Os Estados Unidos caminham a passos largos para contabilizar 1 milhão de casos COVID-19, com mais de 55 mil mortes até ao momento. O sistema hospitalar está a braços com uma pressão crescente face ao número de pessoas com necessidade de cuidados intensivos. Várias empresas, como a Tesla ou a Ford, alteraram já unidades fabris para produzir ventiladores. A falta é tal que agora até a NASA está em campo.
Desenvolvido por engenheiros da agência espacial americana, o novo ventilador de alta-pressão está especialmente adaptado para o tratamento de doentes com a COVID-19.
Desde o início da pandemia que um dos dispositivos que escasseou, em países mais afetados, foram os ventiladores. Na verdade, todos parecem ser poucos.
Um protótipo dedicado à COVID-19
Nomeado VITAL – Ventilator Intervention Technology Accessible Locally -, foi desenvolvido por uma equipa de engenheiros do Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA, no Sul da Califórnia, em apenas 37 dias. A fim de libertar a quantidade limitada de ventiladores tradicionais dos EUA, projetaram este novo ventilador para ser usado em pacientes com sintomas mais graves da COVID-19.
Agora, a NASA está a tentar conseguir a aprovação do organismo regulador, a Food and Drug Administration (FDA). Normalmente, seria um processo bastante lento, mas a ideia é tornar o pedido urgente, para ser tratado rapidamente. Além disto, a NASA está já em contacto com a indústria comercial médica, à procura de fabricantes para o dispositivo.
Não só exploram o espaço, como ajudam na saúde
Michael Watkins, diretor da JPL, admite que o centro tecnológico é especializado em naves espaciais e não no fabrico de dispositivos médicos.
Excelente engenharia, testes rigorosos e protótipos rápidos são algumas das nossas especialidades. Quando as pessoas na JPL perceberam que tinham meios para ajudar a comunidade médica e a comunidade no geral, sentiram que era a sua obrigação partilhar a sua criatividade, experiência e determinação.
Revelou Michael Watkins.
Estamos muito satisfeitos com os resultados dos testes que realizamos no nosso laboratório, de alta fidelidade, de simulação humana. O protótipo da NASA foi ao encontro do esperado numa ampla variedade de condições simuladas. A equipa está confiante que o ventilador VITAL está apto para ventilar, em segurança, pacientes com a infeção da COVID-19, tanto nos Estado Unidos, como em todo o mundo.
Disse Matthew Levin, diretor da Innovation for the Human Simulation Lab.
Um novo ventilador mais simples que os tradicionais
O VITAL pode ser construído de forma mais rápida, conservado mais facilmente e com uma manutenção mais simples do que um ventilador tradicional. Além disso, possui muito menos peças, muitas das quais estão atualmente à disposição de potenciais fabricantes, através de redes de distribuição.
A sua conceção flexível significa que também pode ser modificado para utilização em hospitais de campo em centros de convenções, hotéis e noutras instalações de alta capacidade, em todo o país e em todo o mundo.
Um ventilador eficaz, mas com pouco tempo de vida
Contudo, é importante salientar que o VITAL não substitui os ventiladores hospitalares atuais. Isto, porque os tradicionais podem durar anos a fio e são projetados para atender a vários problemas médicos. No entanto, este novo ventilador estima-se que dure cerca de três ou quatro meses e é especificamente projetado para pacientes com a infeção da COVID-19.
Ainda assim, o VITAL exige, tal como os tradicionais, que os pacientes sejam sedados e lhes seja inserido um tubo, nas vias aéreas, para respirarem.
A intenção com o VITAL é diminuir a probabilidade de os doentes chegarem a uma fase avançada da doença e necessitarem de uma assistência de ventilação mais avançada.
Revela J. D. Polk, chefe de saúde e médico-assistente, da NASA.