Numa entrevista surpreendente, o diretor da Divisão de Ciência Planetária da NASA, Jim Green, disse que a agência espacial está perto de “fazer alguns anúncios” sobre vida extraterrestre em Marte – mas que não estamos prontos para isso.
Não é de agora que se ambiciona conhecer vida extraterrestre, tem havido mesmo uma procura crescente. No entanto, será que estamos preparados para esse momento revolucionário?
NASA poderá anunciar algo revolucionário
Jim Green referiu que o que a NASA tem para dar a conhecer “será revolucionário”. Conforme as palavras do cientista em entrevista ao The Telegraph, teremos grandes novidades em breve.
É como quando Copérnico declarou ‘não, nós andamos ao redor Sol’. Completamente revolucionário. Vai começar uma nova linha de pensamento. Acho que não estamos preparados para os resultados. Nós não estamos.
Acrescentou que está preocupado porque acredita que a NASA está perto de encontrar a vida e fazer tal anúncio. Contudo, é uma interrogação sobre o que acontecerá depois!
O que acontece a seguir é um novo conjunto de questões científicas. Essa vida é como a nossa? Como estamos relacionados? Pode a vida mover-se de planeta para planeta ou temos uma faísca e o ambiente certo e essa faísca gera vida – como nós ou não – com base no ambiente químico em que se encontra?
Referiu Green.
Missão a Marte está a entusiasmar a comunidade científica
Em comunicado, o porta-voz da NASA, Allard Beutel, disse que a agência está entusiasmada com a missão a Marte. Além disso, existe um grande otimismo com as missões futuras onde as perspetivas de vida foram levantadas.
Um componente chave do trabalho da NASA é a procura por blocos de construção e sinais de vida noutros lugares. Estamos animados com as descobertas científicas dos nossos rovers em Marte atualmente e no futuro, bem como as missões para Europa, Titan, e outros lugares. Assim como os astronautas da NASA que pousaram na Lua mudaram a nossa conceção do nosso lugar no universo, a descoberta da vida noutros lugares também seria um evento que mudaria a civilização. Como com todas as descobertas, a NASA trabalharia para confirmar e partilhar informações validadas com o mundo o mais rápido possível.
Disse Beutel via e-mail à publicação.
Em julho próximo, a NASA está programada para lançar o seu veículo Marte 2020 no que ela espera que seja uma “caçada bem sucedida” para a vida extraterrestre no Planeta Vermelho. Em novembro passado, a agência espacial selecionou Jezero Crater como o ponto de pouso para o rover, onde se espera que ele aterre na superfície do planeta a 18 de fevereiro de 2021.
A Cratera Jezero, com cerca de 45 km de largura, fica na borda oeste de Isidis Planitia, uma bacia de impacto gigante ao norte do equador do planeta. A NASA observou que é o lar de algumas das “paisagens cientificamente mais interessantes que Marte tem para oferecer. Segundo o astrónomo, este local já foi o lar de um antigo delta de um rio, onde antigas moléculas orgânicas e outros sinais de vida microbiana podem ter sido armazenados há milhões de anos.
Jezero Crater foi escolhida entre mais de 60 locais
JUST IN: Jezero Crater will be the landing site of #NASA’s next rover being sent to Mars in 2020. This area, with a history of containing water, may have ancient organic molecules & other potential signs of microbial life from billions of years ago: https://t.co/AWLlrWNhxJ
— Jim Bridenstine (@JimBridenstine) November 19, 2018
Além da missão Mars 2020, cujo lançamento está previsto para um custo estimado de mais de 2 mil milhões de dólares, de acordo com a Space News, a Agência Espacial Europeia também irá colocar um rover em Marte. O rover ExoMars está programado para aterrar no Planeta Vermelho em março de 2021.
Green referiu que essas duas missões oferecem uma “oportunidade de encontrar vida”, acrescentando que “nunca perfuramos tão profundamente” no planeta.
Quando começamos o campo da astrobiologia nos anos 90, começamos a procurar vida extrema. Descemos em minas a 3 quilómetros de profundidade na Terra e se elas tinham água, então estavam cheias de vida. Fomos para lugares onde se pensa que nada poderia sobreviver, e estão cheios de vida. E o resultado final é que onde há água, há vida.
Concluiu Jim Green.
Leito de lago pode ter sido um dia próspero em vida marciana
Em junho de 2018, a NASA fez um anúncio impressionante. Nessa altura, observaram que o Curiosity rover “encontrou moléculas orgânicas em rochas de um antigo leito de lago”. As rochas têm milhares de milhões de anos de idade, disse a NASA, antes de acrescentar que não tinha encontrado vida no planeta.
Um estudo apresentado em agosto sugeriu que o Planeta Vermelho era suficientemente quente e húmido. Assim, é um ambiente propício a ter tempestades maciças e água corrente. Deste modo, este será um ambiente que pode ter sustentado a vida, entre 3 e 4 mil milhões de anos.