Os servidores e centros de dados tornaram-se enormes consumidores de água, criando um paradoxo que coloca as próprias gigantes tecnológicas num dilema. Mas a Microsoft parece ter encontrado uma solução.
O problema não se limita apenas ao consumo de água
A quantidade de energia necessária para manter estas infraestruturas operacionais é igualmente colossal, levando empresas como a Microsoft, a Google e a Amazon a considerar a energia nuclear como uma fonte viável para alimentar as suas necessidades.
O calor gerado pelos processadores é um dos maiores desafios nos centros de dados, o que torna a refrigeração líquida essencial. Embora seja comum em sistemas de menor escala, como computadores pessoais, a sua implementação em centros de dados é feita a uma escala gigantesca.
Algumas soluções em estudo incluem submergir servidores em líquidos especializados ou instalá-los diretamente no fundo do oceano para aproveitar as baixas temperaturas naturais.
No entanto, o consumo de água é de tal forma elevado que já gerou bloqueios a novos projetos. Por exemplo, a Google viu-se impedida de construir um centro de dados no Chile devido à quantidade de água necessária – cerca de 7,6 milhões de litros de água potável por dia.
A Microsoft, uma das maiores empresas neste setor, tem vindo a explorar formas de otimizar a refrigeração dos seus servidores. Uma das suas experiências mais arrojadas ocorreu num centro Azure em Washington, onde servidores foram submersos em tanques com um líquido que se mantinha a ferver a uma temperatura constante.
Agora, a empresa apresenta uma solução mais sustentável: um redesign completo das instalações de servidores para utilizar um sistema de refrigeração líquida baseado num circuito fechado.
Com este sistema, a água é utilizada apenas uma vez durante a construção do centro de dados e circula continuamente entre os servidores para dissipar o calor.
Atualmente, cada centro de dados da Microsoft consome cerca de 125 milhões de litros de água por ano, um valor que a empresa pretende reduzir com os novos sistemas. Entre 2021 e 2023, a Microsoft conseguiu melhorar significativamente a eficiência dos seus centros de dados, reduzindo o consumo de água de 0,49 litros por quilowatt-hora para 0,30 litros – uma melhoria de 39%.
Objetivo é atingir um consumo nulo de água doce após a implementação do sistema
Os primeiros testes deste novo design irão decorrer em locais como Phoenix (Arizona), Wisconsin e Mount Pleasant, e os resultados deverão estar disponíveis em 2027.
E a Microsoft não está sozinha nesta missão. Outras empresas tecnológicas, como a Lenovo, também estão a trabalhar para reduzir o consumo de água e energia.
No centro de investigação da Lenovo na Carolina do Norte, por exemplo, estão a ser desenvolvidas soluções que reutilizam a água quente gerada pelos servidores para aquecer edifícios e piscinas.
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