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Redes sociais: França quer erradicar o discurso do ódio no Facebook

Enquanto exemplo paradigmático de redes sociais, o Facebook é utilizado por cerca de um terço da população global. Assim sendo, é sobre esta empresa que recaem as atenções da França, nação que quer erradicar o discurso do ódio nas plataformas online, abrangendo também a Google e o seu YouTube.

As empresas terão 24 horas para remover esse conteúdo, mas há quem fale em censura…


À medida que mais nações em redor do mundo se começam a perguntar o que é realmente aceitável online, o que cruza as barreiras da liberdade de expressão, bem como o que deve ser removido das mesmas, em França já se discutem alterações legislativas com o intuito de regrar o Facebook e demais redes sociais.

França debate uma proposta legislativa para moderar as redes sociais

Preocupações que são partilhadas por entidades supranacionais  como, por exemplo, a Comissão Europeia. Ao propósito, o artigo apresentado abaixo vai ao encontro do espírito das leis em cogitação na França. Isto é, uma imposição legal para que as redes sociais e plataformas online tomem uma ação rápida perante certos cenários.

Assim, na eventualidade de esta proposta legislativa ser aprovada, o Facebook, Google, YouTube e demais redes terão que remover o conteúdo em causa num prazo máximo de 24 horas. Findo esse prazo, sem que a situação tenha sido resolvida, teremos consequências para as entidades em incumprimento.

Há, portanto, um novo tema a ser debatido em França. A necessidade de o Estado de Direito regular também as redes sociais. Mais concretamente, o pior conteúdo que nelas grassa, o discurso do ódio. De igual modo, contempla as discriminações raciais / sexuais, entre outro conteúdo considerado como ofensivo.

Imposições para o Facebook, Google, YouTube e demais redes

Laetitia Avia lidera o esforço de discussão e o intuito de aprovar a aplicação do pacote legislativo. Entretanto, o tema tem atraído atenções internacionais face ao seu potencial. Note-se que a sua aplicação e transposição para  a lei francesa traria novas obrigações para as plataformas online, além de consequências previstas.

A ideia é simples. Acabar com a impunidade nas redes sociais e plataformas online, afirmou Avia numa entrevista à revista Le Point.

Portanto, as empresas como o Facebook, ou a Google com o YouTube, seriam obrigadas a tutelar o conteúdo nelas publicada. Isto é, teriam que reagir, no espaço de 24 horas, a um determinado conteúdo que fosse classificado como ofensivo. Caso tão não sucedesse, enfrentariam a estatuição prevista.

Ainda assim, existem várias incógnitas e áreas cinzentas que continuam a dividir opiniões. Se, a liberdade, é um valor supremo, quem poderá ditar o que transcende o aceitável? Ou, serão as redes sociais, um espaço já demasiado perigoso e incapaz de se gerir, invocando assim a necessidade de regulação estatal?

A liberdade de expressão vs segurança online

Ao propósito, recordamos que na Alemanha uma lei similar já está em vigor. Aliás, fruto dessa norma, as autoridades alemãs já multaram o Facebook em dois milhões de euros. Em causa estava a incapacidade da rede social em clarificar temáticas como o discurso do ódio, bem como a sua eficaz remoção da plataforma.

Já, por outro lado, a proposta de lei francesa dará 24 horas às plataformas online para agir. Assim, após a sua sinalização, o Facebook, Google, Twitter e demais redes terão um dia para analisar a informação. A partir daqui, terão que remover o conteúdo, ou explicar à entidade denunciante o porquê de o manterem.

Cumpre ainda ser dito que o escopo do conteúdo que pode ser considerado ofensivo é imenso. Desde ameaças pessoas com base no sexo, raça ou etnia, até ao terrorismo. Algo que acarretará novas obrigações para estes mesmas redes sociais perante a necessidade de avaliar todo um novo fluxo de informação.

Por fim, existem várias vozes de discórdia. Em primeiro lugar, contestando o facto de o ónus da decisão (manter ou remover o conteúdo), ficará entregue às redes sociais. Já, por outro lado, de acordo com o Le Figaro, isto mais não é do que “por outras palavras, censura”.

A proposta legislativa continuará a ser debatida em França.

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