Não há dúvida que a Internet da Starlink foi uma das maiores “armas” que os ucranianos receberam para combater o inimigo, numa guerra que lhes entrou pelas fronteiras. Depois da Rússia ter tentado aniquilar as comunicações do país de Zelensky, e proibir a utilização do espaço aéreo sobre a Ucrânia, restou… o espaço. Contudo, quase 9 meses de guerra deixam uma conta de internet pesada nas mãos de Elon Musk, que, ao que parece, quer que seja o Pentágono a pagar.
No Twitter, rede social preferida do multimilionário americano, este trocou já alguns tweets curiosos e até foi “insultado”. O embaixador da Ucrânia na Alemanha mandou Musk “fuck off.”… desaparecer! Então, e agora?
Starlink Ucrânia: Elon Musk não está a gostar “da conta da internet”
Desde que começaram a chegar à Ucrânia, na primavera passada, os terminais de internet via satélite Starlink (fabricados pela SpaceX de Elon Musk) são uma fonte vital de comunicação para os militares ucranianos, permitindo que eles lutem e permaneçam conectados mesmo quando as redes de comunicações móveis e internet estão destruídas no seu território, invadido pela Rússia.
Segundo informações, até agora, cerca de 20.000 unidades de satélite Starlink foram doadas à Ucrânia. Pelo menos foi o que Musk tweetou na sexta-feira, ao dizer que “a operação custou à SpaceX US $ 80 milhões e excederá US $ 100 milhões até o final do ano”.
Bad reporting by FT. This article falsely claims that Starlink terminals & service were paid for, when only a small percentage have been.
This operation has cost SpaceX $80M & will exceed $100M by end of year.
As for what’s happening on the battlefield, that’s classified.
— Elon Musk (@elonmusk) October 7, 2022
Contudo, estas contribuições de caridade podem estar a terminar, já que a SpaceX alertou o Pentágono que deixará de financiar o serviço na Ucrânia, a menos que os militares americanos “suportem” esta doação com dezenas de milhões de dólares por mês.
Foi reportado pelos meios de comunicação americanos que no mês passado a SpaceX enviou uma carta ao Pentágono onde referia que já não pode continuar a financiar o serviço Starlink como o fez. A carta também solicitava que o Pentágono assumisse o financiamento para o governo e uso militar da rede Starlink na Ucrânia.
Isto porque a SpaceX alega que esta ajuda custará à empresa mais de 120 milhões de dólares até ao final do ano e poderá custar perto de 400 milhões de dólares para os próximos 12 meses.
Entre os documentos SpaceX enviados para o Pentágono encontra-se um pedido direto anteriormente não relatado feito a Musk em julho pelo General Valerii Zaluzhniy, comandante dos militares ucranianos, para quase 8.000 terminais Starlink a mais.
Os documentos, que não foram comunicados anteriormente, fornecem uma repartição rara dos números internos da próprio SpaceX no Starlink, detalhando os custos e pagamentos associados aos milhares de terminais na Ucrânia. Também lançam nova luz sobre as negociações nos bastidores que forneceram milhões de dólares em hardware e serviços de comunicações à Ucrânia a baixo custo para Kiev.
O CEO da SpaceX terá falado com Putin sobre a guerra?
Estes documentos aparecem entre os relatos recentes de amplas interrupções no Starlink, enquanto as tropas ucranianas tentam retomar o território ocupado pela Rússia nas partes leste e sul do país.
Fontes familiarizadas com as interrupções disseram que de repente afetaram toda a linha de frente como estava em 30 de setembro.
Isso afetou todos os esforços dos ucranianos para ultrapassar essa frente. A Starlink é a principal forma de comunicação das unidades no campo de batalha.
Disse uma fonte familiarizada com as interrupções que relatou à CNN EUA sob condição de anonimato.
Outras informações reportam outro tipo de situação. Segundo informações, as forças ucranianas não informaram das duas movimentações. Como tal, quando a Ucrânia liberta uma área, tem de haver um pedido para que os serviços Starlink sejam ativados naquela região em específica.
O Financial Times relatou pela primeira vez as interrupções que resultaram numa perda “catastrófica” de comunicação, disse um alto funcionário ucraniano. Num tweet respondendo ao artigo, Musk não contestou a interrupção, dizendo que o que acontece no campo de batalha é confidencial.
Bad reporting by FT. This article falsely claims that Starlink terminals & service were paid for, when only a small percentage have been.
This operation has cost SpaceX $80M & will exceed $100M by end of year.
As for what’s happening on the battlefield, that’s classified.
— Elon Musk (@elonmusk) October 7, 2022
A sugestão da SpaceX de parar de financiar o Starlink também ocorre no meio de uma crescente preocupação na Ucrânia com a lealdade de Musk. Musk recentemente twittou um controverso plano de paz que faria a Ucrânia desistir da Crimeia e controlar as regiões orientais de Luhansk e Donetsk.
Aliás, Musk foi mesmo acusado de ter falado com Vladimir Putin antes de postar uma investigação no Twitter com as suas sugestões para acabar com a invasão russa da Ucrânia.
Hi @elonmusk Is this true?https://t.co/C4tLJ1HtPy
— Sven Henrich (@NorthmanTrader) October 11, 2022
Elon Musk negou tudo e o vice-primeiro-ministro da Ucrânia veio também ontem por um pouco de “água na fervura”, ao dizer que mais de 100 mísseis de cruzeiro atacaram infra-estruturas de energia e comunicações da Ucrânia e que o exército contou com os serviços Starlink para restabelecerem rapidamente a ligação em áreas críticas.
Além disso, reforçou também que a Starlink continua a ser uma parte essencial das infra-estruturas críticas.
Over 100 cruise missiles attacked 🇺🇦 energy and communications infrastructure. But with Starlink we quickly restored the connection in critical areas. Starlink continues to be an essential part of critical infrastructure.
— Mykhailo Fedorov (@FedorovMykhailo) October 12, 2022
Em resumo, esta guerra tem um custo elevado de recursos financeiros e está a fazer doer muito na carteira e as queixas já são audíveis! Contudo, o número de vidas perdidas… não tem preço! Nesta guerra, será a internet “a mãe de todas as armas”?