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Técnicas de tratamento de água podem ajudar a suportar os carros elétricos

Embora lentamente, os carros elétricos começam a popularizar-se nas estradas. Só em Portugal, as vendas dos carros elétricos em 2018 superaram as vendas dos últimos 10 anos juntos, com mais de 8241 carros vendidos. Portanto, trata-se de um aumento de 95% em relação ao ano anterior.

Contudo, o aumento da oferta dos carros elétricos traz um novo problema: a diminuição de oferta de lítio. É aí que incide uma nova técnica de dessalinização, que poderá ajudar neste processo.


Os benefícios dos carros elétricos, tanto para os condutores como para o ambiente, são indiscutíveis. Há uma redução na emissão de gases de efeito estufa e um aumento na qualidade do ar. Além disso, há uma redução da dependência do petróleo estrangeiro, da mesma forma que estes são mais baratos de operar e manter.

 

A crise da bateria

À medida que o mercado de veículos elétricos (VE) continua a crescer rapidamente, os fabricantes de baterias estão sob pressão. A maioria dos fornecedores mundiais de lítio estão concentrados no chamado “triângulo de lítio”, que inclui o Chile, a Argentina e a Bolívia. Dessa forma, para complicar ainda mais esta situação, o acesso a cada depósito é estritamente regulado por cada país. Mesmo com o Chile a abrir mão de algum controlo, a alta procura do lítio tem excedido a oferta ao ponto de, no mês passado, a Audi ter anunciado que iria atrasar o lançamento do seu carro elétrico devido à falta de uma bateria.

Facilidade de acesso à parte, a exploração de lítio tem tido um impacto negativo no meio ambiente. Nesse sentido, para alguns, isso supera muitos dos benefícios dos VE.

 

O impacto ambiental da mineração de lítio

O processo de extração de lítio é longo, podendo demorar entre oito a três anos. Primeiro, as salinas são mineradas e cheias de água. Isto faz com que a salmoura rica em minerais venha ao de cima, altura em que o lítio pode ser extraído dos tanques de evaporação. Infelizmente, este processo pode trazer consequências a longo prazo.

Em climas secos e áridos, onde o lítio é mais abundante, são necessárias centenas de milhares de litros de água para produzir apenas uma tonelada de lítio. No meio de uma crise de escassez de água, este processo não é necessariamente sustentável. Pior ainda, os químicos usados no processo de extração correm o risco de se infiltrarem noutras fontes de água, levando à sua contaminação. No Tibete, um acidente industrial numa mina de lítio afetou todo o ecossistema dessa sua região, o que causou com que milhares de peixes mortos viessem até à superfície. Com efeito, este acidente foi o terceiro num período de sete anos, nesta região do Tibete.

 

Dessalinização como solução

Felizmente, investigadores e cientistas têm procurado uma solução para este problema. Procuram então utilizar métodos menos invasivos, e terão chegado a uma conclusão.

Da mesma forma que as estações de tratamento de água usam bombas e sistemas de tratamento alimentados por equipamentos especializados e cabos personalizados, para remover sal e outros contaminantes da água em grande escala, os cientistas usam técnicas de dessalinização para extrair o lítio destinado a baterias. As bombas de água seriam substituídas por estruturas orgânicas metálicas, com poros subnanométricos, para capturar os iões de lítio. Assim, em linguagem menos técnica, isto significa que as membranas porosas seriam separadas para extrair minerais na água do mar.

Mas os benefícios não ficam por aqui. O processo de dessalinização também poderá gerar água potável e serão, assim, “dois coelhos de uma cajadada”. Trata-se não só de uma maneira ecologicamente correta e eficiente de produzir baterias para carros elétricos, mas também de uma possível solução para a crise global da água.

É claro que este método exige ainda muitos testes antes de ser implementado em qualquer escala. No entanto, a perspetiva de transformar os oceanos em minas ecologicamente corretas pode transformar qualquer pessimista num otimista.

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