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COVID-19: Guia prático para “matar” o novo Coronavírus

Já pouco se pode dizer da nossa realidade, as notícias são calamitosas e o mundo está prostrado à pandemia, uma doença que foi prevista, mas desconsiderada. Deram-lhe o nome de COVID-19 e tem como ignição o SARS-CoV-2. Do início até hoje já caíram por terra mais de 194 mil vidas (as que se sabem, pois suspeitam-se de muitas… muitas mais). Então, como se pode matar este novo coronavírus?

Até ao momento, sabe-se alguma coisa sobre a doença e como “matar” o vírus. Contudo, ainda falta percorrer um caminho longo.

 


A Vacina é o santo Graal do mundo moderno… mas onde está?

A corrida começou e são mais de 70 vacinas a concorrer ao título de “divina”. A cura para a COVID-19 poderá já estar a ser preparada, mas demorará mais do que aquilo que ansiamos. Contudo, os investigadores estão a testar novas vacinas, a ressuscitar medicamentos antigos e a reorientar tratamentos originalmente desenvolvidos para outras doenças.

As coisas estão a avançar rapidamente; quando se lê isto, a situação pode ter mudado (para melhor, esperamos). Então, como é que os cientistas pensam que se vão livrar deste pequeno adversário viral?

Estas são algumas das medidas que atualmente estão ao alcance para atacar o vírus.

 

Bloquear o vírus

Cada partícula do novo vírus, SARS-CoV-2, é cravejada com espigões, que lhe permitem ligar-se a uma célula humana, criar a passagem e infiltrar-se no seu interior. Tal como o germe que provocou a epidemia da SARS, em 2003, o SARS-CoV-2 adere a uma proteína nas células humanas chamada ACE2, que é especialmente prevalecente nos pulmões e no intestino delgado. A favorecer esta ligação, o SARS-CoV-2 é, pelo menos, 10 vezes mais “pegajoso” do que o seu primo, o que pode explicar a sua rápida propagação.

Uma forma de impedir que este invasor infiltre a célula, em primeiro lugar, é impedi-lo de se ligar. Bom, mas isto é o que o nosso sistema imunitário tenta fazer – envia anticorpos que se envolvem  nos espigões, para que o vírus não consiga colar-se à proteína ACE2. No entanto, existem outras formas de conseguir o mesmo efeito.

1. Fazer uma vacina.

Para uma imunidade poderosa e duradoura, a chamada vacina atenuada viva é o padrão ouro. Contém uma versão deformada do vírus, o que permite ao nosso sistema imunitário utilizar para treinar. Contudo, este vírus também pode causar infeção. É por isso que muitos investigadores estão a trabalhar em vacinas que contêm não o vírus inteiro, mas apenas os espigões exteriores. Assim, misturadas com moléculas de reforço imunitário, chamadas adjuvantes, elas irão desencadear uma resposta de anticorpos segura.

 

2. Plasma de pessoas já curadas

Uma abordagem que tem sido bastante tida em consideração, mesmo em Portugal, é a utilização de plasma sanguíneo rico em anticorpos de pessoas que sobreviveram ao Covid-19. Depois de tratado, a ideia é injetar os doentes recentemente infetados (ou em risco) com este plasma.

O plasma não ensinará o corpo a combater o vírus e uma injeção não durará para sempre, mas poderá ser uma boa forma de preparar os profissionais de saúde. A infeção dos profissionais de saúde é um grande problema. Esta abordagem, a técnica que transfere anticorpos de recuperados para doentes, já valeu um Nobel da Medicina.

 

3. Atrair o vírus para uma armadilha

Segundo alguns investigadores, uma abordagem a usar é inundar a zona com moléculas sintéticas de chamariz que se parecem com o ACE2. Desta forma, este engodo irá enganar o vírus para que se ligue a estas moléculas sintéticas, protegendo as células pulmonares de danos.

 

4. Medicamentos que impeçam a ligação à ACE2

Uma das abordagens que tem sido seguida é impedir que o vírus se ligue à célula. Assim, com uma droga específica, poderia ser criada uma forma do espigão do vírus não se ligar à proteína ACE2.

Em teoria, estes compostos funcionariam tanto na SARS como na Covid-19, impedindo os vírus de se aglutinarem às células. Contudo, a ACE2 desempenha uma série de outros papéis em todo o corpo; ajuda a regular a pressão arterial, a função renal e até a fertilidade. Mexer com esta proteína pode ter consequências perigosas.

 

Matá-lo por contacto

Todos os vírus usam uma camada proteica resistente para proteger o seu precioso material genético dos elementos. O novo coronavírus possui uma camada exterior extra de moléculas gordurosas. É uma ótima notícia para os humanos, porque é fácil de rasgar esta cápsula com sabão ou desinfetantes à base de álcool.

Na verdade, o sabão funciona melhor e não precisa de se preocupar com o material antibacteriano. Assim, sem a sua camada gorda, o vírus morre. Podemos mandar o vírus pelo ralo abaixo!

 

Sabotagem a partir de dentro

O único objetivo de um vírus na vida é desviar a maquinaria da sua célula hospedeira e forçá-la a fazer cópias virais (usa-a como se fosse uma fotocopiadora). Depois de tomar controlo da célula, o vírus altera o modo de funcionamento dessa máquina. Claro que é possível impedir as tentativas do vírus.

É com essa ideia que alguns cientistas investigam a possibilidade de utilizar medicamentos desenvolvidos para combater outras doenças. Pode haver sucesso no combate à COVID-19 que se desconheça.

 

1. O fosfato de cloroquina

A dada altura, a cloroquina apareceu como um hipotético medicamento que iria colocar fim à pandemia. Este medicamento é utilizado há décadas para tratar a malária. A sua ação passa por alterar o nível de pH das células humanas, tornando-as menos ácidas e menos hospitaleiras para certos vírus. Os investigadores estão a analisar se o SARS-CoV-2 poderá ser um deles.

A cloroquina pode também reduzir a inflamação pulmonar que mata alguns doentes com uma infeção grave por COVID-19. Um grande problema é os dados colaterais que podem trazer mais problemas, do que resolvê-los.

 

2. Medicamentos usados no tratamento do HIV

Outra linha de investigação caminha para a eventual utilização de uma classe de medicamentos chamados inibidores da protease. Estes medicamentos são utilizados há muito tempo para tratar o HIV e a hepatite C, dado que perturbam o processo de replicação viral. As proteases são como tesouras moleculares; uma vez dentro da célula hospedeira, o SARS-CoV-2 utiliza-as para cortar em pedaços longas fitas de proteínas. Sem estas tesouras, o ciclo de vida do vírus não pode continuar.

 

3. Atacar o RNA do vírus

Uma outra classe de medicamentos visa uma enzima chamada polimerase, que se encadeia com cópias do material genético do vírus, o ARN, dentro da célula hospedeira. Assim, existem dois candidatos promissores nesta categoria – o Remdesivir, originalmente desenvolvido para tratar o Ébola, e o Faviripiravir, inicialmente utilizado contra a gripe. Este imita os blocos de construção do RNA e insere-se na cadeia. Uma vez lá dentro, a polimerase não pode acrescentar novas peças e a replicação para.

 

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