A União Europeia (UE) não está a desleixar-se dos objetivos de sustentabilidade e as novas medidas aprovadas através da Euro 7 são a prova disso. Essas medidas têm mostrado, por sua vez, que não é possível agradar a gregos e a troianos: as fabricantes europeias não estão contentes com a pressa no incentivo aos carros elétricos.
A UE obriga, desde 1992, as fabricantes a respeitarem uma série de medidas, definidas por uma norma de emissões. Ao longo dos anos, esses critérios foram estreitando, tornando-se mais rigorosos e forçando as empresas a aprimorar, de forma constante, os seus meios para controlo de emissões.
A mais recente atualização chegará em breve, através da norma Euro 7, e as fabricantes não se têm acanhado a apontar o dedo da insatisfação. Segundo a ACEA (Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis), algumas mudanças exigem respostas a questões “novas” que levantam “sérios problemas de engenharia”.
Além disso, para a associação, o calendário definido pela UE para a implementação da norma é “irrealista”, uma vez que “representa um reforço significativo dos critérios atualizados em 2017 e depois em 2020 com a norma Euro 6d”, não sendo uma “simples extensão da norma Euro 6, lançada em 2014”.
Associação europeia que representa as fabricantes quer medidas da norma Euro 7 menos imediatas
A ACEA, liderada desde o dia 1 de janeiro de 2023 por Luca de Meo, o CEO do grupo Renault, quer sensibilizar as autoridades públicas para os desafios que esta norma europeia representa e, por isso, publicou uma série de recomendações.
Uma dessas envolve a sugestão de um período de três anos para implementar a norma Euro 7, a partir do momento em que as suas especificações forem conhecidas. Afinal, a associação considera que o tempo é insuficiente “para desenvolver, conceber, testar e aprovar todos os modelos e variantes de veículos com motor de combustão interna e veículos elétricos abrangidos pela norma”.
A par disto, recordou que “quanto mais curto for o prazo, mais elevado será o custo atribuído aos veículos, devido à capacidade limitada dos fornecedores a curto prazo”, resultando num aumento significativo dos preços finais e numa obrigação, pelos consumidores, a manter os seus veículos com motor de combustão por mais tempo.
Depois, segundo o L’Argus, a ACEA argumenta que, uma vez que os testes rodoviários previstos na Euro 6 já permitem a medição das emissões em 95% das situações de condução, o alargamento desta cobertura na Euro 7 irá complicar o processo e não irá resultar em qualquer benefício ambiental real.
A norma Euro 7 também prevê a monitorização a bordo, 24 horas por dia, 7 dias por semana, das emissões dos veículos e dos dados técnicos. A associação acredita que a monitorização a bordo (OBM) “não é apropriada” e que já existem outras ferramentas.
Isto exigiria novos sensores que não estão disponíveis ou que têm capacidade e vida útil limitadas.
Relativamente ao tratamento das partículas dos pneus e dos travões, a ACEA acredita que estes controlos só podem ser postos em prática com as fabricantes envolvidas e quando o protocolo for conhecido e definido.
A data de 1 de julho de 2025 não permitirá que as fabricantes e os fornecedores realizem todos os aperfeiçoamentos técnicos necessários.
A par da associação europeia e de outros executivos, o CEO do grupo Stellantis também deu, como é habitual, o seu parecer e partilhou que considera a Euro 7 “inútil, cara e sem qualquer benefício” para o ambiente e para os consumidores. Assim como já vimos aqui, o executivo acredita que as medidas irão favorecer as fabricantes chinesas, bem como os seus modelos elétricos.