O brasileiro Cristiano Amon é o novo CEO da Qualcomm. O executivo tomou posse das novas funções no dia 30 de junho de 2021 e já teceu comentários que deram o que falar.
De acordo com o CEO, a Qualcomm tem tantas oportunidades com a Huawei como com a Apple no que respeita aos chips. E também frisou que pretende crescer na China, aproveitando a lacuna deixada pelas sanções dos EUA.
O novo CEO da Qualcomm é o brasileiro Cristiano Amon, formado em engenharia eletrotécnica. O anúncio desta mudança aconteceu em janeiro, mas o executivo apenas tomou posse agora no passado dia 30 de junho. Neste sentido, Amon começou então a dar as primeiras entrevistas para a imprensa.
E durante uma entrevista à Reuters na passada quinta-feira (1), o CEO comentou vários assuntos e disse que acredita que a sua empresa pode ter o melhor chip do mercado. Para isso, conta com uma equipa de especialistas em arquiteturas de chips da Qualcomm que, anteriormente, já trabalharam no chip da Apple.
As últimas informações indicam que a Apple estará a desenvolver o seu próprio modem 5G. A empresa de Cupertino tem um compromisso com a Qualcomm para o fornecimento de chips 5G. Mas o acordo estará perto do fim de validade e alguns analistas já referiram que em 2023 a Apple deixará de depender da Qualcomm para equipar o iPhone e iPad com 5G.
Huawei abre as mesmas oportunidades que a Apple, diz CEO
Amon salienta que a Qualcomm tem décadas de experiência em chips de modem e que a possível saída da Apple como cliente não é algo que amedronte a marca. Isto porque o vazio no mercado Android deixado pela Huawei, cria novas oportunidades de receita para a Qualcomm. De acordo com o CEO:
Apenas no segmento premium, o mercado disponível da Huawei é tão grande quanto a oportunidade da Apple para nós.
Desta forma, Amon destaca o facto de a Huawei ter o mesmo potencial da Apple para atingir um grande público. E alguns especialistas veem nas palavras do executivo uma oportunidade de a fabricante norte-americana se focar no mercado da Huawei.
Qualcomm quer crescer na China
Cristiano Amon diz ainda que a marca conta crescer na China para impulsionar o seu negócio de chips, apesar das tensões políticas ainda vincadas com os EUA.
“Vamos crescer na China” refere o executivo ao salientar novamente que as sanções dos Estados Unidos à Huawei podem assim dar mais oportunidades de gerar receita à Qualcomm.
Amon lembra que a sua estratégia baseia-se numa lição aprendida no mercado de chips para smartphones. Ou seja, não basta apenas fornecer chips de modem para os telefones, a Qualcomm pretende ainda fornecer o cérebro para transformar o telefone num computador, o que agora faz para a maioria dos dispositivos Android premium.
Para além disso, a Qualcomm pretende desamarrar-se da parceria com a Arm. Para isso, a fabricante adquiriu a startup Nuvia por 1,4 mil milhões de dólares, criada por ex-funcionários da Apple que trabalharam no potente chip da maçã. Nesse sentido, a Qualcomm prepara-se para começar a vender chips para portáteis baseados no Nuvia já a partir do próximo ano.
Segundo refere o CEO:
Precisávamos de ter o melhor desempenho para um dispositivo alimentado a bateria.
Se a Arm, com a qual temos um relacionamento há anos, eventualmente desenvolver um CPU que é melhor do que aquele que podemos construir por nós mesmos, então sempre teremos a opção de licenciar chips da Arm.
Estamos mais do que dispostos a alavancar os ativos de CPU da Nuvia para fazer parceria com empresas que estejam interessadas na construção das suas soluções para data center.
A Arm, por sua vez, está a um passo de ser adquirida pela Nvidia por 40 mil milhões de dólares.