Telemóveis minimalistas parecem ótimos, mas têm de ultrapassar alguns problemas…
Os telemóveis minimalistas estão a ganhar popularidade, com o Minimal Phone MP01 a ser o mais recente exemplo desta tendência. Embora a ideia de utilizar estes dispositivos para combater a dependência dos smartphones seja atraente, a transição para algo deste género ainda não se afigura como uma opção viável.
1. Telemóveis minimalistas carecem de bom hardware e experiência de utilização
Um grande desincentivo relativamente aos telemóveis minimalistas é a qualidade do hardware e a experiência de utilização que proporcionam. O hardware destes dispositivos tende a ser de qualidade inferior, o que leva a questionar se estes telemóveis interpretam corretamente o conceito de simplicidade.
Sim, há quem procure um telemóvel simples, mas isso não significa que deva recorrer a componentes obsoletos ou de fraca qualidade.
O Light Phone III, por exemplo, vem equipado com um pequeno ecrã OLED mate de 3,92 polegadas. O Minimal Phone e o Mudita Kompakt apresentam painéis ligeiramente maiores, de 4,3 polegadas, mas utilizam um ecrã de papel eletrónico (e-paper), o que não é ideal para um smartphone moderno.
A câmara fotográfica é outro ponto negativo. O Minimal Phone possui uma única câmara traseira de 16MP, descrita pela WIRED como "abismal". A câmara do Light Phone III também não corresponde aos padrões atuais, e este cenário repete-se na maioria dos modelos. Pior ainda, o sensor de impressões digitais do Light Phone III ainda não está funcional.
Surgiram também queixas sobre o Minimal Phone sofrer de um constante efeito fantasma no ecrã, para além de ter sido concebido com um chassis de plástico de baixo custo.
2. Relação custo-benefício desfavorável
No que diz respeito ao preço, o Light Phone III é das opções mais dispendiosas: 600 dólares. O Mudita Kompakt e o Bigme HiBreak Pro custam, cada um, 439 dólares, enquanto o Minimal Phone se fica pelos 400 dólares.
Estes dispositivos não são baratos, especialmente quando se considera a sua proposta de valor. Qualquer valor acima dos 400 dólares enquadra-se no segmento de smartphones de gama média, onde normalmente se obtém muito mais em termos de desempenho, qualidade de construção e funcionalidades. Mas não é o caso aqui.
Para contextualizar, tomemos o Nothing CMF Phone 2 Pro como exemplo. Custa aproximadamente 280 dólares e oferece muito mais, incluindo um painel AMOLED de 120Hz, um processador Mediatek Dimensity 7300 Pro, uma configuração de câmara traseira tripla, entre outras características.
Quando se comparam os telemóveis minimalistas com smartphones convencionais de preço semelhante, estes oferecem uma fraca relação custo-benefício. Embora a filosofia minimalista seja apelativa, é difícil justificar o pagamento de um valor premium por aquilo que parece ser um retrocesso.
3. Incompatibilidade com as exigências do quotidiano
Por mais idealistas que os telemóveis minimalistas pareçam, colidem frequentemente com as exigências da vida moderna.
A maioria dos atuais modelos minimalistas leva o conceito demasiado longe, eliminando até aplicações essenciais como as de serviços bancários, autenticadores, gestores de palavras-passe, transporte partilhado e mensagens. Estas apps são necessárias para o dia a dia de muitas pessoas.
Tais compromissos significam que, mesmo que investisse num telemóvel minimalista, necessitaria de um segundo dispositivo, mais capaz, para conseguir gerir o seu dia, o que anula por completo o propósito inicial.
É de apreciar a ideia por detrás dos telemóveis minimalistas. Contudo, no momento atual, estes dispositivos apresentam compromissos significativos que os tornam pouco atraentes para o quotidiano. Sacrificam a qualidade do hardware enquanto cobram um valor premium, oferecem funcionalidades limitadas e são para impraticáveis uma utilização diária.
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Se a ideia é ser minimalista, devia ser sempre com preço inferior a 100€.
O que é que minimalismo tem a ver com preço? Claramente não conheces o conceito
o preço tem a ver com o funcionar como deve ser..tb não deves conhecer o conceito
ou seja, um manual sobre como estragar uma excelente ideia/produto