Tribunal alemão abre precedente histórico: as Big Tech devem pagar o tráfego às operadoras
O Tribunal Regional de Colónia proferiu uma decisão histórica na Europa: ordenou à Meta que pagasse à Deutsche Telekom o tráfego que as suas redes sociais geram. Agora, condenou a empresa de Mark Zuckerberg a pagar uma indemnização de cerca de 20 milhões de euros, o que abre a porta a algo sem precedentes: as operadoras começarem a cobrar às empresas tecnológicas.
Devem as Big Tech pagar pelo tráfego que geram?
Há mais de uma década que as operadoras telefónicas e de comunicações exigem que as grandes empresas tecnológicas, como a Google, a Meta, a Netflix ou a Amazon, paguem uma taxa pela utilização que os seus utilizadores fazem das redes de dados instaladas pelas operadoras.
Neste caso específico, o Tribunal Regional de Colónia deu razão à Deutsche Telekom, que alegou que a Meta tinha utilizado indevidamente a sua rede de dados. O tribunal condenou a empresa de Mark Zuckerberg a pagar uma indemnização de cerca de 20 milhões de euros.
No entanto, o essencial do acórdão não é o montante aplicado à Meta, mas o reconhecimento legal do direito das operadoras a cobrarem às empresas tecnológicas que oferecem serviços online o tráfego gerado pelos seus serviços. Trata-se de uma exigência histórica dos operadores que as empresas tecnológicas se recusaram a reconhecer.
Como tudo começou...
O litígio entre a Meta e a Deutsche Telekom foi desencadeado por um acordo de tráfego entre as duas empresas. A Meta pagava à operadora alemã 5,8 milhões de dólares por ano como compensação pelo envio de tráfego de dados através das suas redes. No entanto, a empresa tecnológica considerou que estava a pagar demasiado e pediu uma redução de 40% como condição para renovar o acordo.
A Deutsche Telekom contrapôs com um desconto de 16% sobre o contrato atual. As duas empresas não chegaram a um acordo satisfatório, pelo que a Meta decidiu rescindir o contrato e poupar o pagamento.
Embora não tenha recebido qualquer recompensa por este facto, a operadora manteve o acesso ao tráfego da Meta, pois de outra forma estaria a prejudicar a satisfação dos seus utilizadores. Se a Deutsche Telekom bloqueasse a Meta, os seus clientes não poderiam aceder às redes sociais ou enviar mensagens WhatsApp. Tal não estava nos planos da operadora alemã.
A Meta estava, portanto, a utilizar gratuitamente a infraestrutura de rede da Deutsche Telekom e a operadora estava de mãos atadas porque não era aceitável bloquear o acesso dos seus utilizadores a estes serviços online. A única saída para a operadora era recorrer ao tribunal.
Não é a coima, mas sim o que a sentença implica
Nas alegações ao tribunal de que a Meta tem um poder negocial absoluto pelo facto de ter a capacidade de bloquear o tráfego para os seus serviços, o tribunal alemão reconheceu que a Meta e a Deutsche Telekom estão em condições de igualdade negocial, uma vez que existe uma situação de dependência entre os dois modelos.
Na realidade, nenhum serviço de conteúdos online poderia ser viável sem o serviço das operadoras, tal como as operadoras não incentivariam a utilização das suas redes pelos seus utilizadores se não houvesse conteúdos para consumir.
Este reconhecimento abre um precedente jurídico que reconhece a exigência das operadoras de estabelecer uma "quota-parte" justa para que as grandes empresas tecnológicas e as plataformas de streaming assumam parte do custo de implantação e expansão das redes de dados, que atualmente é suportado pelas operadoras de comunicações.
Leia também:
E as Operadoras devem bagar ás Bigtech uma taxa referente aos serviços vendidos devido ás Bigtech!
Não percebo nada desta notícia.
As operadoras não cobram aos clientes o tráfego?
Se eu passar o dia todo a ver vídeos hd/4k no Youtube no telemóvel atinjo o limite de dados rapidamente e se quiser continuar tenho de pagar mais à operadora.
Se usar a net em casa no desktop sem parar, as operadoras costumam reduzir a velocidade ou notificarem-nos “gentilmente” que estamos a infringir a política responsável de uso de dados.
Dados são dados e estão definidos e limitados entre o utilizador e a operadora.
Porquê empresas pagarem à operadora por um serviço que a operadora já recebe do utilizador?
No meu entendimento ( se puderem esclarecer se assim é, agradeço ), a operadora aloca um X ao fornecedor, a Meta para poder responder à demanda dos utilizadores.Contudo, tal situação, poderia violar um principio que os EUA têm estado a debater-se que são as regras de neutralidade de Internet ( mais uma vez posso estar equivocado ) que ditam que nenhuma operadora pode discriminar o tráfego, aumentando ou prioritizando conforme pagamento. Não tenho conhecimento das regras a nível europeu mas assumo que existam estas regras na Europa. Agora o artigo dá-me a entender que a Meta contratou linhas exclusivas para enviar os seus dados, logo, a operadora violou as regras da neutralidade abrindo porta À discriminação de tráfego de dados. Um precedente perigoso.
Serve para ganhar a dois carrinhos. Duplo rendimento.
Está certo, então as operadoras devem pagar pelas frequencias que atravessam a minha casa e o meu quintal.
Se essas frequencias não passarem pelo meu ar e pela minha propriedade as operadoras não conseguiriam prestar o serviço.
Deixe eu ver se entendi, a operadora oferece um serviço ao cliente, muitas vezes para conseguir tornar seu produto atrativo, e acham ter o direito a cobrar algo?
Nós, enquanto clientes, não pagamos pelos dados consumidos? Se minha operadora me oferece um beneficio, qualquer custo deve caber a ela.
Ridículo.
Próxima:
As Big Tech e as operadoras devem pagar aos nossos pais por terem dado vida aos seus novos e não tão novos clientes.
Quando é preciso ir buscar taxas os governos da UE são mestres…
Nos somos o produto e o consumidor
Isto e ridículo nós como clientes finais pagamos a utilização da nossa linha, qualquer big tech paga para ter saída nos seus data centers que não deve ser pouco e as operadoras ainda querem mais ??
Vamos a um exemplo pratico, eu pago uma linha para ter um servidor web na minha empresa os meus clientes pagam a linha na sua empresa para acederem, e ainda assim a operadora acha-se no direito de cobrar pelo tráfego que passa por todos os cabos que estão entre a minha empresa e o cliente meio ?
Daqui a pouco vamos medir o comprimento do cabo de ponta a ponta e cobrar ao metro !!!
Esse é outro dos “problemas” houve uma altura em que se utilizava muito os data centers das operadoras, nessa altura não se queixavam porque recebiam uma €€€€ por isso.
Agora está tudo a apostar na Clould/AWS/Azure. As big tech estão a comer grande parte do €€€ que vinha nessa area.
Em vez de se adaptar criam estas barreiras, é até o dia que apareca uma operadora destas empresas
Se puxam muito a corda as big tech criam a sua propria operadora/ISP e ai comecam a perder os clientes.
Uma Google, Amazon ou Apple facilmente criam um ISP.
Imaginem uma Assinatura Amazon Prime com tudo ilimitado, incluindo acesso á internet.
Ahahaha! e como é que tinham acesso às redes para fazerem passar os dados? Achas que a internet é uma coisa suspensa no ar? Não precisas de antenas, cabos, modems, repetidores de sinais! Sabes o que é a MEO a Vodafone e a NOS? Achas que são o quê lojas de telefones e mais nada?
É só ridiculo.
Não está difícil de entender, o cliente paga o acesso ao serviço (net) as bigtech têm de pagar os dados que geram e as frequências que ocupam na net, qual é a dificuldade? As bigtech têm de pagar a infraestrutura que usam