Em que países é que a DeepSeek já foi proibida e porquê?
A DeepSeek deu-se a conhecer ao público há relativamente pouco tempo e a reação do mercado à sua chegada foi impressionante. Por vários motivos, a empresa de Inteligência Artificial (IA) já foi proibida em alguns países, esperando-se que outros adotem a mesma medida. Quais e porquê?
Após ter feito cair os preços das ações das empresas tecnológicas americanas, por ter afirmado que o seu modelo de IA era mais barato do que as alternativas dos seus concorrentes, a DeepSeek está a ser proibida em alguns países.
Numa reportagem, a Al Jazeera compilou os países em que a DeepSeek já foi proibida, bem como as medidas que estão a ser consideradas.
Que países já proibiram a DeepSeek?
#Itália
No dia 30 de janeiro, conforme informámos, a autoridade italiana para a proteção de dados anunciou que tinha ordenado "a limitação do tratamento dos dados dos utilizadores italianos" pela DeepSeek devido à falta de informações sobre como a empresa poderia utilizar os dados pessoais fornecidos pelos utilizadores.
#Taiwan
Na segunda-feira, Taiwan impediu os departamentos governamentais de utilizarem os programas da DeepSeek, alegando riscos de segurança.
#Austrália
Na terça-feira, o Governo australiano anunciou que bloqueou o acesso aos serviços da DeepSeek em todos os dispositivos do governo, alegando que a proibição se destinava a "proteger a segurança nacional e os interesses nacionais da Austrália", segundo os meios de comunicação australianos.
Esta proibição foi ordenada a todas as agências governamentais, numa declaração, assinada pelo secretário do Departamento de Assuntos Internos, e obrigava todas as entidades governamentais:
[...] impedir a utilização ou a instalação de produtos, aplicações e serviços Web da DeepSeek e, sempre que possível, remover todas as instances existentes de produtos, aplicações e serviços Web da DeepSeek de todos os sistemas e dispositivos do Governo australiano.
#Coreia do Sul
Na quarta-feira, um porta-voz do Ministério do Comércio, Indústria e Energia da Coreia do Sul anunciou que tinha proibido temporariamente a DeepSeek nos dispositivos dos funcionários, citando preocupações de segurança.
As autoridades disseram que o Governo sul-coreano tinha aconselhado os ministérios e agências a terem cuidado com a utilização de programas de IA em geral, incluindo o ChatGPT e DeepSeek.
Isto aconteceu depois de a Comissão de Proteção de Informações Pessoais de Seul ter anunciado, no dia 31 de janeiro, que iria enviar um pedido por escrito à DeepSeek para obter detalhes sobre como as informações pessoais dos utilizadores são geridas.
A Korea Hydro & Nuclear Power, gerida pelo Governo sul-coreano, disse que bloqueou a utilização de serviços de IA nos dispositivos dos seus trabalhadores, incluindo o da DeepSeek, no mês passado.
#Estados Unidos da América
Na quinta-feira, o The Wall Street Journal informou que os legisladores dos Estados Unidos estavam a planear apresentar um projeto de lei para bloquear a DeepSeek de dispositivos governamentais.
Antes disso, no dia 31 de janeiro, a NASA bloqueou a DeepSeek nos seus sistemas e nos dispositivos dos seus funcionários.
Uma semana antes, a Marinha dos Estados Unidos já havia avisado os seus membros, por e-mail, contra a utilização da DeepSeek devido a "potenciais preocupações éticas e de segurança associadas à origem e utilização do modelo", segundo a CNBC.
Proibições devem-se, geralmente, a questões de segurança nacional
Sem surpresas, a maioria dos países que bloqueiam os serviços da DeepSeek diz estar preocupada com os riscos de segurança que a empresa chinesa representa.
Conforme argumentam, as autoridades nacionais não dispõem de informações suficientes sobre como os dados pessoais dos utilizadores serão armazenados ou utilizados pela empresa.
Será a recolha de dados pela DeepSeek preocupante?
De acordo com a política de privacidade do ChatGPT, a OpenAI recolhe, também, informações pessoais, como o nome e as informações de contacto fornecidas durante o registo, informações sobre o dispositivo, como o endereço IP, e informações fornecidas ao chatbot "apenas durante o tempo necessário".
Estas informações podem ser partilhadas com as empresas parceiras da OpenAI.
De facto, segundo Eddy Borges-Rey, professor associado residente na Northwestern University, no Qatar, à Al Jazeera, "praticamente todas as grandes empresas tecnológicas - da Meta à Google e à OpenAI - exploram os dados dos utilizadores até certo ponto".
Utilizam os dados para publicidade direcionada, aperfeiçoamento de algoritmos e treino de IA. Muitas foram multadas ou investigadas por violações de privacidade, mas continuam a operar, porque as suas atividades estão de certa forma regulamentadas em jurisdições como a União Europeia e os Estados Unidos.
Esclareceu Eddy Borges-Rey, explicando que as aplicações ocidentais não são vistas como uma ameaça pelos governos ocidentais, pois "as empresas ocidentais são frequentemente vistas como problemáticas, mas passíveis de serem resolvidas através de regulamentação".
Em 2023, o ChatGPT suscitou preocupações por ter violado o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) da União Europeia, tendo sido temporariamente bloqueado, em Itália.
Por sua vez, plataformas chinesas como a DeepSeek são "tratadas de forma diferente pelo ocidente, porque são vistas como estando a operar sob a jurisdição do Governo chinês, que tem leis [como a Lei de Inteligência Nacional] que teoricamente permitem o acesso do Estado aos dados".
[Por este motivo,] os governos ocidentais receiam que os dados dos utilizadores recolhidos pelas plataformas chinesas possam ser utilizados para espionagem, operações de influência ou vigilância.
Se isto está a acontecer na prática é discutível, mas a mera possibilidade é suficiente para justificar proibições numa perspetiva de segurança nacional.
Fonte: Al Jazeera
Neste artigo: Deepseek
Onde é que está a malta da UE a dizer que “é por isso que a UE não anda para a frente?” xD
Até tremem como os chineses fazem mais com menos…
Aqui está a rodar localmente sem problemas.
Na verdade não fizeram mais com menos. Criaram um alarido para manipular o mercado.
Ah, “Segurança Nacional”, o termo mágico que resolve tudo sem precisar de explicação! Um verdadeiro coringa no baralho diplomático e geopolítico. Afinal, basta pronunciá-lo e – voilá! – qualquer decisão fica automaticamente justificada. Quer bloquear uma empresa (ex: Huawei)? Segurança Nacional. Quer proibir uma tecnologia (ex: DeepSeek)? Segurança Nacional. Quer barrar alho produzido na China, claro, Segurança Nacional. Quer barrar até um simples aplicativo (ex: Tik Tok)? Claro, Segurança Nacional de novo.
DeepSeek e o contexto global
De facto, a DeepSeek (seja lá qual for a razão específica para proibi-la) parece estar a seguir o mesmo “modus operandi” que vimos com o caso do 5G da Huawei. Os Estados Unidos levantam a bandeira da “Segurança Nacional”, e os outros países, especialmente os “acólitos” (ótimo termo, diga-se de passagem), alinham-se sem questionar. Afinal, quem ousaria desafiar o líder do mundo livre, não é?
E o mais fascinante é que nunca há necessidade de fornecer provas concretas. “Confia, é pela tua segurança” – é tudo o que precisamos ouvir. É claro que, em casos como o 5G, a narrativa foi recheada de acusações de espionagem, sem nunca apresentar evidências públicas sólidas. Mas hey, quem precisa de provas quando temos… adivinhe? Segurança Nacional!
Reflexão final
Nada de novo sob o sol, como bem disseste. A DeepSeek parece apenas ser mais uma peça de um jogo maior, onde a geopolítica dita as regras e a “Segurança Nacional” é a desculpa perfeita para consolidar poder e alinhar interesses. Afinal, quando os americanos decidem, os acólitos seguem religiosamente. É quase como assistir a uma coreografia bem ensaiada – previsível, mas ainda assim impressionante pelo nível de coordenação.
Caro Ivo, “acólito” é mesmo um óptimo termo mas saído dos seus dedos parece ser utilizado de modo pejorativo: uma condição negativa de subserviência cega ou algo parecido, se percebi bem o seu ponto de vista.
Mas o Ivo, dados os seus comentários… por sinal bastante extensos, emotivos e sempre em favor do mesmo lado, corre o sério risco de ser considerado precisamente um acólito… do Xi Jipingas. Com certeza não há-de querer que tal rótulo (que o próprio Ivo lançou a outros) regresse à proveniência (tipo bumerangue) e lhe seja colado a si… que vergonha seria! Por isso talvez lhe fosse conveniente fazer o mesmo tipo de exercício mas na direcção inversa, para compensar. (conselho de amigo)
Assuntos não lhe faltariam para criticar ou não fosse o grande líder que tanto defende:
– um ditador que controla e oprime a sua própria população com mãos de ferro (como ficou bem patente, até para os mais “distraídos”, durante a “crise” do covid),
– um expansionista que intimida militarmente os seus vizinhos na ânsia de aumentar o território para explorar os recursos que não lhe pertencem,
– um imperialista com o objectivo bem claro de espalhar o domínio do Partido Comunista Chinês (PCC) a nível global comprando mesmo dirigentes de países do 3.º mundo (perdão, subornando dirigentes de países em vias de desenvolvimento) para, mais uma vez, explorar até ao tutano e por tuta-e-meia os recursos dos seus países… só para dar uns poucos exemplos.
Mas facilmente e sem esforço encontraria mais assuntos como o controlo absoluto pelo PCC das empresas, o roubo de tecnologia ocidental, a promoção da indústria de contrafacção, o desrespeito pelos direitos humanos até mesmo daqueles que nós consideramos dos mais fundamentais, a opressão e perseguição de (crentes de) religiões minoritárias, o genocídio contra os uigures, a censura dos meios de comunicação e da Internet para que o pensamento único prevaleça, os campos de concentração eufemisticamente apelidados de reeducação… entre tantos outros periclitantes assuntos como ainda a espionagem e ataques informáticos por hackers ligados ao PCC.
Caro Ovni em bico,
Aprecio a sua preocupação em equilibrar as críticas, mas permita-me devolver-lhe o bumerangue com um toque de ironia e alguma reflexão.
Ponto 1: “Acólitos” e a segurança nacional
Realmente, “acólito” pode soar pejorativo, mas, convenhamos, não é exatamente injusto quando vemos uma coreografia tão bem ensaiada e sincronizada. Afinal, o conceito de “Segurança Nacional” tornou-se uma espécie de “passe-partout” diplomático, que justifica tudo, desde barrar empresas até espiar cidadãos. Curioso, não é? Até porque, enquanto acusações são feitas ao Partido Comunista Chinês (PCC), esquecemos que a democracia ocidental também tem as suas “pérolas”. Por exemplo, não foi o serviço secreto britânico que exigiu/obrigou recentemente que a Apple abrisse a “porta traseira” dos seus sistemas para facilitar a vigilância? Mas claro, isso tudo é em nome da nossa segurança nacional, certo? Nada como ser espiado com o selo de “democracia”!
Ponto 2: Direitos humanos e coerência
Falando em coerência, apreciei a sua lista de acusações ao “grande líder”. É uma pena que o mesmo zelo não se aplique aos aliados ocidentais. Por exemplo:
A opressão de minorias é um tema importante, mas será que podemos esquecer o tratamento dado a refugiados em alguns países da UE ou as condições nas prisões privadas e secretas americanas?
O expansionismo militar… ah, claro! Mas será que as invasões do Iraque e Afeganistão, ou o apoio a golpes em países da América Latina, não contam para essa categoria? E, que tal, a “tentativa” da apropriação da Gronelândia? Tornar Canadá como o 51º estado dos Americanos? Ou será que só é expansionismo quando vem de “outro lado”?
Ponto 3: Espionagem e tecnologia
Quanto ao “roubo de tecnologia”, é um tema interessante. Mas deixe-me perguntar: será que o programa de vigilância mundial (revelado por Edward Snowden) foi um caso isolado? Ou talvez o facto de aliados como Alemanha e França terem sido espionados pelos EUA seja algo a ignorar porque, novamente, é “pela nossa segurança”? Os líderes Franceses e Alemães até tiveram medo para confrontar o facto. Talvez seja mais fácil criticar o outro lado enquanto fechamos os olhos para as práticas de casa.
Ponto 4: Contrafação e capitalismo global
Quanto à contrafação, é sempre bom lembrar que as empresas ocidentais migraram as suas fábricas para a China em busca de mão de obra barata e lucros maiores. Então, será que a contrafação não é também uma consequência direta desse sistema global que o Ocidente ajudou a criar? Afinal, quem quer pagar preços justos quando pode explorar e depois culpar quem produziu?
Reflexão final
Caro Ovni em bico, críticas são sempre bem-vindas e necessárias – mas, como sugere no seu próprio comentário, a coerência é fundamental. Talvez valha a pena fazer o exercício na direção inversa, como diz, e avaliar se os “líderes do mundo livre” são realmente tão inocentes assim. Afinal, a “Segurança Nacional” parece ser um conceito mágico que funciona tanto no Oriente quanto no Ocidente, não acha?
Ah, e só para concluir: será que a Apple vai ceder ao pedido do serviço secreto inglês? Afinal, quem precisa de privacidade quando temos democracias tão bem-intencionadas para nos proteger a segurança nacional?
E a IA dos States também não oferece o mesmo perigo á Segurança Nacional desses países. Fiem-se na Virgem e não corram.
Prefiro ser espiado pelos americanos.
Cá em casa evita-se tudo o que é produto chinoca.