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Diretor da Agência Espacial da Rússia ameaçou destruir a Estação Espacial Internacional

A Rússia invadiu a Ucrânia e, para além da guerra no terreno, levantou um manto de sanções e condenações ao redor do planeta. Esta outra guerra, a da troca de acusações, chegou igualmente ao espaço, à Estação Espacial Internacional (ISS). Na sequência dos desenvolvimentos, o diretor da Agência Espacial Roscosmos, Dmitry Rogozin, e o ex-astronauta da NASA, Scott Kelly, trocam farpas no Twitter.

Na acalorada discussão, Rogozin disparou “Desaparece, seu idiota! Caso contrário, a morte da ISS ficará na tua consciência”.


A parceria espacial entre a Rússia e os Estados Unidos parece cada vez mais instável. Este trabalho conjunto tem vindo a desgastar-se seriamente desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, incitando os Estados Unidos e vários outros países a imporem novas sanções económicas.

A Rússia também está a atacar com sanções e ameaças de sanções. Uma delas partiu dos oficiais espaciais russos que decretaram o impedimento da venda de motores de foguetões de fabrico russo a empresas americanas e pararam os lançamentos de foguetões Soyuz de fabrico russo do porto espacial europeu na Guiana Francesa, entre outras medidas.

Estas medidas acima de tudo têm um impacto na sobrevivência da Estação Espacial Internacional.

 

Acusações no Twitter fazem temer o fim da cooperação entre a Rússia e os EUA

Dmitry Rogozin, o chefe da Roscosmos – agência espacial federal russa -, pôs mesmo em causa a participação da nação no programa da Estação Espacial Internacional. Rogozin disparou recentemente uma série de tweets incendiários – incluindo alguns dirigidos ao antigo astronauta da NASA, Scott Kelly.

Num tweet publicado no passado dia 2 de março, Dmitry Rogozin comemorou a remoção das bandeiras dos países parceiros dos foguetões russos, proclamando que os veículos pareciam “mais bonitos” sem eles, de acordo com uma tradução do Google.

O astronauta da NASA Scott Kelly, na segunda-feira, respondeu: Dimon (usando uma forma diminuta do nome Dmitry) sem essas bandeiras e sem a moeda estrangeira que trazem, o seu programa espacial não valerá nada.

Talvez arranje um emprego no McDonald’s, se o McDonald’s ainda existir na Rússia.

Num tweet no mesmo tom de ameaça, o astronauta da NASA Garrett Reisman disse que Rogozin sempre foi um “tolo”.

Reisman também fez referência à ameaça de Rogozin em 2014 de recusar viagens à Estação Espacial Internacional em foguetões russos, na qual o chefe da Roscosmos disse infamemente que os astronautas americanos precisariam de um trampolim para chegar ao espaço.

A mensagem deixada é perentória, esta decisão dos dirigentes da Rússia fere mortalmente a Roscosmos e acaba com uma das poucas fontes restantes de moeda para o país.

Lembre-se disto quando a sua caixa multibanco estiver vazia, em breve, necessitará de um trampolim.

Escreveu Garrett Reisman no seu tweet.

Rogozin é conhecido pelas suas declarações bombásticas. Contudo, é extremamente raro ver astronautas discutirem tão venenosamente com um oficial espacial em público. A discussão online é apenas a mais recente rutura num padrão de crescente reação contra a Roscosmos e a sua liderança.

O diretor da Agência Espacial russa tem tentado alavancar o poder da Rússia no espaço sempre que possível, como vimos agora com a interrupção das vendas de motores russos para empresas americanas e a recusa de lançar satélites que pertencem à OneWeb, uma empresa parcialmente detida pelo governo britânico, em foguetões russos.

 

Agora o alvo é a Estação Espacial Internacional (ISS)

Possivelmente, sabendo que a recusa do fornecimento de motores, assim como do envio de satélites para o espaço não é uma sanção preponderante, por haver outras alternativas, a Roscosmos apontou baterias à Estação Espacial Internacional.

Segundo os últimos acontecimentos, a agência da Rússia dá mostras de querer abandonar o seu papel na estação depois de concluir os seus compromissos atuais para chegar ao ano de 2024, uma possibilidade que reformularia fundamentalmente o futuro da estação.

Rogozin inclinou-se para o rancor que se está a desenvolver entre a Roscosmos e os seus colaboradores de longa data, sugerindo que a Rússia precisará desenvolver o seu próprio programa espacial humano independente no futuro.

Os exageros parecem ser o novo normal e o que se publica já entra num novo patamar de ofensas e troca de insultos.

Infelizmente, Scott Kelly, conhecido por manter uma pitão na sua casa e alimentá-la com ratos vivos, não é o único astronauta americano que tem sido tão rude. Alguns dos astronautas estão a tentar ligar aos membros do esquadrão cosmonauta que conhecem, gritando-lhes ao telefone.

Acusa Dmitry Rogozin.

O ódio à Rússia explodiu. De certa forma, isso é até útil: alguns dos nossos colegas de bom coração perderão ilusões estúpidas. A aposta na criação de sistemas tripulados nacionais russos é agora óbvia para todos.

Na troca de palavras, há a registar a ameaça que desta discussão poderia surgir a destruição da ISS. Num tweet, que depois foi apagado, Rogozin disparou contra Scott Kelly “Desaparece, seu idiota! Caso contrário, a morte da ISS ficará na tua consciência”.

O ex-astronauta americano voltou a instigar Rogozin:”Dimon, por que excluiu este tweet? Não quer que todos vejam que tipo de criança você é?”

A resposta não tardou “Sr. Scott Kelly! O senhor provoca-me desnecessariamente. Não estamos familiarizados, mas o senhor… chama-me de ‘Dimon’, embora eu não conheça tal tratamento e não vou permitir que se comporte assim comigo. Sendo desafiador e destrutivo”, twittou Rogozin na segunda-feira, desta vez em inglês.

Terminou o tweet também com uma ferroada:

Convido-o a se submeter a um exame no Instituto do Cérebro da nossa Agência Federal Médica e Biológica.

Apesar de a Estação Espacial Internacional ter já o seu fim anunciado, que será em 2030, esta falta de cooperação poderá levar a Roscosmos a sair muito antes. Nesse sentido, a ISS poderá ter um fim mais cedo. Eventualmente até entrar na atmosfera da Terra de forma descontrolada.

No entanto, com esta ameaça de não fornecimento de motores para as ações espaciais, a SpaceX, de Elon Musk, pode ser a solução.

Na sexta-feira, em resposta à questão levantada por Rogozin sobre quem poderia salvar a Estação Espacial Internacional caso desça descontroladamente em direção à Terra, Elon Musk respondeu no Twitter apenas com uma imagem com o logo da SpaceX.

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