Para onde caminha o mundo das Telecomunicações?
Por Justino Lourenço Docente do ISPGaya
As várias soluções disponíveis no segmento das redes móveis rapidamente se transformam em ferramentas que usamos e abusamos no nosso dia-a-dia. O que esperar a nível de inovações e desafios, nesta área, no curto-prazo? Como iremos continuar a interagir com os vários dispositivos móveis?
Cada vez mais iremos estar mergulhados em constantes iterações com as redes sociais e soluções LBS (Location Based Services), deixando a nossa “Pegada Digital” espalhada pelo ciberespaço?
A constante evolução das soluções dos operadores móveis, têm surpreendido tudo e todos. A capacidade de inovação tem vindo a fazer crescer os serviços disponibilizados ao cliente final.
A voz, que historicamente foi a principal contribuição para o ARPU (Average Revenue per User), parece rapidamente diluir a sua importância no meio dos Gigas e Terabytes que viajam nas redes móveis, fruto do crescimento da venda de uma série de dispositivos móveis (smartphones, tablets, Notebooks e consolas de jogos). A taxa esperada de crescimento do trafego móvel, tem levado a que os operadores estudem soluções para migrarem, nalguns cenários, os clientes da rede móvel para redes Wi-Fi. Será assim de esperar que a voz venha a ser um serviço tendencialmente gratuito?
O Hardware que faz parte dos dispositivos enfrenta igualmente vários desafios. Com a exceção de alguns nichos de mercado, muito particulares, os fabricantes de dispositivos móveis já perceberam que o display deve ter uma dimensão razoável, tendo esta sido uma das formas encontradas, para agilizar a utilização do dispositivo. Esta tendência de reduzir de certa forma o tamanho do display dos dispositivos, deveria aparentemente estender a capacidade das baterias e assim ganhar uns pontos no problema da autonomia dos dispositivos (que apesar deste esforço é notoriamente um problema). Os processadores têm vários núcleos e a velocidade de relógio tem aumentado. No entanto, esta conjugação de fatores, parece fazer os utilizadores voltarem a passar pelas “agruras” dos primórdios do 2G, onde antes do fim do dia, têm de correr para uma tomada elétrica para carregar o dispositivo.
Será interessante analisar igualmente o avançar das soluções em Cloud, que mudam o paradigma do desenvolvimento e utilização dos nossos dispositivos móveis. Num cenário de conectividade global, acesso a várias soluções de ligação (do 3G, 4G ao WLAN) e com os constrangimentos no desenvolvimento de hardware cada vez mais exigente, não deverá tardar muito a que surja uma mudança do paradigma em vários sectores da informática e das telecomunicações: aplicações e dados alojados na nuvem, libertaram o ónus do processamento e armazenamento dos vários MegaBytes de informação que viajam ao longo do dia nos nossos vários dispositivos. Conseguiríamos assim, ter dispositivos móveis, desde notebooks a consolas de jogos, com autonomias estendidas, onde os processadores seriam libertados de uma série de tarefas de processamento pesadas e que exigem recurso da bateria. Temos um preço, para esta solução? Sim as redes móveis terão um teste difícil, o de suporte de um ainda maior volume de trafego.
A Electronic Wallet deverá igualmente ser uma solução a curto-prazo, a massificação da integração de soluções NFC nos dispositivos móveis irá permitir a integração de mais uma funcionalidade no nosso smartphone, tablet ou até mesmo consola de jogos. Da mesma forma que a música dos Buggles - Video killed the radio star (1979) lançava um vaticínio, certamente que os vários cartões de fidelização e bancários que pesam na nossa carteira, passarão a estar residentes nos nossos dispositivos móveis, permitindo duma forma mais cómoda gerir as várias iterações do nosso dia-a-dia (quem não se lembra do que aconteceu ao mercado dos GPS portáteis, com a integração desta funcionalidade no smartphone).
Os serviços LBS (Location Based Services), que continuam a apresentar um sem número de potencialidades a explorar, parecem ainda circunscritos ao Google e às redes sociais. Um leque impressionante de novos serviços poderá ser explorado, integrando o LBS em plataformas de comércio electrónico ou até mesmo servindo de suporte a lojas físicas, em serviços públicos, etc.
Por último, creio que todos estamos com curiosidade em relação ao futuro das redes sociais. Estas, mudaram radicalmente a forma como as pessoas se expõe on-line, além do relacionamento social convencional, surgiu o relacionamento social digital com todas as vantagens e desvantagens inerentes (que o digam, aqueles que na empresa têm problemas com mensagens publicadas no Facebook). Aparece o conceito da “Pegada Digital”, que permanece na rede replicada por vários sites, atestando o nosso posicionamento na Internet ao longo da nossa vida.
Para finalizar, será de questionar:
o que seria o nosso dia-a-dia, se estivéssemos no auge da década de 90, onde a crise financeira ainda não se manifestava e o ritmo de investimento e criação de novas empresas e novos serviços estava perto da velocidade da luz?
Este artigo tem mais de um ano
Sem dúvida, os meus parabéns por este artigo 😀
O meu obrigado!
…ispgaya???
http://www.ispgaya.pt/
.. e foi meu professor! 🙂
tenho que discordar com a ideia de que a mudança de processamento e acesso a dados para a nuvem vai aumentar a autonomia dos dispositivos móveis, bem pelo contrário. As comunicações rádio é dos componentes que mais energia consome num telemóvel… manter permanentemente a ligação para poder fazer coisas é meio caminho para ficar sem autonomia. Obviamente que à excepções a isto, mas são casos muito específicos de processamento intensivo, e o facto é que os processadores móveis são cada vez mais eficientes e poderosos.
Para que o paradigma da nuvem realmente funcione bem nos dispositivos móveis, será necessário melhores baterias e maior eficiência nas comunicações rádio. Tal será apesar dos problemas de autonomia e não para resolver os problemas de autonomia!
Efetivamente, concordo que o bloco de rádio é o elemento que mais contribui para o consumo de energia num dispositivo móvel. No entanto, há medida que os utilizadores necessitam de mais largura de banda, as células de comunicação terão que convergir para áreas menores, com o estado atual da tecnologia tem sido esta a forma de garantir mais disponibilidade de banda por utilizador. O 4G numa fase madura e o 5G, associado ao crescimento exponencial de dispositivos móveis on-line a isso obrigará.
Reduzindo a dimensão da célula de comunicação, iremos necessitar de menos potência no uplink e downlink, isto porque a distância é mais curta – logo menor necessidade de potência, mas também porque reduzir a potência irá reduzir o risco de interferência em células vizinhas.
Num cenário de funcionamento em cloud, se for retirada a parcela devida ao, processamento intensivo obviamente que a autonomia aumentará (também com a contribuição da redução de potência rádio envolvida, obviamente) – foi esse o meu raciocínio no artigo.
Atualmente, já existe esse “retirar” de processamento à procura de melhores autonomias, quando encontramos notebooks (ou netbooks) com processadores “humilides” com o relógio mais modesto – estamos a retirar capacidade de processamento para conseguir autonomia.
Tendp em conta o que está envolvido na maioria das interacções com a “nuvem”, na maioria dos casos o seu uso em vez do processamento local será pior para a autonomia, mesmo aumentando a eficiência do rádio. Esta situação nem sequer é pela largura de banda, mas pelo consumo base e pela troca permanente de dados, e por a grande parte do processamento envolvido ser pouco intensivo ou envolver bastante interacção do utilizador!
Quanto a ““retirar” de processamento à procura de melhores autonomias”, isso ocorre desde sempre, e nada tem a ver com o caso da “nuvem”! São os compromissos tomados, ajustados à prioridades dos dispositivos, que permitem que a maioria das funções necessárias sejam feitas de forma mais eficiente sem grande perda aparente de performance. Isto porque se chegou ao ponto em que na maioria das situações não se tira proveito de toda a potência de processamento disponível!
É em tudo idêntico à comparação entre carros com potências diferentes quando usados na cidade… todos acabam por demonstrar desempenho idêntico, sendo apenas diferentes, basicamente, na eficiência (consumo)
O que eu quis salientar é aquilo que o mercado nos oferece – no contexto atual (não naquele que vaticinei): menor capacidade de processamento e forte dependência de comunicações com maior autonomia.
Concordo, os processadores (por exemplo o Intel -Atom ) foram concebidos porque se apercebeu que nalguns segmentos, não havia o explorar de todas as funcionalidades/capacidade de processamento mas também porque já nessa altura se procurava menor consumo logo mais autonomia.
Sim, o exemplo do automóvel é excelente: um automóvel com mais potência tem melhores performances e consome mais em cidade e em estrada (se usarmos a “sua capacidade de processamento” – analogia com os processadores) supondo que não existe o limite de 120km.
Onde está a novidade ?
Não é novidade…é artigo de reflexão/opinião
Concordo com o comentário…. não há novidade nenhuma. O artigo está interessante… o título é que engana…
Parabéns pelo artigo. Está bem conseguido!
Obrigado.
A tecnologia sempre a evoluir! Muito bom.
Rui de Troia
Vídeo interessante:
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=MRG8eq7miUE
Daqui a 12/13 anos os computadores vão ter um poder de processamento igual ao cérebro humano. 😉 (isto claro se a lei se manter)
Matrix is coming? 😀
Dream on….
Muito bom professor, bom trabalho!
Viva
É possível arranjar-me o seu contato de e-mail? Precisava de umas sugestões para um trabalho de comunicações móveis.
Obrigado!
Está no site do ISPGAYA:
http://www.ispgaya.pt/instituic/contactos.htm
Quase no fim 🙂
Enviado. 🙂
Artigo interessante e tal.. mas…
Não deixo de ter dizer que fiquei desapontado. De um artigo intitulado “Para onde caminha o mundo das Telecomunicações” eu esperava de facto conhecer alguma teoria nova. Algo que realmente me dissesse onde iríamos estar na próxima década.
Em vez disso, encontro um artigo que apresenta nada mais do que uma pesquisa de 5 minutos de Google nos mostra como a ACTUALIDADE das telecomunicações…. Todas as soluções apresentadas existem como aplicações usadas diariamente. Quiçá não em Portugal onde a ubiquidade de um plano de dados não é tão presente mas já a é noutros países da Europa.
Para além disso, misturam-se temas… Location Based Services: como o nome indica, é uma propriedade que faz parte do mundo do serviço… não das telecomunicações.
Faltou falar de:
– Convergência: a utilização da rede WiFi como extensão seamless da rede 3G/4G é algo que começa a ser MUITO requisitado pelas operadoras. Não soa a nada de novo? Quando chegarem a um centro comercial e deixarem de ter problemas de cobertura perceberão… Será uma realidade próxima.
– Software Defined Networks: E se em vez de configurar uma centena de equipamentos de diferentes vendors simplesmente programássemos aquilo que se materializará em rotas e prioridades? Será uma realidade próxima.
etc etc etc….
Era giro daqui a uns anos, termos telemóveis com a esturura mais simplificada e volume reduzidos, consistindo sobretudo num terminal de acesso à rede, por onde executaríamos as nossas tarefas cloud-based e o telemóvel por via da exteriorização do trabalho de cálculo, podia ser mantido apenas com a energia colhida da radiação difundida pelas antenas.