Análise Spirit Camera: The Cursed Memoir (Nintendo 3DS)
Lançada há pouco mais de 1 ano, a Nintendo 3DS cedo se veio revelar uma pequena caixinha de Pandora. Digo isto no bom sentido, pois a consola tridimensional da Nintendo, trouxe um conjunto de funcionalidade e potencialidades, que deixavam antever muitos e bons jogos. Aliás, características como o 3D, ou a possibilidade de uso das camaras frontais ou traseiras, e da presença dum osciloscópio (chamemos-lhe assim) incorporado, antecipavam mesmo alguns títulos inovadores e inesperados.
Enquanto que grande parte dos lançamentos se tem baseado no 3D, existem mesmo assim alguns exemplos de exploração do resto e é neste contexto que surge este Spirit Camera: The Cursed Memoir, um jogo de terror que não utiliza as capacidades acima descritas da consola da Nintendo, como dá uso a uma outra tecnologia muito em voga, hoje em dia … Realidade Aumentada.
Spirit Camera é um jogo, tal como o nome indica, de espíritos. No seu modo principal, Spirit Camera centra-se na história dum livro amaldiçoado e que nos transporta para uma mansão assombrada onde um qualquer ser Malévolo atormenta outros espíritos. Quando abrimos o livro pela primeira vez, somos transportados para essa casa e lá encontramos Maya, um outro espirito que nos vai acompanhar e ajudar na aventura, enquanto percebemos o que acontece na casa assombrada.
Gráficos: 7.5
Spirit Camera, apresenta dois momentos distintos. Primeiro quando estamos dentro do próprio jogo e nos encontramos na casa assombrada, onde encontramos Maya pela primeira vez, a atenção aos pormenores está muito boa. Depois quando a Realidade Aumentada toma conta das ocorrências e os fantasmas começam a aparecer do nada na nossa sala …
Permitam-me que lhes diga que o trabalho de texturação, quer de Maya, quer dos fantasmas está muito bom, e Maya é uma das fantasmas mais belas que já vi …
O uso do 3D e da Realidade Aumentada estão bem associados tanto no modo história, como nos mini-jogos que Spirit Camera nos apresenta mas apresenta uma limitação que mais a seguir iremos ver com atenção.
Som: 7.5
Qualquer jogo que aspire a ser um jogo de fantasmas e de terror, terá de ter uma panóplia de efeitos sonoros e faixas musicais à altura. Spirit Camera tem o que é necessário e consegue recriar sonoramente um ambiente que nos seria capaz de nos colocar os pelos dos braços em pé, houvessem todas as restantes condições para tal. (ver mais adiante)
As vozes dos principais personagens que entram na aventura, em inglês, estão bastante boas e ajudam a criar o enredo para a história mostrando doses certas de emotividade quando necessário.
Jogabilidade: 6.5
Creio que Spirit Camera é um daqueles jogos que tem tudo para ser um excelente jogo mas, que numa análise mais aprofundada acaba por ser vítima da sua ambição e de fatores terceiros.
Spirit Camera é um jogo de terror, certo? Portanto terá obrigatoriamente de conseguir criar um ambiente de grande pressão psicológica, de suspense, de iminente susto, correto? Sim assim deveria ser … e de certa forma consegue-o, a espaços.
Quando estamos a meio do jogo, e consoante já mencionei acima, temos localizações distintas. A primeira, quando estamos dentro do próprio, Spirit Camera consegue criar esse mesmo ambiente claustrofóbico, agora o problema acontece quando passamos para a nossa realidade (através da Realidade Aumentada).
E qual é o problema? O problema consiste precisamente no facto de, para se poder usufruir do sistema de Realidade Aumentada na Nintendo 3DS de forma conveniente, teremos de ter uma boa iluminação na zona onde estamos e, verdade seja dita, isso contraria um pouco a tentativa de causar um ambiente de terror.
O jogo consegue de forma irrepreensível colocar os fantasmas na nossa sala, ou na nossa cozinha… disso não há qualquer tipo de dúvida. A questão coloca-se apenas no sentido em que com tanta claridade ou iluminação necessária, nenhuma dessas aparições resulta num susto e nunca se chega a atingir um ambiente propício a um jogo de terror. É pena, pois este será talvez o principal ponto negro neste jogo, uma vez que tudo o resto funciona como deveria funcionar.
Colocando de parte o efeito castrador da luminosidade, a Realidade Aumentada é usada em Spirit Camera duma forma bastante conseguida. Seja no Modo História, ou nos mini-jogos o motor do jogo consegue criar bem os fantasmas em nosso redor. Apenas há um ou outro pormenor que acaba por ser um pouco deslocalizado, que é por exemplo, nos encontramos a um metro da parede e o jogo tenta colocar um fantasma entre nós e a parede mas como se estivesse a mais de 3 metros …
Contudo, é bastante divertido ouvir o gemido dum fantasma e tentar descobrir onde vai ser a sua próxima aparição e muitas vezes temos de andar pela casa fora à procura deles.
Durante o desenrolar da aventura vamos tendo necessidade de recorrer ao Livro das Faces com a camara da 3DS para variados mini-jogos que nos possibilitam descortinar quem é um determinado fantasma, ou avançar na história.
Basicamente o que é necessário fazer é apontar a câmara para determinada página, e esperar que o sistema identifique os pontos-chave que tem de encontrar, e depois a animação começa em cima dessa página. Para quem conhece minimamente o sistema de Realidade Aumentada, é o funcionamento típico e de forma bastante interactiva.
Um dos pontos fortes do jogo consiste no combate com os fantasmas. O sistema de combate é simples … primeiro tem de encontrar o fantasma e assim que o tivermos descortinado, apontando para ele surge um círculo amarelo em seu redor. Quando esse círculo passa para vermelho se premirmos o gatilho direito/esquerdo provocamos um ataque que lhe tira pontos de energia.
Se nós os atacamos também é verdade o contrário e quando estamos a ser atacados o ecrã fica vermelho pelo que temos de usar o gatilho para nos esquivarmos.
Uma das coisas que também irrita um pouco é a necessidade bastante recorrente de recalibrar o giroscópio. Para determinadas secções do jogo é necessário instruir ao jogo a localização do solo. Ora, há ocasiões em que essa necessidade se torna demasiado repetitiva.
No decorrer da aventura há ocasiões em que estamos dentro da própria casa assombrada e esse é um outro momento alto do jogo, pois o ecrã mostra-nos o interior da casa amaldiçoada tal e qual como se estivéssemos lá e quando queremos ver alguma coisa atrás ou do lado, temos de virar a câmara para tal.
Não quero que entendam com a nota atribuída que a jogabilidade está demasiadamente má ... apenas que o jogo sendo de terror supostamente deveria presentear-nos com fortes doses de sustos, ansiedade e afins ... e ... não o consegue.
Longevidade: 6.6
Além do Modo Principal do Jogo com o nome Project Zero: The Purple Diary, e que se acaba em menos de 4 horas, existem ainda dois outros modos de jogo bastante divertidos. Spirit Camera é um modo em que tiramos fotos a quem quisermos e depois o jogo revela qual o fantasma que a assombra. Cursed Pages funciona de forma semelhante a Spirit Camera mas recorre ao Livro de Realidade Aumentada para apresentar alguns mini-jogos divertidos.
É engraçado andar a tirar fotos aos amigos e familiares e depois ver o que os algoritmos de Realidade Aumentada conseguem descortinar em redor deles, mas perde um pouco a graça passado algum tempo.
Nota Final-6.7
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Se Spirit Camera não fosse um jogo de terror, certamente teria uma nota bastante melhor. O seu principal problema foi o de arriscar numa direção para a qual, as próprias restrições tecnologia envolvida aconselhavam a não fazer. No entanto, e em abono da verdade terá de ser dito que a ideia base do jogo, pode não ser inteiramente original mas é bastante boa. A tentativa de usar a Realidade Aumentada para trazer à vida fantasmas é uma ideia muito interessante e com muito potencial. O uso da 3DS e do seu giroscópio para simular que estamos dentro da casa assombrada também se encontra bem pensada e implementada. Apenas é de lamentar as dificuldades técnicas que impediram de gozar tudo isto na plenitude. Spirit Camera acaba por perder assim o seu principal intuito, pregar verdadeiros sustos.
Género: Horror Plataforma Analisada: Nintendo 3DS Homepage: Spirit Camera: The Cursed Memoir
Este artigo tem mais de um ano
Tirando a parte da claridade dar cabo do terror, parece que o jogo é bastante bom.
Estou a pensar em comprar uma Nintendo 3DS pelo Natal, mas não sei se hei de optar pela 3DS original ou pela 3DS XL.
Quer dizer, a 3DS XL é superior à original em tudo, mas a resolução dos ecrãs é a mesma dos ecrãs da original, e não sei se isso dá cabo dos jogos…
Enfim, esquecendo este off-topic, esta análise está muito boa e talvez este seja um dos jogos que irei comprar assim que tiver nas mãos uma 3DS.
É assim … o jogo está bom para quem o encare como uma aventura.
Em termos técnicos e em ideias encontra-se bastante original mas o grande propósito do jogo, de ser um jogo de terror ao mais belo estilo nipónico, falhou.
Quanto à compra da consola, creio que os preços andam agora pelos 200€ pela XL e menos 30€ pela normal, pelo que se os 30€ não forem demasiado importantes talvez seja uma boa compra.
O problema que indicas de poder apresentar quebra de resolução por ter um ecrã maior é válido, mas a diferença não será muito notória.
Os 30€ não farão muita diferença na hora de comprar (ou os 45, visto ter de comprar o carregador à parte…).
Eu é que tenho mãos grandes e gosto mais de usar o d-pad, então nunca me pareceu que a 3DS original fosse simpática para as minhas mãos.
Só estive a pensar se a melhor resolução da antiga 3DS valia a pena, contra a melhor ergonomia da 3DS XL.