Análise Bravely Second: End Layer (Nintendo 3DS)
Foi em Bravely Default que se deram a conhecer, Agnès Oblige, Tiz Arrior ou Edea Lee entre outros heróis, e eis que agora alguns deles se encontram de regresso em Bravely Second: End Layer, lançado no final do mês passado.
Entretanto e como que a antecipar este lançamento, foi disponibilizado de forma gratuita em Fevereiro deste ano, um prólogo The Ballad of the Three Cavaliers, que o Pplware teve oportunidade de experimentar (ver aqui) e que serviria de antecipação a Bravely Second: End Layer, que agora aqui vos apresentamos.
Em 2013/2014 a Square Enix lançou um dos seus melhores RPGs para a Nintendo 3DS. Trata-se de Bravely Default, um RPG de fantasia passado em Luxendarc, um Reino fantástico repleto de magia mas que, como não poderia deixar de ser, se encontra sob grande perigo, tendo de ser o jogador a criar a sua party e partir para a salvação de Eternia.
Talvez a componente menos inspirada de Bravely Second: End Layer seja mesmo a história que serve de base ao jogo. Tal como no seu antecessor, em End Layer a nossa missão continua a de salvar Luxendarc dos diversos perigos que a ameaçam. Acontece que Kaiser Oblivion, o vilão do jogo, após os eventos de Bravely Default rapta Agnès Oblige e assim, personificando Yew Geneolgia partimos para a aventura para a salvar.
Desta forma, Yew junta-se a um grupo de amigos (já nossos conhecidos) Edea Lee, Tiz Arrior e Magnolia Arch e parte para salvar Agnés das garras do comandante mascarado do Glanz Empire.
Numa trama com algumas reviravoltas interessantes (se jogaram ao Prólogo vão perceber de imediato) regressamos a Al-Khampis e outras localizações já conhecidas, reencontrando inclusive alguns dos personagens que nos acompanharam em The Ballad of the Three Cavaliers, o Prólogo que a Square Enix lançou no inicio do ano e que o Pplware experimentou aqui.
E assim, começamos o nosso jogo. Inicialmente apenas com Yew na nossa party mas depois com a companhia dos nossos amigos. O arranque do jogo começa de uma forma simples, e que possibilita ao jogador (novato) se aperceber do mundo onde se encontra ao mesmo tempo que lhe vai indicando as mecânicas básicas da sua jogabilidade.
Tanto na componente de descoberta de Eternia como nas nossas deambulações pelas cidades e caminhos entre elas, começamos a descobrir que se trata de um mundo grande e extremamente rico em vida e diversidade. E assim vamos começando a interagir com Eternia.
E essa forma de interacção com o jogo surge principalmente de duas formas distintas:
- por um lado temos as Cidades e localizações de controlo, que são os nossos hubs de gravação onde podemos proceder a compras (aquisição de armas, equipamentos ou itens) ou interagir com habitantes locais (para avançar na história)
- por outro lado temos espaços abertos, grandes pradarias, vastas zonas de mar (onde navegamos com o auxilio de uma embarcação) que são os locais onde avançamos na história repletos de inimigos e onde temos os nossos combates.
E já que falamos de combates convém esclarecer que, tal como em Bravely Default, End Layer apresenta acima de tudo, duas diferenças principais no que respeita aos combates. Por um lado temos combates aleatórios que surgem a qualquer momento durante a nossa aventura no Mundo do jogo. E por outro lado, temos os combates pré-definidos e que são importantes, tanto para a história principal como para as missões secundárias.
Os combates aleatórios revestem-se de grande importância no decorrer do jogo. Primeiro pois permitem-nos adquirir experiência e dinheiro e evoluir as nossas personagens. Por outro lado, apresentam-se como boas formas de determinar qual ou quais as melhores tácticas a usar a cada momento de um combate.
Se há algo que gostaria de sugerir a quem esteja a pensar comprar este jogo, será o de, não tentarem avançar loucamente e demasiado rápido na história e que "percam" algum tempo com estes combates. Tornar-se-ão extremamente importantes à medida que a dificuldade vai aumentando. E acreditem ... vai aumentar.
O sistema de combate assume-se como sendo por turnos nos quais cada personagem tem uma acção a tomar. Basicamente poderá atacar com a arma equipada, atacar com Ataques Especiais, Atacar com Magia, adoptar postura defensiva (Default), utilizar Itens, congelar o tempo ou ainda invocar um Aliado (amigo real ou NPC que poderemos associar como Aliado via StreetPass).
Esta mecânica de combates apresenta no entanto alguma complexidade acrescida o que o torna um pouco mais difícil de dominar. Por exemplo, existem ataque especiais que podem ser invocados ao inicio de cada turno, eliminando assim o conceito de "agora atacas tu, agora ataco eu". Existem ainda variados outros ataques que permitem atacar vários inimigos da mesma classe em simultâneo , ...
As opções são às dezenas e dominá-las todas requer muito tempo e atenção. Neste capitulo End Layer encontra-se bastante bem construído, exigindo bastante paciência e destreza táctica ao jogador.
Tal como no jogo original, em End Layer existe ainda o conceito de Brave Points. Estes pontos, individuais a cada personagem, podem ser usados para lhes possibilitar acções múltiplas num só turno. Por exemplo, se gastarmos 2 BP podemos lançar um ataque de Magia e consumir uma Poção no mesmo turno.
A cada vez que entramos em Default num turno, o jogo atribui-nos automaticamente 1 BP o que em determinados combates se pode vir a revelar extremamente importante.
De certa forma, pode-se associar todas estas mecânicas de combate ao sistema de Jobs (Classes de cada personagem). Começando como Freelancer, vamos desbloqueando outros Jobs a longo do jogo. Cada Classe desbloqueado traz consigo, não só novas habilidades como também novas opções tácticas. Por exemplo, um Clérigo possibilita Curar, enquanto que um Ladrão, permite acções especiais de roubo de itens aos inimigos.
Apesar de cada personagem ter um Job principal, que lhe disponibiliza um conjunto de habilidades e ataques próprios, ainda pode apresentar um Job secundário que pode ser aprendido ao longo do jogo. Dito isto, teremos aqui um elevado grau de complexidade que, em abono da verdade, obirgará o jogador a múltiplas decisões ao longo do jogo (isto se quiser usufruir do jogo na sua magnitude).
São mais de 30 os Jobs à disposição (muitos adquiridos após eliminarmos alguns bosses), entre os quais se podem encontrar, Pasteleiro que enfraquece os inimigos com as suas sobremesas, enquanto que o Domador de Gatos, com o seu profundo conhecimento sobre felinos, aumenta as habilidades da equipa e encontra itens úteis.
Poderemos assim criar a nossa party sob vários aspectos e com variadas finalidades (defensivas, ofensivas, assentes em magia, equilibradas, ...) e felizmente, End Layer disponibiliza um sistema de gravação de tácticas, para a qualquer momento podermos recorrer a essas parametrizações da nossa party.
Após os combates aleatórios, como seria de esperar, ganhamos pontos de Experiência e dinheiro, conforme os tipos de inimigos que vencemos. No entanto, se os vencermos num só turno, End Layer apresenta o sistema "Bring it On" que basicamente adiciona novos adversários a esse combate e acrescenta uma ponderação aos pontos/dinheiro ganhos. Por exemplo, se vencermos num único turno, poderá vir uma nova vaga de inimigos e os nossos ganhos serem multiplicados por 1,3, enquanto que, se por sua vez derrotarmos estes novos inimigos num único turno teremos os nossos ganhos multiplicados por 1,5.
Creio que dito tudo isto, já dá para ter uma ideia bem concreta de que em Bravely Second: End Layer as opções tácticas são inúmeras e excitantemente variadas. (no entanto, explorar tudo isto envolve tempo ... muito tempo ... muitos combates, o que pode de certa forma afugentar aqueles jogadores que preferem avanços rápidos).
Existe ainda uma tentativa da Square Enix em trazer maior profundidade ao jogo com a inclusão de um sistema de decisões (morais) que durante a aventura terão de ser tomadas e que acarretarão os seus efeitos no desenrolar da aventura.
Visualmente, End Layer é um jogo repleto de localizações com ambientes distintos e dotados de grande detalhe e beleza, isto nos critérios da 3DS.
Quer nos encontremos a vaguear simplesmente pelas cidades, a avançar nas sombrias masmorras ou a investigar dentro de edifícios, a atenção ao detalhe está bastante decente e acaba por conferir ao jogo uma particular atenção ao detalhe e revestindo-o de conteúdo.
À medida que avançamos na aventura, vamos defrontando variados adversários.
Se por um lado, temos os inimigos ao serviço de Kaiser Oblivion, por outro lado temos as feras que habitam o Mundo selvagem de Eternia, cada qual com o seu próprio grau de exigência. Neste capitulo, a Square Enix decidiu manter a lógica de, à medida que o jogador evolui na história, também o grau de dificuldade dos adversários vai evoluindo.
Esta mecânica é boa por duas razões. Se por um lado permite ao jogador evoluir equilibradamente, face aos adversários que vai encontrando, por outro lado também tem o condão de apresentar constantemente novos tipos de inimigos, fugindo assim a um possivel tédio que poderia vir de defrontar sempre os mesmos inimigos.
Se leram com atenção o que mencionei mais acima acerca da diversidade e variedade de tácticas a usarmos em combate, o mesmo também se verifica com os nossos inimigos e como tal temos adversários para todos os gostos e com ataques e poderes tão diversos como os nossos.
Curiosidade para a existência em determinadas localizações (nas cidades) de uns porcos através dos quais podemos teleportar-nos para outra cidade. Estranho ...
Como o aspecto mais negativo do jogo tenho de reconhecer que o som, em especial as vozes, se encontram algo irritantes e que poderiam ter sido mais suavizadas.
Veredicto:
Gostei particularmente de Bravely Second: End Layer. Trata-se de um RPG exigente e com conteúdo em abundância e diversidade. Com um sistema de combate bastante complexo e que exige um forte investimento da parte do jogador na sua aprendizagem, peca por apresentar um enredo pouco cativante e alguns diálogos entre os personagens demasiado extensos.
No entanto, trata-se de um jogo que facilmente recomendo a todos os possuidores de 3DS que apreciem RPGs que os obriguem a pensar e que tenham disponibilidade para investir tempo no jogo pois só assim se consegue apreciá-lo na totalidade de todas as suas opções.
Este artigo tem mais de um ano
Que pena que mais ninguém comente… sou grande fã do Bravely Default original, embora não o tenha acabado.
Hoje em dia é raro encontrar destes RPG’s à moda antiga, por turnos e com sistemas de combate complexos. Gosto mais do combate por turnos, por ser possível fazer ataques ponderados, em vez de instintivos.
Os diálogos longos não são problema… até é com estes jogos que se aprende línguas!
Apesar de não ter acabado o original, até que me sinto tentado a comprar o segundo jogo. É um género que não abunda, por isso qualquer lançamento desta natureza é de acolher de braços abertos.
Grande análise à sequela de algo que a Square há muito devia ter feito, ainda que esta análise tenha pouco feedback… que o meu seja suficiente. Parabéns!