Temos conhecido reticências à entrada na Europa dos carros elétricos oriundos da China, por parte de fabricantes e, também, governos. Apesar disso, e de aparentemente não quererem os modelos chineses a pressionar o mercado, os países europeus competem para albergar as fábricas chinesas de veículos elétricos.
Conforme enumerado pelo Automotive News Europe, há vários países europeus muito perto de serem casa de fábricas chinesas de veículos elétricos:
- A Hungria assegurou um investimento numa fábrica da BYD no ano passado e está a negociar com a Great Wall Motor;
- Espanha garantiu o investimento da Chery;
- Itália está em conversações com várias fabricantes, nomeadamente, a Dongfeng.
Conforme vimos aqui, após larga investigação devido a potenciais apoios estatais da China às fabricantes do país e à suposta concorrência desleal, a União Europeia (UE) decidiu que vai impor taxas adicionais de até 38% sobre os carros elétricos fabricados no país asiático.
Apesar de os governos europeus se mostrarem preocupados com o facto de os veículos elétricos chineses inundarem o mercado, a verdade é que estão, ao mesmo tempo, a competir por uma parte do investimento que os novos concorrentes trazem.
Embora os custos de produção para as fabricantes chinesas sejam mais baixos no seu país, as empresas querem estabelecer-se na Europa, por forma a cimentarem o seu nome, por cá, poupando nos custos de transporte e livrando-se das taxas, de acordo com Gianluca Di Loreto, sócio da empresa de consultoria Bain & Company.
As fabricantes de automóveis chinesas sabem que os seus carros têm de ser vistos como europeus se quiserem despertar o interesse dos clientes europeus. Isto significa produzir na Europa.
Conforme menciona o Automotive News Europe, os governos da UE estão, portanto, a oferecer os seus próprios incentivos, no sentido de atrair as fabricantes de automóveis chinesas que querem construir fábricas na Europa para os seus países.
As marcas chinesas na Europa
As vendas de automóveis de marca chinesa representaram 4% do mercado europeu no ano passado e prevê-se que atinjam 7% até 2028, segundo a empresa de consultoria AlixPartners.
A Hungria, por exemplo, que produziu cerca de 500.000 veículos em 2023, assegurou o primeiro investimento numa fábrica europeia por parte de uma fabricante de automóveis chinesa, anunciado no ano passado pela BYD, que também está a considerar uma segunda fábrica na Europa em 2025.
O país europeu está, ainda, a negociar com a Great Wall Motor a construção da sua primeira fábrica na Europa, segundo os meios de comunicação social locais. Para reforçar a sua vontade, o país está a oferecer dinheiro para a criação de postos de trabalho, reduções fiscais e regulamentação menos rígida em zonas específicas.
Recorde-se que, além da BYD e da Great Wall Motors, também a chinesa Leapmotor conseguiu uma parceria com a ocidental Stellantis. A chinesa utilizará a capacidade existente da Stellantis, tendo a Reuters noticiado que as duas empresas escolheram a fábrica de Tychy, na Polónia, como base de produção.
Além destas, também estão envolvidos em potenciais parcerias com fabricantes chinesas os seguintes países: Espanha, Itália e Alemanha.