Análise Yakuza 0 (Playstation 4)
A popular série da SEGA, Yakuza, adorada por jogadores de todos os cantos do mundo, apesar da sua extrema conotação oriental, chega finalmente à Playstation 4 sobre a forma de relançamento de Yakuza 0, que surgiu originalmente na antecessora consola da Sony e com lançamento exclusivo por terras nipónicas.
Yakuza 0 é uma prequela, onde vamos controlar um jovem Kiryu Kazuma, protagonista da linha original da série, na época em que este era apenas um novato da famosa máfia japonesa, e Goro Majima, um antigo membro da Yakuza, agora gerente de um cabaret em Osaka.
Nos finais dos anos 80, num período em que a economia do Japão florescia a olhos vistos, muitas das organizações criminosas da cidade de Kamurocho viram no negócio imobiliário um esquema legitimo e de lucro fácil, na compra e revenda por preços exorbitantes de imoveis em pontos estratégicos da cidade. O nosso protagonista, Kiryu, é tido como principal suspeito num homicídio que ocorre justamente num destes pontos estratégicos, um loteamento vazio situado no centro da cidade, que por sinal é bastante cobiçado.
Devido às atenções indesejadas que pudessem recair sobre a Yakuza, Kiryu pede para ser expulso da organização, de forma a poder procurar o verdadeiro responsável do homicídio de que é acusado e assim limpar o seu nome.
A história de Yakuza 0 começa de forma simples, mas fica interessante rapidamente, com muitos mistérios por detrás do homicídio de que Kiryu é acusado, bem como do local onde este supostamente aconteceu. Quando finalmente Goro Majima entra em cena, a história - sem querer revelar muito, só fica ainda mais aliciante, quando este é incumbido de assassinar uma certa personagem. Apesar do bom nível da história principal, alguns dos plot twists são algo previsíveis, e algumas histórias secundárias tendem a ser um pouco irrelevantes. Num tom mais positivo, há que destacar o facto de muitos dos personagens com que interagimos não aparentarem ser o habitual NPC genérico, mas sim personagens com bastante detalhe, tanto a nível de feições e de diálogo, por vezes até mais que o próprio Kiryu ou Goro, o que só ajuda a enriquecer o universo do jogo.
“Apesar do bom nível da história principal, alguns dos plot twists são algo previsíveis, e algumas histórias secundárias tendem a ser um pouco irrelevantes.”
Yakuza 0 é um beat-em- up com alguns elementos de RPG, nomeadamente uma árvore de habilidades que podemos expandir com o dinheiro acumulado de missões ou de outras actividades. Aumentar os pontos de vida ou desbloquear novos ataques vão ser essenciais para alguns dos confrontos contra grupos de inimigos ou contra os boss’s, porque ao contrário do que acontece em alguns jogos, os inimigos não esperam à vez para vos atacar. Algumas das lutas possuem quick time events que proporcionam autênticos cenários de filmes japoneses, com movimentos quase a roçar o humanamente impossível, mas extremamente agradáveis de vivenciar.
Kiryu e Goro têm estilos de luta distintos, cada um com três classes diferentes. O Kiryu tem o estilo Brawler, que é o primeiro que temos disponível e mais balanceado em termos de força e velocidade, o outro é o estilo Rush, que privilegia a rapidez à força dos ataques, e por fim o estilo Beast, que é precisamente o contrário do Rush, dando mais ênfase ao poder físico que à rapidez. Goro por sua vez possui o estilo Thug, semelhante ao Brawler de Kiryu, sendo balanceado em termos de ataque e rapidez, mas com combos diferentes, outro estilo é o Breaker, onde Goro usa ataques rápidos e sucessivos, para concluir temos o estilo Slugger, onde vamos usar armas para destruir os adversários.
Entre missões e entre socos e pontapés existem outras actividades por explorar, como gerir o nosso próprio negócio para amealhar Yens rapidamente, ou então, e num tom mais relaxado, sair para dançar ou para sessões de Karaoke. As clássicas lojas com arcadas, onde podemos jogar jogos clássicos da SEGA, são também um ponto de paragem obrigatório, onde podem gastar os vossos Yens a tentar estabelecer novos high scores.
“Kiryu e Goro têm estilos de luta distintos, cada um com três classes diferentes.”
Yakuza 0 pode ser um jogo da geração passada, mas tem um aspecto claramente actual, a ajudar a isso o claro upgrade técnico dado ao jogo, onde agora corre a 1080p a uns fluídos e estáveis 60fps, independentemente do que se está a passar no ecrã. Todos os pequenos detalhes, como ornamentos na roupa ou detritos da rua, também ficaram com um aspecto mais realista, graças às texturas de alta resolução usadas nesta versão, mas onde realmente se nota a vantagem do seu uso é nas faces dos personagens.
Com este lançamento europeu não existem diferenças a nível sonoro, sendo que as vozes são exclusivamente em japonês, o que pode ser um ponto negativo para algumas pessoas, pessoalmente, a experiência só se torna mais autêntica ao usar as vozes originais.
Veredicto
Yakuza 0 é um excelente jogo, com muita acção e aventura, com uma história que entretêm e com bastantes actividades capazes de entreter o jogador durante horas. Como primeiro contacto da série, devo dizer que me deu um imenso gozo de explorar Kamurocho e todas as suas actividades, bem como conhecer mais sobre o submundo do crime organizado do Japão e toda a cultura envolvente.
Se sempre tiveram curiosidade por esta série, Yakuza 0 é um excelente ponto de partida, sendo que é uma prequela, a história é a ideal para começar e a jogabilidade intuitiva o suficiente para os amantes do género.
Este artigo tem mais de um ano
Como fã incondicional da série (já desde o primeiro), recomendo vivamente aos que ainda não experimentaram e principalmente aos amantes da cultura japonesa.
Tenho que concordar que algumas substories se tornam irrelevantes e um pouco repetitivas (Dança no Maharaja ou clube telefónico p.ex) mas no global, dão bastante mais longevidade ao jogo e não estranhem só acabarem a história principal com bem mais de 20 horas de jogo.
Pessoalmente, já vou nas 70 horas de jogo e ainda me falta fazer uma série de coisas, incluindo passar o jogo no modo Legend. Modo este que, ao contrário de Yakuzas anteriores, não permite transportar as habilidades que desbloqueamos no playthrough anterior, obrigando a começar do 0.
Destaque também para a dificuldade de obter a platina deste jogo, das mais difíceis e demoradas que vão encontrar.
Achas que dá para jogar este sem jogar os anteriores? Gostava de experimentar mas ter de começar os outros todos está fora de hipótese por agora. Isto tudo enquanto o Shenmue III nunca mais sai.
É uma prequela, penso que não terás qualquer problema.
Eu comecei no Yakuza 3, sem passar pelo 1 e 2. Série magnífica.
Fico muito contente por ver mais leitores do pplware fãs desta excelente saga! De todos os Yakuza, o Yakuza 3 é talvez ainda hoje o meu favorito em termos de história. Este 0 também está excelente mas o 3 tem qualquer coisa de especial 😉
Como o Ricardo referiu, o Yakuza 0 é uma prequela do Yakuza 1. Na minha opinião, teres jogado os anteriores ajuda a contextualizar a história do 0, mesmo sendo uma prequela. Consegues olhar para o início do Kiryu com outros olhos. Apesar disso, mesmo que comeces pelo Yakuza 0, vais ter uma boa experiência na mesma.
O Ricardo refere também que começou no Yakuza 3 mas há uma ligeira diferença. No Yakuza 3 tens uma opção no menu através da qual consegues ver as cutscenes do Yakuza 1 e 2, ajudando-te a perceber o background da história.
Resumindo, se não jogaste os anteriores, em vez de uma experiência a 100%, vais ter uma experiência a 95%. Continua a ser um excelente jogo, com uma excelente história e não vais perder quase nada. Aconselho vivamente a dares uma oportunidade 😉
Outra coisa, no verão sai o Yakuza Kiwami que é um remake da história do 1. Se acabares o 0, podes saltar logo para o Kiwami! E claro, ficamos a aguardar o grandioso Shenmue III.
Obrigado pelos comentários! Acho que vou mesmo dar uma oportunidade!
jogo cansativo e repetitivo não gosto