Passaram 9 anos desde que a NASA colocou no espaço o último astronauta. Desde então este trabalho tem estado a cargo das naves russas Soyuz. Assim, se o tempo finalmente permitir, a empresa SpaceX deverá lançar hoje a missão “Demo 2”, na qual dois astronautas, Doug Hurley e Bob Behnken, farão um voo orbital do solo americano e a bordo de uma nave americana.
Os dois astronautas depois rumarão à Estação Espacial Internacional para testar, pelo caminho, o foguete Falcon 9 e a cápsula «Crew Dragon», da empresa SpaceX. Se quiser acompanhar o lançamento, vamos estar colados e a contar tudo a partir das 17 horas.
Se o tempo deixar, será hoje que a SpaceX e a NASA fazem história
Na quarta-feira passada, faltavam apenas 17 minutos para a descolagem onde iríamos ouvir o foguete Falcon 9 a rugir na Plataforma de Lançamento 39, no Centro Espacial Kennedy, na Florida. Este local mítico foi testemunha dos principais lançamentos do programa Apollo. Contudo, a tempestade tropical Berta tornou as coisas difíceis e, infelizmente, a empresa SpaceX foi obrigada a suspender o lançamento.
Havia muita eletricidade na atmosfera. O perigo não é que tenha havido uma tempestade ou algo assim, mas que o lançamento em si possa desencadear um raio. De facto, o próprio foguete poderia ter-se tornado um para-raios.
Explicou Jim Bridenstine, administrador da NASA, na sexta-feira, conforme relatado pelo site Space.com.
We are ready for liftoff! Tune in today starting at 11 a.m. ET to watch live coverage of the launch that will return human spaceflight to U.S. soil for the first time since 2011. 🚀🇺🇸 #LaunchAmerica
Liftoff is slated for today at 3:22 p.m. ET: https://t.co/H0kcgIhtmj pic.twitter.com/KfUSgHhtQ4
— NASA Commercial Crew (@Commercial_Crew) May 30, 2020
Mas era um cenário perigoso?
Bom, a ideia não era transformar um foguete de 70 metros de altura, cheio de oxigénio líquido e querosene de foguete, num para-raios improvisado. Até, porque não seria um cenário seguro para a nave rumar ao espaço.
Muitas pessoas esperavam pelo momento, inclusive o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que fez uma aparição estelar a bordo do Air Force One.
A NASA e a SpaceX tentarão novamente o lançamento neste sábado pelas 20 horas (hora de Portugal continental), mas é perfeitamente possível que a missão seja suspensa novamente nas próximas horas. O último boletim meteorológico considera que há 50% de hipótese de que as condições sejam favoráveis para um lançamento e 40% de probabilidade de que sejam amanhã, na janela de lançamento programada para este domingo às 20:00.
Nos dois casos, chuva e nuvens são os principais perigos. Portanto, somente nesta tarde de sábado será decidido se será finalmente uma questão de lançar o foguete, como o próprio Jim Bridestine explicou no Twitter.
No decision on weather right now for Saturday’s test flight of @SpaceX’s #CrewDragon spacecraft. Will reassess in the morning. #LaunchAmerica
— Jim Bridenstine (@JimBridenstine) May 29, 2020
Apesar de haver uma grande expectativa em torno desta missão, se o tempo não cooperar neste fim de semana, a SpaceX lançará o foguete na próxima semana, embora a data ainda não esteja definida.
A importância da missão “Demo 2”
Conforme foi dado a conhecer pela NASA, esta missão é importante por vários fatores, entre eles o acabar com a dependência da NASA da sonda russa Soyuz. Além disso, esta missão é importante para ser feita a primeira descolagem de astronautas num voo orbital de uma empresa privada, a SpaceX, da qual dependem o foguete e a cápsula.
Claro que ainda há mais uma boa razão. Este lançamento será o primeiro realizado em solo americano, pela primeira vez desde que as naves espaciais da NASA, caras e pouco confiáveis, foram desativadas, em julho de 2011.
Fora isso, este será o primeiro voo de teste da cápsula Crew Dragon, um dispositivo futurista com um formato de bala projetado para enviar até sete membros da tripulação para o espaço. Portanto, para a NASA será a consolidação de um sistema de lançamento privado, do qual a agência espacial é cliente.
Este sistema de lançamento privado será um dos pilares das suas operações na Estação Espacial Internacional ou em futuras missões à Lua, sem mencionar uma atividade lucrativa e futura de empresas comerciais no espaço, com turistas e estações espaciais privadas.