3ª Security Blogger Summit – Ciber-activismo e ciber-guerra
A 3ª Security Blogger Summit realizada a semana passada em Madrid e na qual o pplware esteve presente (ver aqui), destacou o ciber-activismo e a ciber-guerra e os novos perigos para utilizadores e instituições na Internet. A discussão centrou-se em torno dos mais recentes exemplos destes fenómenos emergentes, da cooperação internacional e dos limites a estas actividades na Web. A discussão centrou-se ainda nas novas tendências para 2011 e no enquadramento legal contra este tipo de actividade na Web.
Este ano, a Cimeira organizada pela Panda Security colocou-se entre os principais eventos para bloggers a nível mundial, comprovado pelos mais de 300 especialistas e bloggers relacionados com tecnologia e segurança informática que marcaram presença.
A Cimeira reuniu um conjunto de oradores e jornalistas de renome, como Enrique Dans, Chema Alonso e Rubén Santamarta, para além de Elinor Mills e Bob McMillan, dois dos jornalistas mais proeminentes na área da segurança informática nos EUA. Todos coincidiram na opinião sobre a importância destes ataques coordenados a nível mundial a instituições internacionais.
Ciber-activismo: protestos e demonstrações na Internet
A 3ª Security Blogger Summit arrancou com o discurso de Enrique Dans, reconhecido blogger e professor na IE Business School, que se focou no papel do ciber-activismo em recentes revoltas como as do Irão, Tunísia ou Egipto. Adicionalmente, insistiu no conceito de que as redes sociais derrubaram as barreiras do activismo, justificando que “Ao reencaminharem um tweet, acreditem que já estão a fazer parte de um movimento ciber-activista.”
Relativamente aos eventos recentes, como o WikiLeaks e os ataques na Web em defesa de Julian Assange, Enrique Dans explicou que “Não existe forma de parar um fenómeno como o WikiLeak. No futuro, qualquer um poderá divulgar informação relevante de um website, por mais contaminante que possa ser.”
Bob McMillan, de São Francisco, jornalista na área da segurança informática, explicou que, na sua opinião “O WikiLeaks é tão importante como o The New York Times”. “O WikiLeaks ajudou aqueles que pretendiam expor informação sensível, e pensar em alterar a legislação no seguimento de um ataque de negação de serviços como o da “Operação Vingar Assange” é algo muito difícil, mesmo que estes exemplos de ciber-activismo nos possam parecer legítimos”.
Durante o debate moderado por Josu Franco, Corporate Strategy Director da Panda Security, Elinor Mills, Redactora Sénior da CNET News sobre problemas de segurança, e com mais de 20 anos de experiência no campo da segurança, indicou que “As pessoas substituíram os encontros de vizinhos por ferramentas baseadas na Internet”.
Chema Alonso, Engenheiro Informático graduado na URJC com pós-graduação em Sistemas Informáticos e autor do blog “Un Informático en el Lado del Mal”, acrescentou que “A evolução técnica mudou o modo como as pessoas se expressam, e actualmente já não é necessário reunir 3 milhões de pessoas para atrair alguma atenção”.
Rubén Santamarta, investigador informático com mais de 10 anos de experiência nos campos da retro-engenharia e segurança informática, indicou que “O ciber-activismo nasceu da situação global em que vivemos”.
Questionado pela audiência, Santamarta argumentou sobre a legalidade do ciber-activismo vs. a aparente legitimidade de iniciativas por trás deste. “Os utilizadores querem honestidade, e esse é o ponto-chave do WikiLeaks”.
“O aspecto preocupante é a falta de reacção dos governos em todo o mundo após a divulgação de toda esta informação por parte do WikiLeaks”, referiu Enrique Dans.
Ciber-guerra: Realidade versus sensacionalismo
Os participantes da Cimeira discutiram alguns dos exemplos mais relevantes da ciber-guerra, como os alegados ataques às centrais nucleares Iranianas com o Trojan Stuxnet, e a Operação Aurora, relativa aos ataques à Google com origem na China para roubo de informação empresarial.
Elinor Mills e Bob McMillan coincidiram no ponto em que o termo “ciber-guerra” é “demasiado exagerado” para os actuais eventos. “Ainda se desconhece a dimensão real da uma ciber-guerra, e torna-se fácil confundi-la com espionagem ou mesmo ciber-crime” explicou Elinor Mills. Bob McMillan acrescentou que “Apesar do Stuxnet ter sido utilizado como uma ciber-arma, isso não significa que estejamos já perante uma ciber-guerra. Se realmente houvesse uma ciber-guerra, esta seria numa escala global, tal como as duas Grandes Guerras do século 20.”
Por outro lado, Rubén Santamarta insistiu que a ideia do fenómeno da ciber-guerra se encontra no seu estágio inicial e que provavelmente se tornará realidade nos próximos 10 anos. “Estamos a falar de uma guerra sem exércitos. É uma guerra de quarta geração em que se torna possível danificar um país sem ter que o invadir com soldados. Um país poderá controlar outro através da Internet ainda antes de ser declarada guerra entre ambos.”
Santamarta expressou ainda a sua esperança de que “Nem todos estão dispostos a lançar ataques como estes”. Para finalizar, Chema Alonso afirmou que “Felizmente, muito poucas pessoas actualmente o conseguem executar, porque são necessários conhecimentos extremamente avançados”.
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Me too
Vamos ver o que o futuro nos reserva relativamente ao Ciber-activismo e ciber-guerra. Mas que dá que pensar…lá isso dá!
Se reunem pra falar o que todo mundo já sabe.
Sem comentários
Excelente artigo…
Mesmo muito interessante!
sim, as ciberguerras já existem, e estão bem activas, e vêm nas notícias, só não lhe dão esse nome. A Google trava uma guerra com a China à bastante tempo… por exemplo…