El Salvador tornou-se esta semana no primeiro país a ter o Bitcoin como uma criptomoeda com curso legal. A Assembleia Legislativa do país aprovou ontem a lei que converte Bitcoin em moeda legal. Além desta decisão ser uma iniciativa pioneira e, de alguma forma, controversa, o método como querem minerar os Bitcoins é ainda muito mais curioso e engenhoso.
Sabemos que minerar as criptomoedas consume muita energia. Aliás, várias fontes referem que esta atividade consome anualmente, em todo o planeta 143 TWh. Então, El Salvador anunciou um plano para fazê-lo com energia renovável. Vão aproveitar os vulcões.
Nayib Bukele, presidente de El Salvador, já havia anunciado que o país avançaria para uma medida que legalizaria as criptomoedas como “dinheiro corrente”. Ontem esta proposta tornou-se realidade, embora levante muita polémica.
O país irá ver-se a braços com um problema, dado que as criptomoedas não foram projetadas para substituir o dinheiro fiduciário. Como poderão as empresas, a força do negócio, aceitar o Bitcoin como forma de pagamento?
Apesar de ser um caso interessante para se acompanhar, perceber como o país se irá adaptar e como o mundo irá reagir, o consumo de energia é outro dos grandes problemas. Atualmente, minerar a Bitcoin já representa 0,63% da procura energética mundial.
Minerar Bitcoin através do aproveitamento de energia geotérmica
De acordo com dados recentes, o consumo energético da mineração da criptomoeda pode chegar aos 143 Twh anuais. Contudo, este país da América Central tem um plano para o consumo de energia a minerar Bitcoin ter um impacto mínimo no ambiente.
Segundo o presidente de El Salvador, que usou a sua conta do Twitter, a LaGeo (a empresa estatal de energia geotérmica) já foi instruída a apresentar um plano para oferecer instalações de mineração de Bitcoin com energia “muito barata, 100% limpa, 100% renovável e zero emissões”. O segredo é usar vulcões, que não são exatamente raros em El Salvador.
I’ve just instructed the president of @LaGeoSV (our state-owned geothermal electric company), to put up a plan to offer facilities for #Bitcoin mining with very cheap, 100% clean, 100% renewable, 0 emissions energy from our volcanos 🌋
This is going to evolve fast! 🇸🇻 pic.twitter.com/1316DV4YwT
— Nayib Bukele 🇸🇻 (@nayibbukele) June 9, 2021
Num outro tweet, o presidente afirma que os seus engenheiros cavaram um novo poço que “fornecerá 95 MW de energia geotérmica” e que um centro de mineração de Bitcoin já está a começar a ser projetado em torno dele.
O que se vê no vídeo é vapor de água e o princípio é simples: a água quente transforma-se em vapor e esse vapor aciona uma turbina que gera energia elétrica.
Our engineers just informed me that they dug a new well, that will provide approximately 95MW of 100% clean, 0 emissions geothermal energy from our volcanos 🌋
Starting to design a full #Bitcoin mining hub around it.
What you see coming out of the well is pure water vapor 🇸🇻 pic.twitter.com/SVph4BEW1L
— Nayib Bukele 🇸🇻 (@nayibbukele) June 9, 2021
Com os seus 21.040 quilómetros quadrados, El Salvador é o menor país da América Central, mas o seu território abriga nada menos que 170 vulcões. Destes, 14 estão ativos e seis são vigiados constantemente quanto ao perigo de erupções, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Recursos Naturais (MARN).
Portanto, se há país onde a energia geotérmica poderá resolver o problema relacionado ao consumo de energia para minerar criptomoedas é El Savador. No entanto, vai ser interessante perceber como este processo de legalização e utilização desta moeda irá transfigurar o sistema económico do país. Esta tomada de posição deu novo impulso ao Bitcoin.