E Porque Hoje é Sexta
MusicóMania Porque Hoje é Sexta
A música terá a sua génese, provavelmente na pré-historia ! Originalmente através de onomatopeias, evoluindo paralelamente ao desenvolvimento da espécie humana. Hoje, será algo imprescindível no nosso dia a dia, arte sensorial, étnica e idiossincrásica. Aqui, combateremos as migraneas, com algumas sugestões, novidades, tesouros esquecidos, lançando-vos o repto, porque para os verdadeiros melómanos, o prazer não se deve procrastinar.
Esta semana em destaque:
No passado dia 6 de Fevereiro, completou-se o 1º aniversário do Musicómania.
A primeira edição, começou com Soft Kill, Sad Lovers & Giants, John Abercrombrie, Conam, os Portugueses Killimanjaro ou os Angra com sotaque, entre 10 sugestões no total.
Pelo meio, tivemos edições dedicadas às “Silly Season Partys”, aqui e aqui; outras, aproveitando a chegada do Estio, imbuídas daquela maviosidade aconchegante, aqui, aqui e em dose tripla. Tivemos também, duas exclusivamente em Português, com e sem sotaque , para além das sugestões habituais, sempre incluídas nas edições semanais.
Demos notícias, apresentamos festivais, roteiros, novidades quentinhas a sair do forno. Ficamos a aguardar o vosso feedback.
Se costumam ver a página e ouvir as sugestões, ou se apenas a “cuscam”, se foi uma mais valia ou nem por isso. Se atraí a atenção ou passa despercebida.
Esta é da minha autoria, o Vítor M, apenas faz a formatação/edição ; por isso, se quiserem dar “pau”, poupem-no a ele, que eu até tenho “costas largas”….mas em V, não U!
Hoje, vamos recordar algumas das epifanias melómanas, que evolaram por aqui, ao longo dos meses. Não à guisa de “Best of”, mas apenas, de uma maneira descontraída em formato de “amostragem”.
1 - Bizarra Locomotiva (PT)
Os leucócitos estão de volta, para combater as enfermidades sonoras do ano ! Após 22 anos de carreira, o seu rock industrial esta cada vez mais apurado e melhor que nunca. Apontem aí no vosso Evernote, porque esta será uma das melhores edições de 2015.
2 - Joy Division
Manchester não da apenas grandes clubes de futebol, também tem dado bandas icónicas, que trazem lufadas de ar fresco e inovação ao mundo melómano. Relembramos uma das suas bandas de culto, a propósito da reposição no AXN Black HD, esta semana, do filme “Control”, que retrata a vida de Ian Curtis e o trajecto do grupo.
Formados num acaso em 1976, durante um concerto dos Sex Pistols, ainda como Warsaw, alteraram para Joy Division, nome dado a área, onde as mulheres judias dos campos de concentração, eram oferecidas aos soldados nazis. Assinaram pela mítica, Factory Records. Começaram pelo post-punk, caminharam pelo post punk revival, e estiveram na génese da New Wave. Ian, ouvia primeiro o dub musical e so depois inseria as suas letras, depressivas, melancólicas e intimistas, que reflectiam o seu próprio quotidiano. Dividido entre uma dicotomia amorosa e as crises cada vez mais frequentes de epilepsia, foi-se isolando cada vez mais. Acabando por se suicidar, por enforcamento, na sua própria habitação, com apenas 23 anos.
Com a sua orfandade, a banda extinguiu-se. Felizmente os restantes 3 membros, formaram um novo projecto, New Order, que de uma forma eficaz, continuaram o legado. Foram das bandas que teve mais edições póstumas, que em vida, com apenas dois 33 rotaçoes de estudio e alguns 7 e 12 polegadas. Marcaram toda uma geração e as décadas seguintes.
3 - King Sunny Adé
A Nigéria, não é apenas um dos maiores produtores de petróleo. A sua musica é rica e multifacetada. Conhecido como o “ministro do divertimento”, nascido em 1946, hoje trazemos um dos reis da Jùjú music, com ritmos quentes e mais alternativos, no contexto dos sons africanos. Ficou famoso, em finais dos anos 70 e década de 80, quando viajou pelo mundo, divulgando a sua arte e os seus ritmos contagiantes.
4 - Nazareth
Nem só de whisky, vive a Escócia, também tem outros “tesouros escondidos” ! Quando penso neles, vem-me sempre a memória a capa de “ Play n The Game” do longínquo ano de 1976. Fecho os olhos e imagino-me num daqueles pubs Anglo-Saxónicos, a meia luz, barulhentos, com toneladas de garrafas no bar, copos meio cheios, bilhares, cartas na mesa, muito fumo, aromas carregados, mulheres curvilíneas, daquelas que fazem levantar os paralelos da rua, quando passam, em fundo a voz única de, Dan McCafferty ( que abandonou em 2013, por problemas de saúde) e o som icónico da banda!
De repente, alguém me toca, acordo, abro os olhos, olho em frente, e vejo na tv, três “garranos”, que dizem chamar-se “troika” ( epá…não será demasiado efeminado ‘’’!!!), apresentam uma musa, tísica, emaciada, aparentando ter suportado um autentico tratamento de polé, que mais parece ter saído do campo de concentração de Birkenau ( não me digam que alguns insanos dementes, querem recuperar o nazismo!!!), dizem que estamos falidos, a chuva intensa, cai furiosamente lá fora, mais parecendo um qualquer castigo divino. Desisto, ponho o cd a rodar e ...volto a fechar os olhos !
5 - B.B.King – 1925-09-16 / 2015-05-14
De uma fazenda de algodão, no Mississippi, para o mundo. A sua infância tortuosa, nunca o fez desistir. Aos 9 anos, já se sustentava, nas colheitas de algodão. Depois, começou a tocar, em modo gospel, a troco de moedas. Rumou até Memphis, na altura, capital da música, no sul dos Estados Unidos. Inicialmente ajudado por Bukka White, seu primo e um dos mestres do blues na altura.foi depois de um dia ouvir, T-Bone Walker, que decidiu começar a tocar blues. Considerado um dos melhores guitarristas de todos os tempos, criou um estilo único, inimitável, onde pontificavam os solos, com pouca variedade de notas, ao contrario do que é habitual. Afirmava, que poderia conseguir transformar uma nota em mil. Na década de 50, chegou a fazer 342 concertos, num só ano!
Como disse Rui Veloso “ alguém que ao tocar apenas uma só nota, é imediatamente identificado…só pode ser um génio”. Um homem simples e cuja simpatia, nunca mais esquecerei. Naquela tarde, do ano de 1990, quando no fim da conferencia de imprensa, num hotel do Foco, no Porto, para apresentação dos seus 2 concertos no coliseu, onde também tocou com Rui Veloso, abriu as suas enormes mãos, carregadas de “badges”, umas miniaturas das suas “Lucille” e nos lançou o repto…”isto é uma pequena lembrança, do B.B.King “, até nos atropelamos, com medo que não chegasse para todos. Sim, eu conheci B.B.King, sou um privilegiado ! Obrigado e até sempre Mestre, ou Rei, ou o que te aprouver, porque tu, poderás sempre ser o que quiseres! Descansa em paz.
Hoje ficamos com ele, em dose tripla , inicialmente com Rui Veloso, no casino do Estoril em 1990, numa das 6 vezes que tocaram juntos, depois numa participação com os U2 e por fim num live histórico.
6 - Ornette Coleman
Depois do Olimpo do blues, estar de luto por B.B.King, o Olimpo do jazz, verte lágrimas sofridas, pela morte de um dos seus nomes mais importantes. Texano, da colheita de 1930, saxofonista, considerado um dos mais poderosos e controversos músicos de jazz, filósofo, teórico e inovador. Em 1960, o seu trabalho “Free Jazz”, foi a génese, de uma nova expressão, dentro do jazz.
Atou várias vezes em Portugal e numa delas, no Cascais jazz de 1971 o seu contrabaixista, Charlie Haden, acabaria mesmo por ser detido pela Pide, após ter dedicado uma música aos movimentos de libertação de Angola e Moçambique.
7 - Motorhead
Motorhead foi uma banda inglesa de heavy metal, formada em Junho de 1975 pelo baixista, cantor e compositor Ian Fraser Kilmister, conhecido profissionalmente por Lemmy, sendo o líder e membro constante da banda até à sua morte em 2015. A banda foi considerada uma das percursoras e primeiras bandas da Nova Onda do Heavy Metal Britânico, que reviveu o heavy metal no final dos anos 70 e no começo dos anos 80. Não obstante, Lemmy sempre rotulou a música dos Motorhead simplesmente de "rock and roll".
No dia 28 de dezembro de 2015, foi anunciado na página oficial do facebook da banda que Lemmy havia falecido devido a problemas de saúde. Ele tinha completado 70 anos quatro dias antes.
8 - Buena Vista Social Clube
Bolero, Salsa, Rumba, Guajira…música, animação, calor, ritmo, sensualidade… Cuba! Tudo isto acontecia neste clube de dança e atividades musicais, situado em Havana, durante as décadas de 40 e 50, quando foi fechado.
Nos anos 90, o guitarrista Norte-Americano Ry Cooder, ache que já é altura do mundo despertar de uma vez para a excelência da música Cubana e o virtuosismo de um naipe de músicos presos na cortina de fumo invisível, que envolve a pequena ilha, dos charutos feitos a mão e do sumptuoso Run. Nomes como, Compay Segundo, Omara, Portuondo, Anga Díaz, Ibrahim Ferrer, Rubén Gonzalez, Pio Leyva, tornaram-se familiares.
Através de uma parceria com outro músico Cubano, Juan de Marcos González, associaram-se com alguns dos mais afamados músicos tradicionais…e o mundo inteiro, corou de espanto, acordando num maremoto de emoções e descoberta sensorial, que nunca mais haveria de esquecer ! O realizador Teutónico, Wim Wenders, registou as suas atuações na Holanda e em Nova Iorque, acoplou entrevistas realizadas em Havana…e deu-lhes a vida eterna…mesmo antes da morte! Começou em disco, continuou com um live e acabou num filme documentário.
Em 2006, ouve um remake, com o lançamento de um novo trabalho “ Rhythms Del Mundo”, em que participaram para além das estrelas cubanas, artistas como, U2, Coldpaly, Sting, Marron 5, Arctic Monkeys, Franz Ferdinand.
Entretanto, com uma formação renovada, continuam a apresentar-se ao vivo, como Orquesta Buena Vista Social Clube. Alguns dos músicos do projeto original, já nos deixaram. Ibrahim Ferrer em 2005, Pio Leyva em 2006, Rubne Gonzalez e Compay Segundo em 2003.
9 - Keith Richards
O Mister Stones, voltou a solo passados 23 anos, com o novo “Crosseyed Heart”, o seu 3º de originais. E que regresso “Mon Dieu”. Um grande disco de rock and roll, em cenário vintage, simples, cru, poético, encorpado …AUTENTICO! Como já não se ouvia há algum tempo ! Sem esquecer a meia dúzia de baladas, um reggae e participações de Norah Jones e Aaron Neville.
E a capa…sim aquele sorriso genuíno e ao mesmo tempo, acutilante, que nos cativa logo de entrada, transmitindo uma sensação de bonomia e felicidade, que nos prepara, para o que vamos ouvir a seguir.
Dissoluto na vida, , músico e compositor brilhante (4º no top 100 dos melhores guitarristas de sempre da revista Rolling Stone ) e absolutamente hipnotizante em palco. A afinação das guitarras é única e um dos seus segredos.
Recentemente lançou farpas ao mundo do rock em geral e particularmente ao heavy metal e rap…” Soa como barulheira ensurdecedora para mim. Para a maioria das bandas, fazer uma síncope [juntar uma nota em outra] está além [da capacidade] delas. É um barulho interminável, sem balanço, sem variação, sem síncope (…) milhões são apaixonados por Metallica e Black Sabbath, mas tudo o que acho é que eram grandes piadas (…) O que o rap fez de mais impressionante, foi mostrar que há muitas pessoas sem ouvido para música. Tudo que elas precisam é uma batida e alguém gritando por cima dela, e isso as deixa felizes. Há um mercado enorme para pessoas que não conseguem distinguir uma nota da outra “.
Podem consultar aqui, 30 “desabafos” do “Enfant terrible”.
10 - Antony and the Johnsons
Esta noite, via o filme “Mapa dos Sons de Tóquio” e babava-me todo, com a minha incontrolável adição, por comida Japonesa ! Rodado também no famoso, mercado de Tsukiji de Tóquio (o maior mercado de peixe do mundo) e imediações.
Aquela variedade de peixe e afins, sempre fresco, uma limpeza e organização tipicamente nipónicas, os botecos à volta, com aquele sushi, sukiyaki, tempura e nomeadamente, o meu preferido, sashimi. Com aquele atum rabilho ( em 2013, um com 222kg, foi arrematado por cerca de 1,38 milhões de euros, não me enganei não) a ser limpo, esquartejado e fatiado, mas à maneira tradicional, com fatias mais generosas e não tanto como vai sendo usual por cá, onde com tantas “invenções”, por vezes, parece que comemos…fiambre de peixe!
Vem isto a propósito, porque lá pelo meio de uma banda sonora bem interessante, aparecia um autêntico, peixe Fugu ( sim, o tal peixe balão venenoso e que só alguns, tem permissão para o trabalhar )…Antony and the Johnsons. O Norte –Americano, que faz o chamado, pop barroco.
Há tempos que não o ouvia ! E que saudades ! Aquela voz…é magnânima, ontológica, superlativa, que nos faz sentir como um zelota, que enceta uma qualquer sedição, para reclamar o prazer supremo. Ah, voltando a Tsukiji, se forem um dia ao Japão, não se esqueçam, que por lá, o Ramen ( uma espécie de sopa, caldo, à base de macarrão, noodle, com origem na China), tem de ser deglutido, com barulho e não como no ocidente, em puro silêncio.
Hoje, terminamos com um “novo” meio de transporte ! Qual hiperloop, qual que!
Elétrico, mais de 1.000 cavalos, 355 km/h, de velocidade de ponta, 2.6 segundos dos 0 aos 100 km/h. Só existirão 8 unidades e 6 já foram vendidas pela bagatela de…855 mil euros. Ainda sobram duas, apressem-se. É europeu, Croata!
Eis o Concept_One.
Esta rubrica teve o apoio do nosso leitor André Pinto
Bom fim de semana
Este artigo tem mais de um ano
Bom final de semana PPLWARE
Bom fim de Semana. Irá nevar em LX?
sim sim no LX Factory! LOLOLOLOL bom fds a todos!!!!!!!!
Bom fim de semana pra toda a equipado PPLWARE…!!!
Bom fim de semana. Na Guarda já neva e de que maneira 😉
Para André Pinto, queriam as revistas dedicadas ter artigos deste calibre.
Continua o estrondoso trabalho.