O espaço está a ser ocupado com tecnologia nunca antes enviada para a órbita da Terra. Só à conta da SpaceX estão já 120 satélites em operação dos 12 mil que a empresa quer colocar no espaço. Assim, este projeto de Elon Musk pretende fornecer Internet de banda larga ao mundo. Contudo, os astrónomos denunciam que estes dispositivos Starlink estão a cegar os telescópios terrestres.
O lixo espacial começa já a ter uma forte interferência e são muitos os astrónomos a apontar o dedo a Musk.
Elon Musk, o Poluidor!
O projeto de satélite Starlink da SpaceX, baseado nos EUA, tem perturbado astrónomos em diferentes partes do mundo. Segundo eles, estes equipamentos em órbita baixa terrestre têm dificultado o trabalho dos telescópios terrestres.
Conforme é conhecido, Elon Musk e a SpaceX, querem colocar em órbita uma rede de 12.000 satélites, para fornecer Internet de banda larga em todo o mundo. Até ao momento já foram lançados 120 desses dispositivos para o espaço.
Satélites da Starlink estão a cegar os telescópios na Terra
Depois de termos visto os satélites em ação, seguindo uma órbita baixa e passando numa forma de comboio, estes dispositivos provaram serem suficientes para cegar a Câmara de Energia Negra (DECam) do Observatório Interamericano Cerro Tololo no Chile, segundo Clarae Martínez-Vázquez, astrónoma da instituição em 18 de novembro.
Wow!! Estou em choque !! A enorme quantidade de satélites Starlink cruzou os nossos céus hoje à noite em @cerrotololo. A nossa exposição DECam foi fortemente afetada por 19 deles! O comboio dos satélites Starlink durou mais de 5 minutos!! Um pouco deprimente… Isso não é fixe!
Confessou esta especialista no Twitter, explicando que a passagem do ‘comboio’ composto por estes satélites prejudicou as observações.
O “verdadeiro legado” de Musk
Além destas críticas, juntaram-se outras reclamações de pessoas que estudam o universo. Nesse sentido, estes estudiosos usaram o Twitter para expressar a sua frustração com a iniciativa de Elon Musk. Segundo o astrónomo americano Cliff Johnson, o pior ainda estará para vir. O cientista publicou um instantâneo da imagem DECam onde mostrou a poluição luminosa causada pelos satélites artificiais do SpaceX.
Este problema pode ser incomum agora, mas quando toda a constelação [Starlink] estiver em órbita, será todos os dias.
Apontou Jonathan McDowell, investigador do Harvard-Smithsonian Astrophysics Center.
Há já um coro ao redor do mundo contra este projeto de Musk. Matthew Kenworthy, professor de Astronomia no Observatório de Leiden, na Holanda, disse que este evento “não é bom para a astronomia terrestre” e obrigaria os cientistas a processar grandes quantidades de dados adicionais para apagar as pistas desses satélites artificiais.
Estou certo de que Musk pensa que é algum tipo de herói ambiental por vender carros elétricos, mas o seu verdadeiro legado permanente será o do homem que poluiu os céus.
Escreveu o astrofísico da NASA Simon Porter.
SpaceX quer lançar mais 30.000 satélites Starlink
A SpaceX indicou que pintaria a superfície dos satélites de preto para reduzir a sua luminosidade, mas os cientistas disseram que tal medida não resolveria o problema porque os telescópios dos satélites captariam os dispositivos de qualquer maneira.
Em outubro, soube-se que a empresa solicitou uma nova autorização à União Internacional de Telecomunicações. Assim, está já a ser planeado o lançamento de mais 30.000 satélites Starlink em órbita baixa da Terra. Isto a somar aos 12.000 que já têm permissão para orbitar a Terra.
Contudo, diante das preocupações dos astrónomos, Elon Musk disse em maio que a Starlink não teria um impacto negativo na astronomia com o argumento de que hoje “há 4.900 satélites em órbita e as pessoas percebem isso cerca de 0% do tempo”.