Há vários problemas a afetar, atualmente, o planeta. A remar contra a corrente estão todos aqueles que têm ido em busca de alternativas para os resolver e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida de toda a gente. As palavras de ordem têm sido reduzir e reutilizar tudo aquilo que é produzido em massa, como plástico, para que o objetivo comum seja atingido.
Assim, um grupo de investigadores químicos tem realizado testes, a fim de aproveitar resíduos de plástico para, através de micro-ondas, gerar hidrogénio limpo.
Nova vida para os resíduos de plástico de utilização única
Um dos grandes problemas que enfrentamos é a utilização, em massa, de plásticos de utilização única. Ou seja, recipientes, sacos, descartáveis de vários tipos, entre outros, estão de tal forma enraizados que se torna difícil para muita gente optar por alternativas mais amigas do ambiente.
Então, não podendo combate-los, um grupo de investigadores químicos juntou-se e tem testado a utilização de micro-ondas para transformar os resíduos de plástico em hidrogénio limpo. De entre outros, estão garrafas de leite, sacos de plástico e outras embalagens comummente encontradas nos supermercados.
Atualmente, já existem outros métodos que permitem que os resíduos de plástico sejam convertidos em hidrogénio limpo. Contudo, esta nova abordagem que recorre a micro-ondas promete ser mais rápida e consumir menos energia.
Micro-ondas permitem gerar hidrogénio limpo
Conforme explicou Peter Edwards, esta investigação surgiu pela consciência que ele e os seus colegas da University of Oxford tinham perante a “dura realidade” do Reino Unido. Isto, porque o país produz, em apenas um ano, cerca de 1,5 milhões de toneladas de resíduos de plástico.
Em Portugal, de acordo com o Público, foram conhecidas quase 200 mil embalagens, em 2016. Ademais, entre 1950 e 2015, apenas 9% de todos os resíduos foram reciclados, e, a partir de dados de 2016, 40% dos resíduos produzidos são ainda colocados em aterros.
Assim sendo, esta realidade preocupou os químicos da University of Oxford. A fim de a combater, pensaram que uma opção viável seria aproveitar os resíduos de plástico para gerar hidrogénio, através de micro-ondas. Isto, porque os sacos de plástico possuem uma densidade, em peso, de 14% de hidrogénio e, por isso, este pode ser utilizado de forma limpa.
Nos processos de transformação convencionais, que são mais poluentes, o plástico, é decomposto, a 750º C, em syngas, uma mistura de hidrogénio e monóxido de carbono. Depois, o hidrogénio é separado e reaproveitado para energia. Pelo contrário, a equipa de Edwards destrói o plástico em pequenos pedaços e mistura-os com um catalisador de óxido de ferro e de óxido de alumínio.
Então, ao ser queimado com um gerador de micro-ondas, a 1000 watts, o catalisador cria pontos quentes no plástico, extraindo o hidrogénio. Assim, recupera 97% do gás no plástico, numa questão de segundos. Aliás, o facto de precisarem apenas de uma etapa garante que aquecem só o catalisador e consomem menos energia.
Para Edwards, esta poderá ser uma solução muito viável. Todavia, para isso, devem ser realizados testes e experiências maiores. Isto, porque as que foram feitas até agora utilizaram apenas 300 gramas de plástico, em cada teste.