Espaço de discussão: Segurança e regras do Facebook
Ontem, em conversa com um colega, era referia-me se estava a par do que tinha acontecido com o perfil da Câmara Municipal do Porto (CMP). Como ainda era cedo e não tinha lido qualquer notícia fiz de imediato umas pesquisas para saber o que se tinha passado.
Os artigos que li inicialmente apontavam para um “ataque” ao perfil da CMP mas depois de mais alguns desenvolvimentos parece que tudo não passou de uma má interpretação dos termos de utilização do serviço da rede social Facebook.
Como todos sabemos, as redes sociais estão na moda e o Facebook conseguiu chegar a todos os segmentos da nossa sociedade. O caso da CMP leva-nos a refletir sobre algumas questões que se prendem com a segurança e regras de utilização dos serviços. Segundo a pópria CMP, “o espaço da instituição foi silenciado e Surpreendentemente desactivado por desconhecidos”.
Se analisarmos actualmente a acção dos organismos/instituições/outros nas redes sociais, verificamos que muita da informação veicula pelas redes sociais, estando esta apenas “protegida” pelo conjunto: e-mail + password (muita das vezes fraca), e que nem sequer pertence ou está sob domínio da organização/instituição. A “cara” das organizações/instituições deixa de estar apenas centrada no site institucional passando também a estar espelhada na rede social.
E se alguém conseguir descobrir “aquela password" que serve de único mecanismos de segurança de acesso ao perfil da instituição? Será que o Facebook nos resolve o problema?
Por outro lado temos os termos de utilização dos serviços (que estão em letras mais pequenas, são maçudos de ler e que quase nunca lemos. vejam o exemplo dos termos de utilização do facebook aqui). Ao que tudo indica, a desactivação do serviço deveu-se a um incumprimento dos termos de serviço uma vez que a CMP usava um “perfil pessoal” em vez de uma “página de fãs”. Segundo os termos de serviço do facebook, os “perfis pessoais” são destinados a pessoais individuais e não podem ser usados por empresas/organizações/intuições sendo que neste caso deveria ter sido usado um “página de fãs”. Segundo os termos de utilização, as páginas de fãs no Facebook podem enquadrar empresas/organizações/instituições (saber mais aqui).
Após a leitura de um artigo no JN, soube que este não é o primeiro caso em Portugal e qual algo semelhante já tinha ocorrido com a Universidade do Porto.
Tendo em conta a importância que as redes sociais têm hoje na nossa sociedade, e sabendo que actualmente são mais de 350 milhões os utilizadores que fazem parte da rede Facebook, é hora de questionar
Qual o nível de segurança destas redes sociais e que poder têm elas sobre a nossa sociedade?
Este artigo tem mais de um ano
O mesmo aconteceu ao perfil do jornal “i” e ao autor do “Cyanide and Happiness” (http://forums.explosm.net/showthread.php?t=71792).
Referi-me a este assunto no meu blog no passado mês de Agosto, num post intitulado «16 Razões para criar uma página de fãs no Facebook»
– http://blog.miguelbraga.net/razoes-para-criar-uma-pagina-de-fas-no-facebook
É o Facebook a proteger a privacidade dos seus utilizadores.
Interessa-me seguir a instituição, mas não quero que ela saiba informação que só partilho com amigos.
Faz todo o sentido.
Criar uma pagina de fãs para um site, por exemplo, é um serviço gratuito certo?
É gratuito mas não é a mesma coisa que um perfil! Não tem limitações de pessoas mas nas fotos não podes identificar pessoas que tenham carregado em GOSTO… apenas os amigos dos perfis podem ser identificados
Sim é gratuito, mas o conceito é ligeiramente diferente do perfil de uma pessoa individual.
Aqui não se trata apenas de um mau uso por não se ter lido as instruções!
– Um perfil é para pessoas e por isso podemos ter amigos. Os amigos têm de ser aprovados pelo autor do perfil. Se uma instituição quiser ter um perfil gerido por duas pessoas implica partilhar a senha e vai ser problemático quando os dois se autenticam ao mesmo tempo. O limite de amigos é 5000 (A CMPorto dizia que tinha mais de 5000 mas é euforia pura!)
As páginas facebook destinam-se a instituições ou produtos. As pessoas carregam em “GOSTO” (não existem fãs em português!) e ficam com essa página nos seus favoritos e acompanham no seu feed. Não existe limite de pessoas que GOSTem da nossa página e não é preciso aprovação.
Em termos de conteúdo é quase tudo igual mas as páginas podem ter vários perfis como administradores e não têm limites de seguidores.
Onde estão as limitações das páginas?
1- Os perfis podem ser ligados a sites sociais e com actividades sincronizadas. Exemplo no youtube: carrega-se num vídeo em GOSTO e o artigo surge logo na nosso perfil. Para que apareça nas páginas temos de copiar e colar o link do vídeo no mural da página
2- Para identificar pessoas numa foto só podemos usar os nossos que estiverem na lista de amigos. E só os perfis têm amigos. Nas páginas só as próprias pessoas ou amigos delas as podem identificar.
Por exemplo a página de uma escola para identificar os alunos e professores precisa que ter um perfil onde essas pessoas sejam amigas. De contrário as páginas ficam muito fracas.
3- A autenticação em sites externos com os dados do facebook apenas se faz com um perfil. A página não fornece dados de openID ou outros para login
4- Algumas aplicações para utilização em sites (CMS) só utilizam dados dos perfis e não das páginas. Também há para páginas mas são menos.
Estas são as grandes razões para não ter apenas uma página, mas para ter também um perfil institucional.
Então como resolver o problema das regras do Facebook? Não existe mas enquanto dá vamos fazendo o que é possível e não apostar tudo no mesmo cavalo.
Depois do enquadramento, agora fica uma solução.
Na minha instituição foi elaborado uma estratégia websocial e no caso de facebook criámos um perfil e páginas temáticas.
O perfil permite agregar a presença social da instituição (youtube, slideshare, scribd, etc, etc), permite um login único e agregar amigos. Aí não colocamos fotos de pessoas. Colocámos apenas meia dúzia de fotos da instituição, uma introdução!
Para colocar as dezenas de milhar de fotografias online da instituição (muitas delas são dos últimos anos)… foram então criadas páginas temáticas. Devido ao grande número de fotos a colocar e pela necessidade em ter vários administradores por sectores da instituição, foram criadas uma página geral (a mais importante e para onde vai a maior parte de fotos) e depois mais três para 3 sectores específicos que possuem identidade muito própria. O perfil é administrador delas todas mas cada uma delas tem administradores diferentes.
Assim temos os clientes da instituição como amigos e podemos identificar as pessoas nas páginas. Elas ou amigos seus também o podem fazer nas páginas já que demos essa permissão nas configurações das páginas.
Nota: Olhando para os dados, as pessoas preferem adicionar-se como amigo do que apenas carregar em gosto (temos o dobro dos amigos em relação ao gosto!!)
E assim se um dia o Facebook decidir fechar o perfil… temos tudo na página e a perda não vai ser muita!
x2
E o Facebook tem mais de 500 milhões de utilizadores e não 350M. Anyway, o artigo faz todo o sentido assim como a acção levada a cabo pelo Facebook, já que não estavam a cumprir os termos.
http://www.facebook.com/press/info.php?statistics
Então o CEO da Facebook enganou-me. Ainda esta semana, na apresentação da funcionalidade de e-mail ele referia em 350M. Já lhe ligo 🙂
500 milhoes inscritos, 350 milhoes activos
Abres o link que eu postei em cima e a primeira frase diz o seguinte: “More than 500 million active users”.
@Pedro Pinto, já agora convida-o a vir a Portugal provar o vinho do Porto, pode ser que ele tenha uma tardezita livre e aproveite 🙂
Ora aqui está um artigo deveras interessante e que a mim já me “tocou na pele”.
Eis que num dia, introduzo o email e a password da minha conta do facebook e surge a mensagem ” a sua conta foi desactivada”… desactivada?! mas por quem?! Depois de entrar em contacto com os Srs. administradores da rede social facebook, recebo a resposta que devido ás politicas de privacidade do facebook, a minha conta teria sido desactivada e que seria impossivel retomar a sua activação…
É assim e mai nada! Queres queres se não queres não voltes cá mais!
Será esta uma atitude correcta por parte do facebook?
“É assim e mai nada! Queres queres se não queres não voltes cá mais!”
Isso é óbvio, é o brinquedo deles e se não te quiserem lá não brincas. Qual é a surpresa? Aqui não se trata de direitos ou deveres, trata-se da decisão de um privado. Se é bom para eles ou não, enquanto não tiverem concorrência estão pouco preocupados.
O que poderia ter interesse sobre a tua experiência para nós era saber qual a razão que achas que os terá levado a excluir a tua conta! Mesmo que não te tenham dito nada!