Primeiro voo rumo ao futuro
O primeiro avião movido a energia solar já levantou voo. Teve lugar na passada 4ªFeira, dia 7 de Março de 2010, na base militar de Payerne na zona ocidental da Suíça, o momento em que o “Solar Impulse” se lançou pela primeira vez ao ar e fez a sua viagem inaugural de 2 horas, ao som de "How do you feel/Like a Rolling Stone" dos Rollings Stones.
Pilotado pelo alemão Markus Scherdel, o avião atingiu os 1000 metros de altitude. Alimentado por energia solar, o avião consegue armazenar energia suficiente para funcionar voar a noite, se necessário. As suas asas estão equipadas com 12.000 células solares orgânicas, super-eficientes, para carregar as suas baterias de lítio de 400 Kgs, que alimentam os seus 4 motores eléctricos de 10 cavalos cada, de cada uma das suas 4 hélices.
O avião que em primeira análise, se trata dum planador, foi construído com recurso a fibra de vidro de carbono e tem uma largura de 63 metros, pesando 1600Kgs e atingindo os 70Km/hora. Tais dimensões sugerem que a sua envergadura é muito próxima dum avião comercial normal (Airbus A340).
O protótipo, apresentado anteriormente na Suíça em Junho, é já apontado como um "projecto bandeira" da Comissão Europeia no campo da sustentabilidade, e foi desenvolvido com o apoio da Agência Espacial Europeia e de uma equipa de 60 engenheiros, especialistas em aeronáutica e energia.
Para levantar voo, o “Solar Impulse” percorreu aproximadamente 1 km de pista, a uma velocidade constante de 45 km/hora, antes de se fazer aos céus. Os testes com o aparelho vêm, no entanto, a ser feitos já desde Dezembro do ano passado, nos quais a equipa tem vindo a realizar pequenos voos com 60 centímetros de altura no máximo e em extensões de aproximadamente 300 metros.
Bertrand Picard, o grande mentor do projecto afirma que irá prolongar os testes de voos a baixas altitudes nos próximos tempos, para que, à medida que a confiança for aumentando, também os testes possam ir aumentando quer em altitude quer em duração, estando previsto que em 2012, o possa usar para dar a volta ao Mundo a partir da Suíça.
Convém referir que o aventureiro suíço Bertrand Piccard (na companhia do britânico Brian Jones), já deu a volta ao mundo num balão de ar quente Breitling Orbiter, em 1999, querendo agora repetir o feito num avião que resulta do "sonho de dar a volta ao mundo sem utilizar combustível".
Segundo Picard, o "Solar Impulse" deverá realizar ainda este ano um primeiro voo nocturno e então, só a partir daí é que a equipa deverá começar a desenvolver um protótipo maior (para duas pessoas), que será usado na referida tentativa de dar a volta ao mundo, em 2012. Essa viagem em redor do globo terrestre prevê apenas uma escala em cada Continente para trocar de piloto.
"Teoricamente, o avião poderia fazer a viagem sem parar", diz Picard, para revelar, de seguida, que não é isso que irá acontecer. Picard vai parar cinco vezes: "apesar de o avião o poder fazer, seria demais para o piloto", explica.
Células solares orgânicas
O apoio representa a utilização das mais modernas tecnologias, não apenas de materiais mais leves e de aeronáutica, mas também das células solares orgânicas, mais leves e mais versáteis do que as tradicionais células foto voltaicas, feitas de silício. "Embora, no seu estado de desenvolvimento actual, o avião nunca seja capaz de levar muitos passageiros, nós acreditamos que o Solar Impulse possa chamar a atenção para tecnologias que possam tornar possível o desenvolvimento sustentável," afirmou Bertrand Piccard.
"É um momento muito importante depois de sete anos de trabalho", disse antes do lançamento André Borschberg, um dos directores do projecto.
Entretanto o avião deverá ser apresentado amanhã em Lisboa.
Segundo Mário branco, Director de Comunicação da Solvay Portugal, uma das companhias associadas ao Projecto, "É o primeiro avião que terá um piloto a bordo e será movido unicamente a energia solar", adiantando ainda, que a "grande ousadia" deste aparelho é conseguir voar durante dia e noite.
"O funcionamento deste avião depende da energia que armazenou durante o dia - uma vez que só voltará a carregar baterias a partir do momento em que o sol despontar - e a grande ousadia será, por exemplo, atravessar o Oceano Atlântico, uma travessia que demorará vários dias consecutivos e durante a qual não será possível aterrar", salientou.
Quando questionado sobre a condução do aparelho, este respondeu que sentiu “HB-SIA felt stable and controllable from the very beginning. All four engines worked extremely well during the whole flight and the solar plane showed climbing skills exceeding the expectations.”
Claude Nicollier, Leader of The Flight Test Team, o evento foi um “huge success. We reached all objectives, especially the safe landing, which was our main purpose.”
Pessoalmente, creio que o esta será uma das primeiras peças da aviação no futuro ... claro que ainda falta muito para desenvolver, pesquisar e testar, mas não deixo de pensar que é já um primeiro passo rumo a um céu mais límpido!
Download: Ficha Técnica do Solar Impulse
Homepage: Oficial
Homepage: Bertrand Piccard, mentor do Projecto
Este artigo tem mais de um ano
Seria fantástico haver uma evolução a este nível. Espero é que os grandes interesses das grandes companhias petrolíferas não se sobreponham uma vez mais…
isso só irá durar mais 100 anos
Posto muito bom, gostei do que estes engenheiros fizeram, só que há um problema, como foi dito: “O avião que em primeira análise, se trata dum planador, foi construído com recurso a fibra de vidro de carbono e tem uma largura de 63 metros, pesando 1600Kgs e atingindo os 70Km/hora. Tais dimensões sugerem que a sua envergadura é muito próxima dum avião comercial normal (Airbus A340).”, então isto era um planador, quase da envergadura de um comercial mas só que era movido a energia solar, se isto der certo e ele quiserem produzir um avião destes mas que leve pessoas, a envergadura vai ser 3 ou 4 vezes maior que esta que já tem, não falando no resto. Mas a ideia foi muito boa, mesmo eu nunca teria uma ideia dessas, bom trabalho. x)
Concordo. É uma iniciativa de vanguarda e de saudar sem dúvida; mas se é um planador para quê dizer que é um avião? Além disso é normal que a envergadura de um planador seja grande, a comparação com o Airbus não acrescenta muita coisa.
Atenção aos erros: “européia”, “suiça”
“Européia” –> “Europeia” Done … 😛
Quando ao ser um planador, na realidade não é … e os seus 4 motores atestam isso.
De qualquer forma acho que com o avançar da investigação, quer a nível de tecnologias, quer a nível de fuselagens e estruturas, se consiga resolver esse problema que realmente apontas, que é o seu tamanho … entre outros.
Certo, tens razão, é um avião, embora com uma estrutura que se aproxima do planador, suponho que não só para poupar energia mas também para melhorar a razão área/massa, parâmetro fulcral em qualquer veículo a energia solar.
Os primeiros aviões dos irmãos Wright eram o quê? Planadores?!
Não, isto é um avião. Um planador não tem motores.. se tiver é um e é só auxiliar. Este avião claro, tem uma grande envergadura de asa para o ajudar a planar, mas a propulsão é a hélice. A comparação com o airbus também não é desmedida, se virem os primeiros aviões levavam uma pessoa e mal descolavam do solo. É uma questão de desenvolvimento da eficiência dos painéis mas principalmente do rácio potencia/energia no armazenamento. O problema do armazenamento actual de energia em poucas palavras resume-se: Se a “bateria” consegue armazenar muita energia debita pouca potência. Se consegue debitar muita potência consegue armazenar pouca energia.
É um avião.
Tem 4 motores…não é um planador.
E o facto de ser tao grande deve-se ao facto de ter tantas celulas solares.
Com o avanço da tecnologia espera-se conseguir metodos mais eficientes para aproveitar energia solar visto que so conseguimos aproveitar uma parte muito pequena da energia que chega do sol.
How do you feel/Like a Rolling Stone é do Bob Dylan.
Timi, compreendo o que pretendes dizer, mas o que o artigo indica é que durante o voo experimental do avião a versão que que era ouvida era a “How Does It Deel/Like a Rooling Stone” cantada pelos próprios Rolling Stones.
Aliás essa musica está inclusive presente no seu álbum “Stripped” de 1995 (creio) conforme podes ver aqui:
http://www.rollingstones.com/discog/?v=&a=1&id=151
E já agora ficam ambos os vídeos (Bob e Stones), que merecem sempre a pena ouvir… 😛
https://www.youtube.com/watch?v=OD2hE2b2AVU
https://www.youtube.com/watch?v=Kbb7J2jrCVA
De resto e quanto ao artigo em si, penso que realmente isto pode ter o efeito bola de neve e um passo de gigante na direcção do futuro … mas, no entanto, penso que alguns obstáculos se irão levantar, desde os inevitáveis problemas tecnológicos, até a oposição por determinadas industrias que assim se podem sentir ameaçadas …
O futuro o dirá, mas penso que este é um salto, ou melhor um voo na direcção certa …
Correcção: O avião foi aos 1200 metros de altitude, eu vi-o pessoalmente.
Correcção: Não foi Ontem, mas na passada 4ª Feira
o Voo durou cerca de uma hora e meia
A Volta ao Mundo está prevista para 2013
Ainda este ano poderá haver voos de teste e alguns com escalas a Portugal (segundo a TSR)
mais detalhes: 20 minutes.ch – http://www.20min.ch/ro/news/vaud/story/18400338
Bruno, tens toda a razão …. o voo foi na 4ªFeira.
A noticia é que foi compilada na 5ªFeira, pelo que houve um lapso na correcção temporal da mesma.
Corrigida!
Obrigado!
E quais as impressões com que ficaste e das pessoas a presenciarem ao evento?
Estava relativamente longe, e no meu local de trabalho.
Mas sinceramente, é um Caracol dos ares, lol, sim lento e silencioso. Pena no meu trabalho ser proibido o uso de telemóvel, senão teria feito um pequeno vídeo ou umas fotos, mesmo que longe de uns 15 km de Payerne.
Mas podemos dizer que é um passo para o Futuro sem “Petróleo”.
Obrigado.
Se conseguem colocar um avião a energia solar, também se deve conseguir colocar um automóvel totalmente a energia solar perfeitamente funcional
Seria interessante.
Isso iria agitar um pouco as aguas … e as empresas petrolíferas (que supostamente apoiam as energias verdes) poder-se-iam sentir ameaçadas …
Isso seria o ideal, realmente … mas no entanto, não deixo de pensar que já existem inúmeras tecnologias verdes disponíveis que no entanto, por uma razão ou por outra não têm sido bem sucedidas …
Vá-se lá perceber porquê …
O problema é que num carro é necessário constantemente debitar potência. Isto é, tens subidas… resumindo, velocidade muito variável. Para-arranca, etc. Já neste caso do avião, é tudo num ambiente muito mais controlável… veja-se 70km/h constantes é muito pouco mais a preciosa ajuda da aerodinâmica sobra “pouco trabalho” para a “energia solar”. Neste momento há soluções engraçadas e interessantes para os carros, contudo estão pouco maturas e a precisar de menos entraves de interesses… Esta semana ainda veio um sr. eng. (minha área) dizer não estar contra as renováveis mas sim a favor do nuclear. Ora bem, fazendo uma incursão filosófica e profunda, não será um pequeno reactor nuclear responsável pelo desenvolvimento e manutenção da aviação.
Na verdade já existem soluções alternativas e “limpas” à disposição da Humanidade, o que acontece é que os grandes interesses económicos que regem a nossa civilização, tal como a conhecemos, são avessos a estas inovações e grandes obstáculos à prática do seu uso…ora pensem nos milhões e milhões que iriam perder!!!! Contudo seria um grande passo para a Humanidade que aviões e carros movidos à energia que o artigo refere se tornassem realidade, pelo menos, retardaríamos um pouco os efeitos que o aquecimentos global irão inevitavelmente provocar a curto prazo, mas que de certa forma já se começam a sentir….espero que estas demonstrações como est deixem de se apresentar tão timidamente e hajam grupos com suficiente visão para as concretizar no mais breve espaço de tempo.
Terei que dizer que não estou inteiramente de acordo com o que descreve, pelo menos no que respeita ao automóvel. A energia solar ainda não se encontra totalmente aproveitada.
Encontro-me neste momento a procura de casa e uma das directivas é estas terem painés solares para o aquecimento de águas. Mas a instalação dos painés solares não invalida a instalação de um esquentador para compensar nos dias com menos sol. Inclusivé alguns constructores já me deram a indicação que durante o inverno nem sempre o painel solar consegui debitar a energia necessária.
Concordo sim que muitas empresas têm interesses económicos, mas estou ciente que a energia alternativa não será de todo a solar. Cada vez mais temos duas estações verão e inverno onde cada uma é cada vez mais intensa. Desta forma e durante o tempo do inverno os paines solaris não serão de todo suficientes.
Acredito mais na energia nuclear que é uma energia limpa, o problema é mesmo o residuos radioactivos e a capacidade destructiva que esta tem caso algo corra mal.
A seguir vejo o hidrogénio, podemos obter o mesmo da água, no entanto não sei até que ponto é que a separação dos átomos é um processo simples e/ou seguro, provavelmente alguém pode dar uma ajuda.
Discordo Alexandre Alves…a energia nuclear pode-se considerar uma energia “limpa”,mas perigosíssima pelas razões que aponta. Se deseja uma alternativa de energia entre no link que lhe indico, que eu acho muito interessante:
http://www.selfenergy.eu/index.php?option=com_content&view=article&id=37&Itemid=98
Contudo acredito francamente que a Humanidade terá de recorrer a energias alternativas: ou eólica ou térmica….
É uma ideia interessante, mas estamos a falar de protótipos. Até este tipo de tecnologia poder ser aplicado no dia a dia ainda falta um longo caminho a percorrer. O grande problema deste tipo de tecnologia é a conversão de energia solar em eléctrica. Os melhores painéis fotovoltaicos são os monocristais de silício, produzidos em laboratório. Mesmo assim apresentam uma eficiência muito baixa, a rondar os 17%. Este tipo de painéis são caríssimos, não sendo comercializados. Em termos práticos significa que é necessário uma grande área de painel solar para retirar pequenas quantidades de energia eléctrica. Como se pode ver pelas imagens do avião a envergadura das asas quando comparadas com o resto do corpo do avião é bastante elevada, devida à área de painéis solares necessários. Por isso podemos imaginar o tamanho de asa necessário para que um avião actual (pessoas e carga) pudesse voar com esta tecnologia. Isso mesmo, seriam enooooooormes. 🙂 O argumento que este tamanho de asas é por causa de ser planador é errada. Qualquer avião antes de tudo tem que ser planador. Nenhum avião em caso de falha de motores cai a pique. Os motores/propulsores estão lá porque sem eles o avião/planador não arrancava nem conseguia ganhar altitude.
A utilização de energia solar só será viável quando se conseguir arranjar tecnologia de conversação de energia solar em eléctrica com rendimentos altos. Actualmente, em aplicações comerciais esta conversão ronda os 12% e obtém-se baixas intensidades. Em situação oposta encontra-se a utilização da energia solar para AQS (Águas Quentes Sanitárias) a qual faz todo o sentido e consegue-se rendimentos muito bons.
Abraço e bom fim-de-semana.
Espectacular!
Um grande passo rumo ao futuro!
Quanto à implementação desta tecnologia a larga escala, o rsl (comentário acima), disse tudo.
O futuro da aviação não passa pela conversão da energia solar em energia eléctrica directamente no avião em si. Julgo que o futuro serão as fuel cells, que armazenam hidrogénio. A energia solar terá um papel aí, mas em terra, a gerar electricidade para fazer a separação do Hidrogénio do Oxigénio, nas moléculas de água. Já que isto é um processo bastante dispendioso no que toca a electricidade.
As fuel cells permitem um desempenho dos motores bem acima dos motores de combustíveis fósseis.
Gostei… mas de facto ainda precisa de melhorar bastante… se os 70Km/h forem a velocidade máxima do aparelho.. bem.. dar a volta ao mundo seria no mínimo um tédio!
Acredito que esta “velocidade” venha a ser aumentada.. pra bem dos pilotos 😀
Para mim, acho que o futuro deveria ir na direcção dos motores magnéticos. Podem trabalhar dia e noite sem parar. Consumo de energia: 0.
e isso mesmo !!!!!
Magnetismo ao poder!!! 🙂
Gostaria de dar os parabéns a este fórum. Não costumo comentar nos fóruns por verificar que, na maioria das vezes, servem apenas como plataformas para o xenofobismo, sexismo, e a santa ignorância portuguesa. Este forúm é gerido de forma civilizada com conteúdos e contribuições relevantes. Excelente!
Tenho uma dúvida acerca de até que ponto será uma energia mais limpa, pois acredito que baterias de lítio de 400 Kgs tenham um grande impacto ambiental quando o tempo útil de vida do avião se esgotar.
De qualquer modo acredito que comparativamente aos aviões actualmente utilizados seja bem mais ecológico.
É só gastar dinherio nessas merd@s!
então continua a gastar dinheiro no petróleo, quando estiver a dez euros o litro, quero ver se dizes a mesma coisa.
Mesmo que não compres gasolina ou gasóleo, ao estares a usar o teu pc já és petróleo-dependente ou não pagas a conta da electricidade??
Dúvido que alguma vez vejamos aviões de passageiros baseados nesta tecnologia – mas isto não significa que esta notícia não mereça o seu destaque, dado que por um lado os resultados da investigação efectuada poderão tera aplicação noutras áreas: desde célilas fotovoltaicas mais eficientes, motores eléctricos mais eficientes, baterias mais eficazes, etc.
Todavia o próprio conceito é interessante para veículos não tripulados, que assim poderão estar em missão dias ou meses a fio, dado que deixam de estar dependentes de um combustível finito.
Boas, parabens a todos…mas já repararam quem patrocina esta iniciativa….Solvay.
Penso a todos para darem uma vista de olhos no business line da SOLVAY e pensem um pouco por que é que patrocinam uma iniciativa que vai contra os interesses da companhia…..voltamos á guerra de patentes e tecnologias controladas….pelo menos até se acabar o petroleo…