Análise Risen 3: Titan Lords (Playstation 3)
Em 2012 o Pplware teve oportunidade de jogar Risen 2 (na altura para Xbox 360, ver aqui), uma aventura com forte componente de RPG passado nos Mares do Sul num Universo de piratas repleto de acção, magia e aventura.
Passado 2 anos eis a sequela com Risen 3: Titan Lords na qual voltamos aos Mares do Sul para combater a Escuridão que ameaça engolir a Terra, enquanto lutamos pela nossa alma e, pelo caminho, descobrimos uma terra cheia de vida e de história.
O Pplware teve a oportunidade de novamente navegar pelos mares do Southern Sea, águas repletas de navios piratas e de monstros marinhos.
A história de Risen 3 tem o seu inicio de uma forma brutal, à medida que entramos em jogo no seio de um combate naval, quando o nosso barco é abalroado por um navio pirata fantasma ao largo de Crab Coast.
Após uma sequência de acção bastante interessante que serve essencialmente como tutorial para a mecânica de combate do jogo, damos por nós numa praia deserta, acompanhados pela nossa irmã, a nossa velhinha conhecida Patty.
E assim começa a nossa aventura à medida que investigamos Crab Island e com o apoio de Patty descobrimos um templo perdido, onde acabamos por perder a nossa alma para um misterioso Lord do Submundo. A partir daí começa a nossa aventura à medida que lutamos contra os poderes da Escuridão numa tentativa de reaver a nossa alma.
Conforme referi, a nossa demanda começa em Crab Coast e verdade seja dita, é também em Crab Island que conseguimos ter um vislumbre de como vai ser o resto do jogo, quer em mecânicas, quer em combates, quer em interacção com o mundo que nos rodeia e seus habitantes.
É precisamente desde esse primeiro momento (combate contra tripulação pirata que nos abalroa) que o jogo nos mostra de imediato uma das principais falhas que ofuscam grande parte da beleza que poderia vir a ter, as framerates. Será por se tratar da versão Playstation 3? Não sei, mas o certo é que o jogo teima em, desde esse primeiro momento nos oferecer uma aventura a muito baixa framerate. Apesar de perceber que tem de haver um preço a pagar pelo óptimo trabalho da Piranha Studios na criação do Southern Sea, sua fauna, seus habitantes e tudo o que se passa é de lamentar tão baixa framerate.
Apesar deste pormaior (que nos acompanha ao longo de todo o jogo) começamos aos poucos a perceber da estrondosa imensidão e diversidade que a equipa da Piranha Bytes emprestou a Risen 3.
Começamos então em Crab Coast a nossa epopeia pelos mares do Sul mas cedo descobrimos que há muito mais por descobrir. Taranis, Antigua, Calador, Tacarigua ou Kila são algumas das restantes localizações por onde podemos (e vamos) passar e a diversidade de ambientes, personagens, flora ou fauna (javalis, porcos, patos, aranhas gigantes, caranguejos gigantes, sand demons, …) de cada uma dessas ilhas é absolutamente fantástica.
Cada ilha está deliciosamente detalhada e com uma quantidade imensa de pontos de interesse. Sejam as praias, sejam as montanhas, sejam as grutas, sejam as cidades e seus habitantes, cada ilha tem um ambiente muito próprio e que se torna delicioso de investigar.
Pessoalmente gosto de investigar todos os cantos e dado que a liberdade é total em Risen 3, perdi largas horas apenas a vaguear pelas imensidões selvagens, lutando contra a vida selvagem nativa e descobrindo inúmeros tesouros escondidos em locais esquecidos.
A nossa história vai-nos empurrando aos poucos para cada uma dessas ilhas, à medida que vamos interagindo com os NPC (Personagens Controladas pelo Computador) e nos vão sendo entregues variadas missões paralelas.
Aliás, este é um dos pontos fortes de Risen 3 e que, como qualquer jogador de RPGs de aventura sabe, é essencial. A quantidade de NPCs com os quais podemos interagir e que nos disponibiliza quests paralelas é imensa. Ficamos com a sensação de que todos os personagens de Risen 3 têm alguma coisa a pedir-nos.
Como já estão a antecipar, isto representa uma quantidade imensa de side quests e o mais interessante é que apesar de haver alguma repetitividade todas elas fluem bem no jogo e aumentam a longevidade do mesmo, pois torna-se viciante encetar o máximo número destas missões paralelas.
Estas missões podem, conforme mencionei, levar-nos de ilha para ilha ou não e o pagamento/retribuição por cada uma é geralmente feita em ouro, mas muitas vezes em informações ou itens preciosos.
Um outro conceito de Risen 3 é o nosso nível de Evil (maldade) e à medida que o jogo progride o nosso personagem vai sendo caracterizado por esse resultado das nossas opções, tendo influência directa na forma como as diferentes facções do jogo (Guardians, Demon Hunters e Piratas) interagem connosco e numa última instância, no desfecho da própria aventura.
Ao avançarmos na história vamos encontrando inúmeros NPC e, além de nos poderem dar missões paralelas também nos podem ser úteis, seja por nos venderem o que precisamos, seja por nos ensinarem artes e skills preciosas.
Há determinados personagens em Risen 3 que são especialistas em alguma coisa. Alguns são ferreiros, outros são alquimistas, outros guerreiros e muitos deles podem nos ensinar algumas artes importantes para cada especialidade. Por exemplo, um mágico pode nos explicar como criar algumas magias ou um alquimista pode nos explicar como criar poções, a troco de certas quantias de ouro.
Alguns outros NPCs são também vendedores e a panóplia de itens, armas, objectos que podemos comprar/vender são imensos. Aliás, numa medida que considero abusiva, o nosso sistema de inventário é (aparentemente) infinito o que nos permite ir guardando tudo o que encontramos.
Por um lado é útil pois temos sempre tudo à mão mas por outro lado perde um pouco a sensação de realismo e despreza a gestão de inventário.
Uma das magias mais poderosas que Risen 3 apresenta consiste na forma como consegue criar um mundo repleto de história e sensação de passado, presente e futuro. Não só através da “nossa” história (repleta de surpresas e reviravoltas) mas também através das histórias que os NPCs nos relatam e que fazem dos Southern Seas, um mundo vivo e com alma e onde merece a pena nos embrenharmos.
Como qualquer jogador de RPGs sabe, o esquema de evolução da personagem é sagrada e se não funcionar então o jogo está condenado. Risen 3, por este lado, não está condenado.
Em Risen 3, o tradicional esquema em árvore de evoluções não existe. O nosso personagem tem determinados Atributos (Melee, Ranged, Cunning, Influence, Toughness, Dexterity, Magic e Spirit e os Glory Points que vamos ganhando é que nos vão permitindo evoluir esses mesmos Atributos. É claro que com o passar do tempo, é necessário cada vez amealhar mais Glory Points.
Cada um desses Atributos por sua vez, compreende um conjunto de habilidades como por exemplo o Ranged corresponde ao uso de Shotguns de Muskets e aumenta os Critical Hits ou a Toughness compreende a Resistência às balas, às lâminas e à Magia.
Por outro lado temos ainda as Skills do nosso personagem que vão evoluindo à medida que avançamos. As Skills (Melee, Ranged, Toughness, Magic, Hunting e Thievery) são o conjunto de diversas habilidades que podemos aprender, e fazer a gestão de todas estas Skills e Atributos torna-se bastante importante na evolução do jogo e do nosso personagem para os combates que se sucedem.
E assim chegámos ao sistema de combate que em Risen 3 se encontra algo … inacabado. Basicamente existem quatro principais opções: atacar com arma principal, atacar com arma secundária, defender ataque ou esquivar-se (rebolar).
O combate na sua génese é simples sendo poucas vezes necessário a conjunção destas quatro técnicas. Isto porque a maior parte dos adversários que vamos encontrando, sejam eles animais ou não, são demasiado repetitivos e mecânicos nos seus ataques e o nosso companheiro que nos segue (somos acompanhados sempre por um companheiro, dos quais gostei particularmente de Bones) resolve a maior dos combates.
Na maior parte das vezes basta, atacar, rebolar e atacar outra vez. Aliás, essa mecânica pode ser usada e abusada pois funciona 99% das vezes o que sinceramente, acho minimalista e redutor.
Seja como for, uma das coisas importantes de Risen 3 é que não nos obriga a pertencer a nenhuma classe específica. Por exemplo, podemos ser óptimos no manuseio de espadas mas podemos ao mesmo tempo recorrer à magia para nos proteger. Além de aumentar a nossa diversidade táctica, aumenta ainda mais a nossa sensação de liberdade de escolha. (de lamentar, a inexistência de possibilidade de customizar o nosso personagem)
No capitulo sonoro há momentos altos e baixos. O nosso personagem tem uma voz séria e por vezes sem alma mas na maior parte das ocasiões passa bem por um pirata calejado e duro de roer. Há alguns NPCs que têm vozes brutais dos quais Bones talvez seja o mais mediático. Achei particularmente irritante as vozes dos goblins.
Por fim, gostava de deixar uma palavra para a banda sonora de Risen 3, nomeadamente a faixa principal do jogo que está soberbamente e épica.
Nota Final- 7,5
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Risen 3: Titan Lords tinha tudo para ser uma aventura memorável. Isto pois tem uma aventura que, apesar de ter uma história mediana, apresenta um Universo que merece a pena explorar. Cada canto das ilhas, cada gruta, cada ser vivo, cada personagem de Risen 3 tem uma história só sua e que merece a pena descobrir. E é divertido descobrir e explorar. Não fosse a existência de duas autênticas minas e estaríamos perante um dos melhores jogos de 2014. Refiro-me, é claro, a um sistema de combate demasiadamente simples, repetitivo e pouco exigente e mais grave que isso, a uma framerate que é difícil aceitar. A total liberdade que Risen 3 oferece ao jogador, a imensidão de localizações a explorar e a complexa teia de histórias secundárias do jogo mesmo assim são motivos mais que suficientes para todos os amantes de aventuras de acção.
Gráficos:7,0
Se esquecermos momentaneamente a baixa framerate, os Mares do Sul e suas ilhas encontra-se muito bem representados em Risen 3 e com bastante detalhe, apesar de um grafismo já algo gasto. Um mundo que vive à sombra do medo e isso nota-se no ambiente do jogo. A grande parte dos personagens são, no entanto, pouco expressivos visualmente. Bestas e inimigos bem caracterizados.
Som: 8,0
Banda sonora interessante e vozes bem interpretadas na maior parte das ocasiões.
Jogabilidade: 7,0
Risen 3 é uma imponente aventura que disponibiliza ao jogador um enorme mundo livre à exploração que merece a pena explorar. Simples e intuitivo, com uma boa gestão de skills do personagem e inúmeras side quests para completar. De lamentar o sistema de combate repetitivo e pouco exigente.
Longevidade: 9,0
Preparem-se para passar o resto das férias agarrados aos comandos, se preferirem usufruir de tudo o que Risen 3 disponibiliza.
Género: RPG / Aventura Plataforma Analisada: Playstation 3 Outras Plataformas: Xbox 360, PC Homepage Risen 3: Titan Lords
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