Copernicus: 2024 será o ano mais quente de sempre? É provável

Zé says:

O ano tem 365 ou 366 dias. Ou, para ser mais preciso, 365.242199 dias.
O facto de acharmos que num determinado momento ou num determinado local está menos calor não quer dizer nada. Se, por exemplo, parecer menos calor em algumas zonas do litoral, em algumas zonas do interior têm sido batidos recordes de temperatura. Aliás, o facto de estar (possivelmente) mais vento no litoral, poderá ter a ver com alteração de padrões climáticos.
Por outro lado, temos tido, em média, invernos com temperaturas mais elevadas também.
Nada como olhar para os dados com temperatura do ar, temperatura da água do mar entre muitos outros dados que facilmente estão disponíveis em entidades oficiais e não oficiais, devidamente acreditadas e independentes. Outros, podemos nós facilmente aceder ou até medir em casa.
Quanto às causas, acho que é mais que sabido que o clima do planeta é dinâmico e vai alterando-se ao longo dos anos. O que não é normal, é a velocidade com que o mesmo está a mudar. Sabemos bem as causas mas parece que à vezes fechamos os olhos. Independentemente do clima, os combustíveis fósseis (que serão uma das ditas principais causas) são bastante poluentes, não só em CO/CO2, mas também em muitos outros componentes. Não vou dizer que as alternativas que o mercado tem são 100% limpas, mas parece-me que, devidamente utilizadas, podem ser melhores. Se calhar não são porque dá mais lucro fazer as coisas assim. Também sabemos que, por exemplo, a industria do petróleo representa uma gigantesca fatia financeira e de interesses económicos à escala mundial. Entre muitas coisas, detêm muita da tecnologia de baterias que existe hoje em dia. Gastam milhões e milhões em publicidade e marketing. E gastam milhões em coisas realmente manhosas como, por exemplo, aquando do enorme acidente com uma plataforma de petróleo ao largo dos EUA, a BP andou a comprar “keywords” de pesquisa no google para que as pessoas que fossem procurar sobre determinados assuntos fossem ler o que lhes interessava.
Mas temos dados muito concretos sobre a ação humana no clima.

Agora, independentemente das causas serem ou não 100% responsabilidade humana… é quase que irrelevante. Temos de amenizar os riscos e os problemas que iremos ter a seguir. Por exemplo, é normal a pintura de um carro degradar com o tempo. Não é culpa humana, “apenas” do meio ambiente. Mas podemos, por exemplo, guardar o carro abrigado do sol sempre que possível, das chuvas intensas, não estacionar porte do mar etc…. De vez em quando lavar com cera protetora, blah, blah, blah. Podemos e devemos fazer alguma coisa em vez de cuspir para o ar e dizer que é tudo uma conspiração. Começa em cada um de nós.

No aumento desmesurado de CO2 na atmosfera. Aliás, existe um plano para “revitalizar” a atmosfera do planeta Marte utilizando exatamente os mesmos padrões de aumento de CO2 que estamos a viver no nosso planeta. O expectável é que o aumento gradual do CO2 na atmosfera de Marta faça “engrossar” a atmosfera e, com ajuda do efeito de estufa aumentar a temperatura e tornar o planeta habitável.
Estamos a despejar quantidades consideráveis de CO2 na atmosfera (principalmente proveniente de combustíveis fósseis) e, ao mesmo tempo, a reduzir a capacidade de absorção do mesmo pela flora terrestre e marinha. E está amplamente estudado o que o aumento do CO2 na atmosfera causa. Até podemos testar isso em casa. É fácil de encontrar a informação necessária. Não é uma questão de acreditar é uma questão de arregaçar as mangas e provar ou refutar. Ainda temos essa capacidade.

Na redução drástica da camada de ozono no passado. Camada de ozono essa que, depois de muitas medidas assertivas e com impacto ambiental, mostra sinais de alguma recuperação. Aqui conseguimos, com um esforço de todos e à escala mundial, amenizar e até recuperar na qualidade ambiental.

Na contaminação do meio ambiente, animais e pessoas com chumbo, no caso dos combustíveis com chumbo. Existe uma enorme panóplia de doenças cujo aumento na sua incidência está diretamente ligado aos combustíveis com chumbo. E cuja redução posterior está diretamente ligada ao fim do uso do chumbo. A própria indústria petrolífera e os governos sabiam do mal do chumbo. O primeiro estudo cientifico a correlacionar o chumbo nos combustíveis com problemas de saúde foi publicado em 1969. E andámos quase mais 30 anos para acabar com o chumbo na gasolina. E não só na gasolina, com nas tintas, por exemplo. A tinta com chumbo é proibida por todo o mundo desde os anos 70 (nos EUA, na UE foi tarde, creio). Mas já no tempo dos antigos romanos havia ligações entre doenças e chumbo. Claro que, como hoje acontece, em vez de tentar resolver o problema, desacreditava-se quem tentava falar no assunto.

E posso dar outros exemplos de coisas “fantásticas” e 100% seguras durante anos e anos. E afinal…. Coisas como o amianto, o teflon a lâ de vidro… enfim. Nada disto fazia mal nenhum. Todas as tecnologias têm coisas boas e coisas más. Devemos escolher as que melhor nos servem hoje, mas também no (e para o) futuro. Já dizia um sábio artista “É sempre mais fácil empurrar com a barriga e deixar o abacaxi para os netos, mas enquanto o mundo continua parolando, o termômetro e a água, vão subindo.” A questão é que o mundo é global. E cada vez mais. A população tem crescido muito e há cada vez maior pressão nos recursos e no meio ambiente.