Pplware

“Vamos diretamente para Marte; a Lua é uma distração”, diz Musk. Em que ficamos?

Dono de grandes empresas, é por via delas que Elon Musk dá cartas em várias indústrias, especialmente na automóvel e espacial. Aliás, a exploração do espaço está na mira do empresário, que vê muito potencial em Marte.


O agora X é a plataforma de eleição de Elon Musk para a partilha de opiniões. De facto, o empresário é um utilizador verdadeiramente ativo, lançando farpas e opiniões, com frequência, em várias direções.

Apesar de os seus objetivos espaciais serem, em parte, conhecidos, Elon Musk não tem o hábito de direcionar críticas à NASA ou aos seus objetivos além da Terra.

Curiosamente, a SpaceX tem contratos multimilionários com a agência para construir um Human Landing System como parte do Programa Artemis, e para fornecer alimentos, carga e outros serviços logísticos a um Portal Lunar planeado para a órbita da Lua.

Ainda que não fosse até então comum, nos últimos dias, o empresário começou a expor publicamente alguns dos seus pensamentos relativamente à abordagem espacial dos Estados Unidos, conforme nota Eric Berger, jornalista espacial da Ars Technica, num artigo.

Isto poderia ser irrelevante, caso Elon Musk não tivesse, entretanto, assumido em papel importante na política americana, enquanto conselheiro do Presidente eleito. Recorde-se que o dono da Tesla foi escolhido, por Donald Trump, para coliderar o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos.

 

Musk não vê a exploração espacial com a lente da NASA

No dia de Natal, por exemplo, Musk escreveu no X: “A arquitetura Artemis é extremamente ineficiente, uma vez que é um programa que maximiza os empregos e não um programa que maximiza os resultados. É necessário algo completamente novo”.

Posteriormente, acrescentou o seguinte: “Não, vamos diretamente para Marte. A Lua é uma distração”.

Estas declarações contradizem os planos da NASA de enviar uma série de missões humanas para a Lua, no final desta década, e estabelecer uma base de operações sustentável com o Programa Artemis.

Na perspetiva do jornalista, tendo por base conversas com pessoas envolvidas no desenvolvimento de políticas espaciais para a administração de Trump, é provável que o Programa Artemis não desapareça.

Aliás, apesar de o Programa Artemis poder ser, de facto, ineficiente, foi a primeira administração de Trump que o criou, há cerca de cinco anos.

Contudo, também, Trump pressionou no sentido de mudanças mais significativas, incluindo uma “grande correção no caminho” da NASA.

Apelo à NASA para adotar novas políticas e uma nova mentalidade. Se os nossos contratados atuais não podem cumprir esse objetivo, então encontraremos aqueles que o farão.

Disse o então vice-presidente Mike Pence, em maio de 2019.

Na altura, a NASA resistiu a esta mudança durante a administração de Trump. Contudo, desta vez, é provável que a pressão para a mudança seja mais forte, especialmente com elementos-chave da arquitetura da agência a serem ultrapassados por foguetões desenvolvidos por empresas privadas, como a Starship da SpaceX.

Ora, com Elon Musk a ter uma voz e considerando as suas últimas partilhas, é possível que a NASA adote um plano a dois níveis, pensando na Lua, mas em Marte, também.

Eu nasci depois da aterragem na Lua; os meus filhos nasceram depois do último lançamento do shuttle espacial. Com o apoio do Presidente Trump, posso prometer-vos isto: nunca mais perderemos a nossa capacidade de viajar para as estrelas e nunca nos contentaremos com o segundo lugar.

Vamos inspirar as crianças, as vossas e as minhas, a olhar para cima e a sonhar com o que é possível. Os americanos andarão na Lua e em Marte e, ao fazê-lo, tornaremos a vida melhor aqui na Terra.

Escreveu Jared Isaacman, nomeado por Donald Trump para suceder a Bill Nelson, que encabeça a NASA desde 2021.

 

Leia também:

 

Exit mobile version