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Telescópio James Webb descobre o ingrediente chave para a vida na lua Europa de Júpiter

A Europa é uma das 92 luas do planeta gasoso Júpiter. É também aquela que tem gerado mais interesse, pelo seu oceano coberto de gelo. Nele, segundo os indícios recolhidos pela sonda da NASA, a Juno, contém um ingrediente chave para a vida, e o Telescópio Espacial James Webb (JWST) acabou de o detetar salpicado na superfície do gelo irregular da pequena lua.


Europa poderá ter algo essencial para a vida

Observações efetuadas com o instrumento NIRSpec do JWST encontraram cristais congelados de dióxido de carbono no gelo que cobre a superfície da lua Europa de Júpiter. Isto pode significar que o vasto oceano gelado da Europa tem outro dos químicos-chave necessário para suportar a vida. Pode também significar que, quando a sonda Europa Clipper chegar em 2030, vai encontrar muitos conteúdos oceânicos espalhados pela superfície da lua gelada, à vista de todos.

A equipa da cientista planetária da Universidade de Cornell, Samantha Trumbo, apresentou os resultados num artigo da revista Science; Geronimo Villanueva, cientista planetário do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA, e os seus colegas publicaram os seus próprios resultados num segundo artigo.

Compreender a química do oceano de Europa ajudar-nos-á a determinar se é hostil à vida tal como a conhecemos, ou se poderá ser um bom local para a vida.

Referiu Villanueva numa declaração recente.

Indícios que poderão ser uma esperança

Os espetros de infravermelhos medidos com um dos instrumentos da JWST, o NIRSpec, revelaram que o gelo quebrado e misturado de uma área chamada Tara Regio está salpicado de dióxido de carbono congelado. E têm quase a certeza de que provém do vasto oceano salgado que se encontra por baixo do gelo, que se estende por toda a circunferência da lua Europa – e que pode esconder vida extraterrestre nas suas profundezas.

É uma boa notícia para a perspetiva de vida em Europa, porque sugere que o oceano sob o gelo está carregado de carbono, um ingrediente essencial para a vida tal como a conhecemos.

Tara Regio é aquilo a que os cientistas planetários chamam “terreno do caos”: um amontoado louco de pedaços de gelo partidos, baralhados e depois recongelados em padrões confusos e ângulos selvagens. O terreno do caos acontece quando uma pluma de água quente do oceano emerge das profundezas, derretendo um vasto lago no gelo (muito parecido com o que acontece quando uma pluma do manto aqui na Terra cria um reservatório de magma na crosta, só que com água em vez de rocha derretida). No topo do lago, a crosta gelada fende-se e as placas de gelo à deriva misturam-se e colidem até voltarem a congelar.

E este processo é provavelmente a forma como o carbono, o sal e outros materiais do oceano escuro e oculto de Europa acabam espalhados pelo gelo.

Observações anteriores do Telescópio Espacial Hubble mostram evidências de sal derivado do oceano em Tara Regio. Agora estamos a ver que o dióxido de carbono também está fortemente concentrado ali. Pensamos que isto implica que o carbono tem provavelmente a sua origem final no oceano interno.

Disse Trumbo, num comunicado.

Em 2019, os cientistas encontraram evidências de que o oceano de Europa contém cloreto de sódio, que também compõe a maior parte do sal marinho (e sal de mesa) aqui na Terra. Então quanto mais aprendemos, mais habitável a lua coberta de gelo parece.

A NIRCam (câmara infravermelha) do Telescópio Espacial James Webb da NASA captou esta imagem da superfície da lua de Júpiter, Europa. Webb identificou dióxido de carbono na superfície gelada de Europa que provavelmente se originou no oceano subterrâneo da lua. Esta descoberta tem implicações importantes para a habitabilidade potencial do oceano de Europa. A lua parece principalmente azul porque é mais brilhante em comprimentos de onda infravermelhos mais curtos. As feições brancas correspondem ao terreno caótico Powys Regio (esquerda) e Tara Regio (centro e direita), que mostram gelo aumentado de dióxido de carbono na superfície. Crédito: NASA, ESA, CSA, Gerónimo Villanueva (NASA-GSFC), Samantha K Trumbo (Cornell University), Gerónimo Villanueva (NASA-GSFC), Alyssa Pagan (STScI)

Pistas do que estaremos perto de descobrir

É provável que venhamos a saber ainda mais daqui a alguns anos, quando a missão Europa Clipper, planeada pela NASA, chegar ao sistema de Júpiter. Villanueva diz que as recentes descobertas de dióxido de carbono mostram que a água do oceano sob o gelo de Europa chega de facto à superfície da lua – algo que os cientistas planetários têm vindo a debater há anos – e traz consigo amostras das moléculas que lhe estão misturadas, como o sal e o dióxido de carbono. Apenas por voar perto de Europa, a nave espacial Europa Clipper deverá ser capaz de medir parte do que está a flutuar no oceano oculto da lua.

Poderemos aprender algumas coisas básicas sobre a composição do oceano, mesmo antes de perfurarmos o gelo para obtermos uma imagem completa.

Concluiu Villanueva, numa declaração recente.

A Europa Clipper deverá ser lançada em 2024 e chegar a Europa em 2030.

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