Mitocôndrias e o efeito Chernobil no nosso corpo
As mitocôndrias são estruturas celulares que estão envolvidas em diversos processos celulares. No entanto, são mais conhecidas por serem as grandes produtoras de energia das células. Assim, a disfunção mitocondrial está presente em diversas doenças, como diabetes tipo 2, obesidade, cancro ou envelhecimento.
Recentemente, um grupo de investigadores forneceu novas evidências que suportam que a acumulação de mitocôndrias disfuncionais nas células leva à libertação descontrolada de espécies reativas de oxigénio da mitocôndria e, consequentemente, provocam dano celular ao afetar os telómeros dos cromossomas. O efeito Chernobil.
Mitocôndria – a principal fonte de energia do nosso organismo
Todos os seres vivos são constituídos pelo menos por uma unidade básica de vida, designada de célula. Esta célula contém no seu interior material genético (DNA), que está localizado no núcleo celular. No núcleo estão presentes as instruções necessárias para o desenvolvimento, proliferação e funcionamento de todos os seres vivos. Além disso, podemos também encontrar na célula, RNA, biomoléculas e diversos organelos.
A mitocôndria é um destes organelos. Esta pode ser encontrada na maior parte dos eucariotas. Este organelo está delimitado por uma dupla membrana lipídica e contém o seu próprio DNA (mtDNA), que é independente do DNA nuclear. Enquanto que o DNA nuclear contém informação responsável pelas nossas características, o DNA mitocondrial apenas garante o correto funcionamento da mitocôndria e de vias metabólicas.
A membrana mitocondrial interna possui uma estrutura enrugada, muito característica, que dá forma a diversos compartimentos designados por cristas mitocondriais.
É nas cristas mitocondriais onde se encontram diversos complexos proteicos responsáveis pela respiração aeróbia. Este processo consiste na transformação de produtos resultantes da oxidação de hidratos de carbono em energia sob a forma de ATP, que é dependente da presença de oxigénio.
Embora as mitocôndrias sejam mais conhecidas por serem responsáveis pelo processo de respiração aeróbia, também têm muitas outras funções.
Origem de espécies reativas de oxigénio
No processo de respiração aeróbia ocorre também, em paralelo, a formação de espécies reativas de oxigénio.
Estas espécies são bastante importantes para a regulação de diversas vias de sinalização celular, sendo necessárias para o normal funcionamento da célula. Mas, quando estão presentes em quantidades elevadas acabam por induzir dano celular, afetando também a mitocôndria e, portanto, levam a disfunção mitocondrial e defeitos na produção de energia.
A mitocôndria e o efeito Chernobil
Recentemente, foi publicado um trabalho científico onde estudaram o efeito da acumulação de mitocôndrias danificadas nas células.
Os autores desenvolveram um método que permite a produção controlada de espécies reativas de oxigénio na mitocôndria quando estas são submetidas a luz.
Após a indução da produção de espécies reativas de oxigénio durante 5 minutos, os autores verificaram que as mitocôndrias continuavam a produzir estas espécies. Embora as células não tenham morrido e à primeira vista não tivessem encontrado danos ao nível do DNA, uma observação mais cuidadosa revelou que as extremidades dos cromossomas (telómeros) estavam a ficar cada vez mais curtas.
Os telómeros são sequências repetitivas de bases de nucleótidos que são cruciais para proteger os cromossomas de degradação, evitando assim a perda de informação genética. À medida que envelhecemos os telómeros vão ficando cada vez mais curtos.
Este evento de produção descontrolada de espécies reativas de oxigénio após um estímulo inicial faz lembrar o efeito do desastre nuclear de Chernobil. Onde uma primeira explosão provocou a libertação de quantidades significativas de radiação, impossíveis de conter, e que eventualmente se espalhou e chegou a atingir parte da Ucrânia e países em redor.
O papel das espécies reativas de oxigénio no organismo ainda não está totalmente estabelecido e compreendido, mas este trabalho contribui para enriquecer o conhecimento que temos atualmente.
Assim, é possível imaginar que este estudo possa contribuir no futuro para o combate de doenças, como o cancro. Nesse caso, poderá ser possível tirar proveito dos efeitos das espécies reativas de oxigénio para destruir células tumorais, por exemplo, através do uso de terapia fotodinâmica.
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“Todos os seres vivos são constituídos pelo menos por uma unidade básica de vida, designada de célula. Esta célula contém no seu interior material genético (DNA), que está localizado no núcleo celular”
Esta descrição aplica-se apenas aos eucariotas, não a todos os seres vivos.
Certo.
Procariotas não se enquadram nessa definicao.
Tecnicamente aplica-se a todos os seres vivos, uma vez que não existe um consenso se virus são ou não considerados seres vivos.
o que ele está a invocar é que nem todos os seres vivos são constituídos por células com núcleo. Os procariotas não têm núcleo.
As mitocôndrias além dos hidratos de carbono também utilizam as gorduras e proteínas para produzirem energia sob a forma de ATP. Regra geral, com o envelhecimento ficamos com menos mitocôndrias e estas ficam mais disfuncionais o que se traduz em menos produção de energia (ATP). A perda de funções nas mitocôndrias pode resultar em excesso de fadiga e outros sintomas que são queixas frequentes em quase todas as doenças crónicas. Vários ensaios clínicos têm demonstrado a utilidade do uso de suplementos orais (L-carnitina, ácido alfalipóico, coenzima Q10 (ubiquinona)) para reduzir significativamente a fadiga, sintomas associados a doenças crónicas e restaurar a função mitocondrial.
E para quem tem excesso de energia? Nunca fica cansado? Ou seja faz um exercicio fisico intenso, pode ficar cansado e com fadiga na hora, mas 1h ou minutos depois já esta recuperado e consegue andar ou até mesmo sair sem cansaço ou fadiga.. O que tens a dizer acerca disto?
Os meus parabéns por ter excesso de energia e nunca ficar cansado, mas será que leu o que eu escrevi? Referi “regra geral, com o envelhecimento…”. O que me refere é típico de alguém com saúde, jovialidade, eventualmente em boa forma e, por esse motivo, o “normal” é recuperar rapidamente e não ter cansaço ou fadiga. Para que fique claro, o que escrevi baseia-se em vários estudos científicos.
Eu li, dai eu ter feito “E para quem tem” não critiquei nem disse que estava errado.
O ter excesso de energia e recuperar rápido, nem sempre é bom. Há quem pense que é. Mas depois começa a haver problemas a nivel do sono, o excesso de energia é tanto, dai a minha questão se terá alguma coisa a haver com mitocondria.
O problema que refere não deverá ter qualquer relação com o funcionamento das mitocôndrias. Existem algumas pessoas que tem bastante energia e conseguem dormir bem e outras em que o excesso de energia as impede de ter um sono restaurador (nestes casos, deve-se procurar a ajuda de um especialista porque a privação de sono poderá conduzir a vários problemas de saúde).