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Seguradoras do Reino Unido admitem temer a chegada dos carros chineses. Porquê?

A escassez de peças e a falta de assistência técnica estão a deixar as seguradoras sobressaltadas, relativamente aos carros chineses que deverão chegar, em breve, ao Reino Unido.


De acordo com um exclusivo, foram identificadas graves deficiências no nível de assistência técnica e de peças para as novas marcas chinesas de automóveis, no Reino Unido, tornando quase impossível associar-lhes um seguro.

O BYD Seal, por exemplo, trata-se de um novo modelo chinês difícil de cobrir, com muito poucas companhias de seguros preparadas para o subscrever.

Pesquisámos num dos principais sites de comparação de preços e só nos foram oferecidas três cotações muito elevadas, em comparação com as dezenas de cotações competitivas que seriam de esperar para um concorrente convencional.

Escreveu Chris Rosamond, do AutoExpress.

Consciente deste problema, a BYD organizou um evento para as seguradoras, por forma apresentar a sua estratégia de peças e reparações no Reino Unido.

Segundo um porta-voz da fabricante, “estamos a levar este assunto muito a sério e a trabalhar com as partes relevantes, incluindo a Thatcham Research [uma empresa de informação sobre riscos do mercado automóvel financiada pela indústria seguradora], para encontrar uma solução a longo prazo”.

Não há, fundamentalmente, nada de errado com os carros que estão a fabricar. São bons produtos. A BYD é a maior fabricante de baterias do mundo, a maior fabricante de painéis solares do mundo e produz metade dos iPads do mundo.

Disse Ben Townsend, diretor do setor automóvel da Thatcham Research, explicando que o problema está na falta de conhecimento das fabricantes sobre o funcionamento do mercado britânico de reparação e seguros.

Conforme partilhado por Martyn Rowley, diretor-executivo da National Body Repair Association, houve oficinas a dar o Ora 03 da GWM “como perdido por razões estúpidas, por algo que passaria a voar, se fosse um Ford ou um Vauxhall”.

Infelizmente, não é possível obter peças; não estão disponíveis para esse veículo, o que considero ridículo, tendo em conta que se trata de negócios de vários milhões de libras.

Ao AutoExpress, também a GWM respondeu estar ciente do problema, assegurando ter um departamento de peças que trabalha com equipas na Europa e na China, de modo a garantir uma boa disponibilidade de peças.

Estamos cientes de que alguns dos nossos clientes estão a reportar opções de seguro restritas neste momento. Tomámos uma série de medidas para melhorar esta situação e esperamos que as opções de seguro para os consumidores melhorem muito em breve.

Além disso, sugere que a falta de familiaridade com uma marca nova no mercado pode levar a “falhas de comunicação com terceiros” que podem, por sua vez, exagerar os prazos de entrega das peças.

 

Seguradoras temem a lacuna de informação

O seguro automóvel do Reino Unido baseia-se na premissa de que os danos devem ser reparados de acordo com uma norma aprovada pela fabricante. Contudo, para muitos modelos chineses, não existe informação relevante sobre “como fazer” a reparação, porque o mercado interno chinês não precisa dela.

Reparar toda a parte lateral da carroçaria de um automóvel é normal na China; se houver um impacto lateral, eles reparam toda a parte lateral da carroçaria, porque a mão de obra é muito barata.

Por isso, fornecem informações para fazer uma reparação do lado da carroçaria numa oficina do Reino Unido. No entanto, aqui, uma reparação do lado da carroçaria acabaria por abater o carro, porque o custo da mão de obra torna-a inviável.

Explicou Townsend.

O executivo deixou, ainda, uma mensagem, apelando a que as organizações chinesas não se limitem a levar um automóvel para o mercado britânico, mas pensem e ponderem se podem efetivamente vendê-lo.

Venham falar connosco, compreendam o mercado, compreendam os passos que têm de dar para que, quando o trouxerem para o mercado, tenham a logística certa. Dispomos de uma rede de reparação independente que pode apoiar o vosso veículo e torná-lo sustentável no mercado, reduzindo o custo total de propriedade e garantindo aos consumidores a escolha que merecem.

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