O Telescópio Solar Daniel K. Inouye (DKIST) é uma instalação científica para estudos do Sol no Observatório Haleakala, na ilha havaiana de Maui. A sua construção foi iniciada em 2013, mas só há poucos dias entrou em funcionamento. Contudo, este já captou imagens do Sol que têm um detalhe sem precedentes.
Este telescópio irá trazer aos astrónomos imagens que nunca antes foram possíveis de captar e mostrar um Sol com muito mais pormenor.
Novo telescópio mostra-nos o Sol como nunca o vimos
As imagens marcantes revelam um nível surpreendente de estrutura escondida no exterior do plasma agitado. Desta forma, as imagens mostram pela primeira vez uma impressão da superfície da manta de retalhos da nossa estrela.
Estas são as imagens de maior resolução da superfície solar jamais tiradas. O que antes pensávamos ser um ponto brilhante – uma estrutura – está agora a decompor-se em muitas estruturas mais pequenas.
Explicou Thomas Rimmele, o diretor do projeto do telescópio solar Inouye.
A resolução de 30 km do telescópio é mais do dobro da dos melhores observatórios solares seguintes.
O que há de novo na superfície da estrela?
Estas imagens vieram revelar uma superfície do Sol salpicada com estruturas granulares, como pepitas de ouro, cada uma com o tamanho de França. Colunas de plasma em ascensão, sobreaquecidas a quase 6000 °C, aparecem como pontos brilhantes no centro de cada grão – epicentros para a libertação violenta de calor do interior do Sol para a sua superfície.
À medida que o plasma arrefece, este desce de volta abaixo da superfície através de canais estreitos e sombrios entre os grânulos vizinhos. Assim, com este nível de detalhe intrincado, será uma ajuda à compreensão do comportamento do Sol e permitirá que o seu ciclo de atividade seja previsto com maior precisão.
O telescópio de 344 milhões de dólares do US National Solar Observatory apresenta um espelho de quatro metros – o maior do mundo para um telescópio solar – e está localizado no cume de 3000 metros do vulcão Haleakalā na ilha de Maui.
Esta recém-inaugurada infraestrutura astronómica foi descrita por Valentin Pillet, diretor do Observatório Nacional do Sol, como uma “formidável conquista tecnológica”.
Contudo, para captar estas imagens, o grande desafio foi manter o espelho primário do telescópio à temperatura ambiente enquanto este olhava diretamente para o Sol. Isto porque qualquer desvio de temperatura causa turbulência no ar que poderia arruinar a qualidade da imagem. O calor é intenso o suficiente para derreter rapidamente o metal no ponto focal do espelho.
Todas as noites, uma grande quantidade de gelo é depositado em oito tanques. Durante o dia, um líquido de arrefecimento é encaminhado através dos tanques de gelo e distribuído através do observatório recorrendo a uma estrutura de tubagem de 12 km. Posteriormente, são posicionados atrás do espelho principal mais de 100 jatos de ar.
Como funciona a observação do Sol?
O telescópio aponta para a estrela e a luz que chega do sol é desviada do espelho principal para uma câmara de espelhos que fica abaixo da cúpula do observatório. Aqui, a luz passa de espelho em espelho à medida que é repartida entre espectrómetros, polarímetros e vários outros instrumentos.
As características brilhantes [na imagem]… são os contrafortes dos campos magnéticos que se estendem até a coroa e mais além. Com os instrumentos adicionais que estarão online nos próximos seis meses, poderemos medir os campos magnéticos da superfície até 1,5 raios solares.
Explicou Rimmele.
O conjunto completo de instrumentos, entre eles os instrumentos para medir o campo magnético do Sol, só deverão entrar em funcionamento no final deste ano.
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Estudar o Sol com mais rigor e com melhores resultados
Esta nova tecnologia, conseguida com os instrumentos todos em funcionamento, irá ajudar a resolver mistérios antigos do Sol. Por exemplo, poderá ser desvendado o mistério da coroa ser aquecida a milhões de graus quando a sua superfície é de apenas 6000 ºC.
Além disso, poderá haver uma melhor compreensão da física das erupções solares e das ejeções de massa coronal. Nesse sentido, isso ajudará a prever quando estas massas de energia solar chegam à Terra e como podem tornar os sistemas GPS pouco confiáveis, perturbar as redes de energia e colapsar os canais de comunicação.