrutura humana em Marte e o plano do multimilionário Elon Musk para uma missão não tripulada ao planeta vermelho.
São milhões em riquezas que podem ser exploradas nos asteroides, no solo da Lua e, mais longe um pouco, no ambicionado Planeta Marte. Já não é ficção, os humanos estão a investir nos produtos extraterrestres.