O futuro passa por usar aplicações com… os pés? Parece que sim!
Parece descabido, mas há investigadores a trabalhar neste conceito de usar aplicações com os pés, enquanto se caminha. Conforme recordam, "há uma longa história de utilização dos pés para controlar máquinas", pelo que deverá ser possível adaptá-lo à modernidade.
Seja por que motivo for, um adulto médio caminha muito durante o dia, com uma média de 3500 e 7000 passos, segundo um estudo de 2019. Se a passada lhe parece inútil, há investigadores a trabalhar numa forma de rentabilizá-la.
Há uma longa história de utilização dos pés para controlar máquinas. Por exemplo, os pedais do carro, mas muito pouca investigação foi feita para utilizar a forma como caminhamos como input para um dispositivo.
Partilhou Ching-Yi Tsai, o principal autor do estudo e antigo académico convidado da Escola de Informática David R. Cheriton de Waterloo, no Canadá.
Portanto, investigadores da Universidade de Waterloo conduziram um estudo que procurou testar a viabilidade de controlar aplicações com os pés: pediram um café, controlaram uma aplicação de música e atenderam chamadas telefónicas, com um auricular de realidade aumentada, enquanto se moviam, utilizando apenas movimentos intencionais dos pés.
A ideia surgiu de Daniel Vogel, professor de ciências da computação em Waterloo, quando, num dia frio, teve de parar de andar e tirar as mãos dos bolsos quentes para pedir um café, utilizando uma aplicação no seu smartphone. Na altura, perguntou-se se haveria uma forma de pedir um café sem ter de parar.
A partir da análise de estudos anteriores, Vogel e os seus colegas identificaram um conjunto de 22 potenciais gestos com os pés baseados no tempo - a que chamaram "gestos de marcha" - que variavam a marcha regular de uma pessoa, mas que lhe permitiam continuar a andar sem grandes interrupções.
Utilizadores conseguiram controlar aplicações com os pés, globalmente
No estudo com 25 pessoas, os investigadores examinaram os gestos quanto à sua compatibilidade com a marcha, facilidade de movimento e, mais importante, aceitação social.
Movimentos extremos, como passos de dança ou um salto, seriam provavelmente fáceis de reconhecer por um sistema, mas poderiam ser mais difíceis de executar e desviar-se-iam demasiado do andar normal para que as pessoas se sentissem confortáveis em fazê-los em público.
Não queríamos que os utilizadores se sentissem como alguém do Ministry of Silly Walks dos Monty Python!
Explicou Vogel.
Dos 22 "gestos de marcha" que os investigadores analisaram, identificaram sete que consideraram ótimos - não totalmente embaraçosos para executar em público - e introduziram-nos numa interface de conceção de interação de prova de conceito para um auricular de realidade aumentada.
Num estudo de acompanhamento, foi testada a capacidade destes sete gestos de marcha para permitir interações de realidade aumentada.
Os sete gestos foram mostrados a cada participante e, enquanto usavam um auricular, foi-lhes pedido que executassem tarefas específicas enquanto caminhavam: tocar uma música, ajustar o volume, pedir um café com leite e recusar ou aceitar uma chamada telefónica.
Globalmente, a precisão do sistema na identificação dos "gestos de marcha" foi de uns promissores 92%. Os participantes responderam positivamente à tecnologia, considerando-a fácil de utilizar e indicando que a voltariam a utilizar.
Segundo Tsai, "ainda não chegamos a um ponto em que os auscultadores de realidade aumentada sejam amplamente utilizados, mas esta investigação mostra que, se lá chegarmos, esta opção de input tem pernas para andar".
Então no futuro que estiver numa cadeira de rodas não vai poder usa-las?! Gastam dinheiro para nada.