Análise Sorcery (Playstation 3)
Com vários anos de existência entre nós, o Playstation Move pode-se gabar de já ter um vasto leque de títulos no seu catálogo de videojogos. No entanto, uma das principais criticas que lhe têm sido atribuídas (e ao seu mais próximo concorrente de outra marca) tem sido a falta de lançamentos mais virados para o jogo hardcore.
A grande maior parte dos jogos lançados para o Move tem assim recaído sobre jogabilidades mais simples, direcionadas para sessões de jogo divertidas, em família ou amigos e sem grandes doses de exigência.
É neste contexto que foi lançado Sorcery, um jogo que usa do PS Move como poucos outros o usam, varinha mágica, e que tenta levar-nos a um mundo de fantasia e magia.
A história de Sorcery é simples e, sinceramente, para o tipo de jogo que é, mais não é necessário. O jogo começa com o nosso personagem Finn, um aprendiz de feiticeiro, e a sua colega de aventura, uma gata (gata???) de nome Erline, a investigarem o que se passa de errado com o reino onde vivem. Acontece que está sob ataque duma feiticeira malvada, a Rainha dos Pesadelos e os nossos amigos terão de arranjar forma de o salvar.
Gráficos: 7.7
Sorcery apresenta um grafismo algo cartoonesco mas bastante agradável ao olho. Com diversos cenários bem construídos e diversificados, desde masmorras a florestas, não falta cor nem alegria. Não esquecer que este jogo aponta essencialmente aos mais novos e daí uma palette de cores mais vivas e utilização de gráficos tipo desenho animado.
Sendo um jogo de magia será de esperar que hajam variadas magias e com efeitos especiais também eles diferenciados e assim acontece. Desde espirais de fogo, ataques de fogo, podem-se ver em Sorcery todo um conjunto de magias e seus efeitos especiais de grande beleza e detalhe e acompanhados na maior parte das vezes pelos seus sons correspondentes. É claro que convém não esquecer que no reino da magia tudo é permitido ....
Os parentes mais pobres de Sorcery, no entanto, são mesmo os adversários (especialmente os goblins) que vamos encontrando pelo caminho. Embora os bosses estejam bons e bem detalhados, os restantes estão algo descurados sendo demasiadamente semelhantes entre eles e com pouca … vida.
Som: 8.5
Uma vez que em títulos mais direcionados a públicos mais jovens costumo tecer as principais criticas ao facto de invariavelmente não haver localização para a língua de Camões, parece-me justo começar por aí mesmo no que toca a Sorcery. É de louvar a completa tradução do jogo para português e do facto do trabalho dos atores ter sido, nada mais nada menos que ...brilhante.
Os atores que dão voz aos nossos heróis, são todos eles velhos conhecidos do nosso cinema e televisão: Rui Porto Nunes na voz de Finn, Erline na voz da gata (???) Erline, Cláudia Cadima na voz da Lady Everfair, Fernando Luís para Elven Assassin, António Marques na voz de Primus e Carlos Vieira de Almeida como Dash.
Quanto aos feitiços e magias, os diversos sons encontram-se bons e os restantes efeitos sonoros do jogo não comprometem.
Jogabilidade: 7.0
O jogador poderá tirar mais partido de Sorcery se usar tanto o Playstation Move como o Playstation Navigation. Uma vez que o PS Move corresponde à varinha mágica, e os seus botões para promover certas ações como por exemplo desviarmos-mos cabe ao Navigation a responsabilidade pelo movimento do jogador.
Quem não tenha um desses controladores poderá usar um normal, embora seja bastante mais complicado jogar assim com grande perda para a experiência de jogo.
Começamos o jogo no castelo onde Finn mora e é aprendiz de feiticeiro e temos logo ao início uma breve introdução aos movimentos e feitiços. Primeiro aprendemos como nos movimentarmos e depois de encontrarmos uma varinha mágica, aprendemos como lançar feitiços … normais como especiais. E assim partimos à aventura …
Logo nos primeiros minutos de jogo começa o cariz mais casual e descontraído do jogo onde, por exemplo, podemos lançar feitiços a ovelhas que pastam paulatinamente e transformá-las em ratos gigantes.
Feitiços … o que dizer acerca dos feitiços? O jogo apresenta juntamente com o DVD um livro e uma roda dos feitiços, onde nos ensina as combinações de diversos itens que vamos encontrando ao longo da aventura e quais os feitiços que essas combinações criam. Esta mecânica está bem-feita, podendo haver maior liberdade na criação dos feitiços … cada feitiço é escolhido de acordo com o adversário que enfrentamos e a mecânica para o evocarmos é simples … é tal e qual como se tivéssemos uma varinha na mão … aponta-se e lança-se (sem largar, claro) na direção desejada.
Aqui surge um dos principais problemas, ou pelo uma das partes que exige mais do jogador, que é quando se tenta lançar feitiços enviesados. Embora o PS Move aparente receber bem as coordenadas das torções dos pulsos para esses feitiços, nem sempre funcionam da melhor forma e muitas vezes que precisamos de atacar adversários em zonas altas torna-se frustrante estar a torcer o pulso sistematicamente e … falhar.
Aliás, essa é um dos principais aspetos inconvenientes do jogo que é precisamente de, por se tratar dum jogo de magia, o uso prolongado do Move em movimentos de lançamento de feitiços, acaba por se tornar um pouco doloroso, especialmente quando temos dezenas de aranhas e goblins à nossa volta.
De resto, os restantes feitiços mais diretos em que apenas é preciso apontar acabam por funcionar bem e o Move deteta razoavelmente bem as direções pretendidas, ficando a sensação de que há direções pré-definidas tal a repetibilidade de certos movimentos.
Embora na maior parte dos casos, a camara se posicione de forma adequada, foram mesmo assim detetados alguns problemas ocasionais na qual a câmara acaba por atrapalhar quando estamos prestes a defrontar um ou vários inimigos.
Como diria a minha avó “na Guerra tanto se dá, como se leva” e em Sorcery é inevitável que se apanhe um pouco dos nossos adversários … e para isso surgem as poções que vamos apanhando pelo caminho ou cozinhando. Para beber uma poção regenerativa temos de abanar o PS Move e inclinar na direção da cabeça como se a bebêssemos e ... pronto. O problema consiste em que durante um combate isso é complicado e ficamos expostos a qualquer ataque e muitas vezes nem chegamos a beber tudo.
No entanto o sistema de combate em Sorcery apresenta aspetos deliciosos à medida que evoluímos como feiticeiro, como por exemplo a combinação de feitiços para provocar ataques mais poderosos. Por exemplo, podemos provocar um remoinho de vento e de seguida lançar um feitiço de fogo e o resultado é uma tempestade de fogo violentíssima. Podemos ainda usar os elementos do cenário para ataques, como por exemplo, usar fogueiras existentes para lançar feitiços por dentro delas e assim os feitiços transformarem-se em bolas de fogo.
Pormenor interessante é o facto de alguns feitiços poderem ser usados de formas variadas, como por exemplo podemos usar um feitiço do gelo para congelar os inimigos ou então congelar zonas de água fazendo assim passagens e prosseguirmos o nosso caminho.
Por falar em caminho, o jogo apresenta uma direção bastante linear, o que poderá ser mais facilitador para evitar desnorte no jogador, mas limita um pouco a exploração dos variados e belos cenários por onde passamos.
Apesar de alguns bosses serem bastante difíceis, o jogo apresenta-nos os inimigos mais comuns como carne para canhão ... o que é bom, para testar novos feitiços e combinações... mas que se tornam chatos e monótonos.
Mais acima indiquei que certas poções podem ser cozinhadas consoante os ingredientes que sejam encontrados no decorrer da nossa aventura. Somos nós que as cozinhamos e esse pormenor encontra-se interessante. Além de misturar os ingredientes num caldeirão temos mesmo de o mexer com o Move…e isso para os mais novos é a loucura total.
Sorcery é um jogo que é divertido e que agarra o jogador durante algum tempo mas, tanto o cansaço como a repetibilidade do sistema de combate acaba por levar a algum cansaço, especialmente a um jogador mais sénior. No entanto, e metendo-me na pele duma criança concordo que esse cansaço demorará muito mais tempo a mostrar-se e o jogo cativa durante muito mais tempo.
Longevidade: 6.5
Perto de 10 horas para completar Sorcery fazem do jogo uma aventura demasiado rápida, e embora convide os mais novos a jogar mais uma vez, aos mais crescidos já tal não acontece.
Nota Final-7,2
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Todos temos uma criança dentro de nós, e todas as crianças gostam de Magia! Creio que essa é uma verdade que no caso de Sorcery se aplica ... essencialmente aos mais jovens. Sorcery é um jogo que pode ser visto de dois pontos de vista. No dum adulto ou jogador mais sério, é um jogo fraco que entretém um pouco mas é particularmente cansativo e monótono. No entanto pelos olhos dum jogador de grau de exigência mais suave ou duma criança, Sorcery é um jogo bastante divertido e descomprometido que nos transporta uma aventura mágica através dum reino de rara beleza e que consegue aquilo a que se propõe, divertir. Não posso deixar de referir o grande trabalho de vozes por detrás de Sorcery ... em português!
Género: Aventura Plataforma Analisada: Playstation 3 Homepage: Sorcery
Este artigo tem mais de um ano
Com varios alguns?
parece o subir para cima tão tipico do tuga 😛
Correctamente emendado:)… obrigado!
E quanto ao jogo, já o experimentaste? O que achaste dele, caso tenhas jogado?
” No entanto, uma das principais criticas que lhe têm sido atribuídas (e ao seu mais próximo concorrente de outra marca) tem sido a falta de lançamentos mais virados para o jogo hardcore.”
Hummm … O Killzone 3 não é hardcore que baste? 😉
(EDIT: pra não falar do “nosso” Under Siege!
Quando disse “falta de lançamentos mais virados para o jogo hardcore” não quis dizer total ausência …
E não dvd mas sim bluray..
Testei o demo e achei muito engraçado. A jogabilidade é interessante, mas a história é pueril.
Creio que uma das conclusões que mais sobressai deste jogo é que, para os adultos, é precisamente o que mencionaste … divertido e engraçado mas a longo prazo algo repetitivo e a cair na monotonia, enquanto que para os mais jovens (e testei também com crianças de 6 anos) o jogo já ganha outra dimensão e interesse acrescido!
A história funciona apenas como alavanca para a aventura … mas poderia ser mais … especial!