Análise Sleeping Dogs (Playstation 3)
Um dos jogos que o Pplware tem acompanhado com algum interesse e que sempre afirmei ser um dos títulos mais interessantes e promissores dos últimos tempos foi recentemente lançado.
Sleeping Dogs é uma história policial num ambiente pouco provável, Extremo Oriente e repleto duma jogabilidade livre e assente numa dinâmica de missões interligadas entre si. Creio que parte da curiosidade que sempre tive em relação a este jogo se prendeu, numa primeira instância ao facto de se passar num ambiente que é pouco comum nos videojogos, Hong Kong. Depois, o facto de ser sobre um policia undercover numa das Tríades daquele grande metrópole do Oriente também me criou grandes expectativas.
Sleeping Dogs já se encontra nas lojas e o Pplware já o testou.
A história de Sleeping Dogs é bastante interessante e, conforme vamos vendo ao longo da aventura, apresenta inúmeras nuances, desvios, emotividade, dúvida, … Nós começamos a história na pele de Wei Shen um policia da HKPD (Hong Kong Police Department) que se vê infiltrado nas Tríades daquela linda cidade de forma a apanhar os seus grandes tubarões. Começando por baixo e recorrendo a um ex-amigo de infância, Charlie, Wei entra assim para a organização. Ao longo das primeiras missões o nosso único objectivo é o de ganhar a confiança do chefe dum dos tentáculos da Tríade mas, à medida que avançamos e vamos ganhando muito mais importância no sei da organização. Sleeping Dogs apresenta uma jogabilidade num mundo aberto muito semelhante a GTA IV e tem um enredo bastante rico onde a lealdade e a traição, a dúvida e a certeza, a coragem ou o receio andam sempre de mão dada e que apresenta grandes reviravoltas ao longo da história.
Gráficos: 8.5
Sleeping Dogs leva-nos até à distante Hong Kong e, apesar de nunca lá ter estado, pelo que se vê na TV, revistas ou imagina dos filmes, o jogo parece conseguir representar muito bem aquele antigo território britânico. Apesar de ser maioritariamente um ambiente citadino com grandes avenidas e muitos arranha-céus, tem também zonas costeiras, docas, bairros industriais, colinas e o próprio mar (sim é possível conduzir barcos).
As ruas, especialmente as dos bairros mais tradicionais, encontram-se deliciosas e pululam de vida. Com inúmeros pormenores característicos do oriente, como por exemplo casas de chá, ou edifícios com arquitetónica mais tradicional, encontram-se bastante cheias de vida. Existe um ciclo dia-noite pelo que durante o dia a azáfama é grande e há trânsito e pedestres em grande quantidade. À noite o cenário transforma-se e poucos são os que andam pelas ruas.
Devo referir que a variedade de personagens e veículos que vemos na rua são bastante diversificadas.
O único senão que se pode apontar talvez seja a falta duma maior expressão e emotividade facial.
Por seu lado os veículos podem incluir, motas (de várias cilindradas, carros familiares, carros desportivos, carros de tuning, camiões, autocarros de 1 ou 2 pisos, barcos, …). Sleeping Dogs apresenta-nos um arsenal quase tão rico como o que GTA IV nos oferece e graficamente não lhe fica atrás.
As únicas falhas que se podem apontar a este nível são talvez alguns ocasionais slowdowns a escrever no ecrã alguns cenários.
Por fim, o nosso Wei Shen está bastante credível. Tem um estilo muito próprio de andar e de ser que pode ser identificado no decorrer do jogo. À medida que a história se desenrola vamos comprando (ou descobrindo nas inúmeras Blue Boxes escondidas pelos cenários) novas roupas para Shen. A maior parte dessas roupas traz mais-valias para Wei, quer seja por exemplo, umas sapatilhas dão-lhe mais 5% de poder no ataque corpo-a-corpo, ou um blazer dá-lhe mais 10% de capacidade negocial na compra de carros, ou um fato completo dar-lhe mais 15% de recompensa quando termina missões para a policia de Hong Kong.
Som: 8.5
Creio que Sleeping Dogs será um dos jogos mais credíveis em termos de actuações dos actores que deram voz aos seus personagens. Independentemente de serem os personagens principais ou secundários, as vozes estão, em qualquer momento do jogo, carregadas de realismo e de intensidade adequada à situação. Gostei muito do trabalho de vozes.
O único senão ao nível das vozes é o facto de serem em inglês e algumas delas quase sem sotaque … pode ser estranho visto o jogo passar-se em Hong Kong, mas acaba por se imiscuir com a acção e esquecer.
As línguas possíveis são, inglês e cantonês com legendas.
Quanto à banda sonora, e tal como acontece com GTA IV temos uma banda sonora variada apesar de não ter tantas faixas conhecidas com o titulo da Rockstar.
Interessante a existência da possibilidade de Wei Shen cantar Karaoke com e para uma “amiga” … numa mecânica muito semelhante à de Final Fantasy para Nintendo 3DS.
Jogabilidade: 8.7
Conforme mencionei acima, Wei Shen é um polícia que se encontra infiltrado no seio duma organização criminosa. É lógico portanto, que neste contexto, Wei vai ter de fazer um conjunto de missões quer para a polícia, quer para as Tríades. E é precisamente isso que traz uma grande dose de interesse ao jogo. As missões que vamos desempenhando ao longo do jogo são, ora para a HKPD, ora para a Tríade. Cada qual tem uma barra de aceitação, chamemos-lhes assim que, consoante se terminam as suas missões vai-se enchendo e permitindo evoluir a nossa personagem de nível.
Esses aumentos de nível da nossa personagem permitem-nos desbloquear novas propriedades para Wei. Por exemplo a dada altura, uma evolução de nível da polícia permite desarmar um inimigo armado, enquanto um nível desbloqueado da Tríade permite descobrir como roubar carros com o recurso a um pé de cabra e assim, evitar que a polícia venha sempre atrás de nós.
Existem inúmeras situações paralelas que acontecem em Sleeping Dogs e essa é a grande mais-valia do jogo. No decorrer da história cruzamos-mos com o nosso antigo professor de Artes Marciais, ao qual roubaram algumas estátuas de jade. Podemos oferecermos-mos para o ajudar e assim, paralelamente e entrecruzando-se com a história principal, vamos reavendo essas estátuas. Por cada estátua devolvida temos a possibilidade ainda de descobrir novos ataques com o professor. Ataques como, atirar um adversário ao chão e esmurrá-lo logo a seguir, ou como colocar um adversário temporariamente inconsciente com uma joelhada …
Isto lava-nos para o sistema de luta que, pessoalmente, considero um dos melhores de sempre nos jogos deste tipo. As cenas de luta estão fantásticas. Apesar de se tornar algo fácil a partir do momento que conhecemos os diferentes tipos de inimigo, as cenas de pancadaria estão simplesmente brutais, pela positiva. Refiro-me ao efeito visual dos movimentos, como também à sua perfeita interacção com alguns elementos do cenário como por exemplo, espetar com um inimigo num contentor, ou espetar com outro numa conduta de ar condicionado … Tudo isto com uma fluidez deliciosa acaba por tornar o combate em algo que se procura constantemente…
Apesar de podermos usar armas (garrafas, paus, facas, cutelos e armas de fogo), o próprio jogo incentiva a recorrer ao combate corpo-a-corpo e creio que ninguém se sentirá arrependido por isso.
Contudo o recurso às armas tem, por vezes alguns problemas, especialmente quando estamos a proteger-nos atrás de algo (esquina, caixotes, carros, …). Por vezes, e apesar de termos line of sight para tal, não nos é permitido disparar tendo de nos expor um pouco mais.
Tenho de fazer aqui um aparte pois estas sequências de combate corpo-a-corpo são na maior parte das vezes bastante violentas.
Uma coisa que creio não cair bem no corpo-a-corpo é o binómio causa-efeito dos diferentes golpes. Há alguns golpes que vamos desbloqueando ao longo do jogo que pura e simplesmente fariam com que um adversário não voltasse a andar naquele momento, por exemplo, e no entanto eles continuam a lutar. Acho que neste aspecto o combate poderia ter sido mais refinado.
Em termos de mapa, Hong Kong divide-se em várias zonas e uma vez que as distâncias ainda são grandes entre elas, à medida que vamos evoluindo na história vamos angariando novas casas. Essas casas (onde até se incluí uma casa-barco) são os locais de eleição para fazermos Save e mudarmos de roupa. Uma coisa que é bem-vinda, à semelhança de GTA IV, é a inclusão dum sistema de GPS para nos orientarmos nas centenas de ruas, avenidas, trajectos, pontes, … de Hong Kong.
É também nas nossas casas que se passa um outro aspecto delicioso do jogo, as missões de Drug Bust. Em cada zona da cidade existem variadas missões de Drug Bust que são feitas para a Policia de Hong Kong. Elas consistem em vários passos. Primeiro temos de nos deslocar a uma zona onde se sabe haver tráfico de droga. Geralmente estão cheias de dealers ou pessoal associado ao tráfico portanto teremos de os desancar ao chegarmos. Em cada uma dessas zonas (seja por baixo do cais, seja numa esquina, …) existem câmaras de vigilância e teremos de as desbloquear usando o Smartphone para crackar o código. Este sistema de crack do código está interessante, tendo 4 dígitos que não se repetem e tendo que descobrir qual o código certo. Após a câmara está hackada vamos até nossa casa onde podemos ligar o nosso Plasma e ver a acção em directo. Quando está a decorrer a transacção podemos dar sinal à HKPD de qual é principal suspeito. Tudo isto através do nosso plasma bem como a altura em que a polícia entra e prende o suspeito.
Isto leva-nos para um aspecto do jogo que é muito importante, a diversidade. Como pudemos ver a quantidade e diversidade de missões que temos de fazer em Sleeping Dogs é brutal. Desde estas missões paralelas de Drug Bust, às missões para a polícia, ou às missões para as Tríades, ou mesmo algumas missões pontuais que aparecem para ajudar outras personagens trazem uma grande variedade de jogabilidades e dinâmicas ao jogo e isso é, excelente. Por falar em variedade temos também escondidas em Hong Kong variados itens (largas dezenas) que são um desafio para tentar descobrir e nos trazem, além de dinheiro, algumas surpresas.
Há no entanto algo que por vezes se torna chato que é o controlo da câmara enquanto lutamos. Por vezes acontece que estamos em combate e a câmara fica escondida por trás dum obstáculo qualquer e isso faz-nos perder segundos preciosos a volta a repo-la na posição adequada.
Um outro pormenor que se encontra bastante interessante é a possibilidade de entrarmos em corridas de carros ou de motas pelo meio da cidade. É simplesmente frenético andar pela cidade, com trânsito, a acelerar para ser o primeiro a chegar ao fim.
Como disse anteriormente podemos a qualquer momento, roubar carros, motas, camiões … e usá-los para andar dum lado para outro no mapa. No entanto é apenas uma boleia temporária pois não podemos guardar esses veículos “emprestados” na garagem e ficar com eles. É pena, pois há bombas que merecem a pena “adquirir” assim.
Não poderia deixar de mencionar um outro aspecto do jogo, que pode não ter muito de inovador, mas que é agradável à vista, os hijacks de carros em andamento. São variadas as missões que nos pedem para abalroar outro carro enquanto em perseguição e essas secções são brutais. Basicamente temos de nos colocar atrás desse carro e com o recurso ao triângulo, no momento certo, fazer o salto para cima dele e depois é deixar a animação fazer o resto. Brutal.
Haveria, certamente, muito mais para dizer acerca de Sleeping Dogs (roubos a carrinhas de valor, paisagens ao por do sol, templos budistas, lojas de petiscos tradicionais, procura por altares escondidos na cidade, lutas de galos, …) mas assim sendo esta análise estender-se-ia por muito mais e isso acaba por ser chato, especialmente porque acho que este é um jogo que todos os amantes deste tipo de jogabilidades deveria experimentar e experienciar por si próprios.
Mais para o fim do jogo uma coisa que se começa a aperceber é que, apesar de tudo isto algumas missões se começam a repetir nas suas mecânicas, mas esse é o preço dum jogo com tanto para oferecer e que se estende no tempo.
Longevidade: 9.0
Não tem Multiplayer mas, também tal não seria imprescindível. Aliás, esse era o seu principio objectivo, ser um jogo online mas que foi abandonado. Não digo que tenha sido melhor assim pois o potencial de o ver num mundo online persistente é muito interessante, mas nesta forma não há lugar a arrependimentos.
O seu modo História é simplesmente longo e viciante para que consigamos sequer sentir falta do online. Bastante mais de 30 horas para quem quiser completar tudo e muito mais se quiser descobrir todas as belezas desta linda Hong Kong virtual.
Nota Final-8.8
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Como afirmei desde o inicio, sempre tive curiosidade neste Sleeping Dogs e as minhas expectativas não eram muito altas para ele. Tenho de reconhecer que me enganei e que fiquei simplesmente soterrado pela qualidade do jogo. Desde um enredo interessante e cativante, repleto de reviravoltas e de momentos de difícil decisão, até uma jogabilidade simples e simplesmente viciante associados a uma mecânica de missões que mesmo para o fim continuam interessantes Sleeping Dogs consegue ser um jogo a ter debaixo de olho. Creio que Sleeping Dogs é um dos melhores jogos do ano e do seu género. É quase impossível não o comparar a GTA IV e talvez ainda não consiga ainda chegar ao seu nível mas, está quase lá ... mesmo quase. Nunca antes, ser um policia de Hong Kong infiltrado nas Tríades, trouxe tanto divertimento e excitação a alguém, como Sleeping Dogs nos traz. Um grande jogo, sem dúvida.
Homepage Sleeping Dogs Género: RPG/Acção Plataforma Analisada: Playstation 3 Outras Plataformas: Xbox 360, Windows PC
Este artigo tem mais de um ano
O jogo parece muito bom e muito completo dentro da sua categoria!
Obrigado pela review
Realmente o jogo surpreendeu muita gente eu inclusive mas só mesmo depois de jogar. Aconselho para quem gosta deste género.
Sim …. é como dizes. É um jogo altamente recomendável.
Só tenho a dizer que podia ter mais missões.
Ainda nao o finalizei, mas ate onde fui tô adorando….
Já joguei e já o acabei.
O jogo é simplesmente brutal. Toda a história foi muito bem conseguida e consegue mesmo prender-nos durante horas a jogar.
As cenas de pancadaria acho que é do melhor que alguma vez se fez num jogo deste género. Há diferentes movimentos que se vai desbloqueando à medida que se entrega as estátuas. Há também diferentes tipos de inimigos quando confrontados corpo-a-corpo. Há os que vêm com facas, há os “gordos” que nos prendem e tiram muita vida, há os musculados que dão forte também, etc…
Sem dúvida concordo com a nota aqui dada.
Cumprimentos!
Tenho de confessar (novamente) que fiquei mesmo surpreendido pela positiva com este jogo.