Pela primeira vez, cientistas americanos no National Ignition Facility do Lawrence Livermore National Laboratory na Califórnia produziram com sucesso uma reação de fusão nuclear que resultou num ganho líquido de energia. Por outras palavras, os cientistas obtiveram mais energia do que a que foi consumida.
Esta pode ser, pela primeira vez, uma revolução para se conseguir produzir energia limpa, barata e quase ilimitada para acabar com a dependência dos combustíveis fósseis.
Usar energia para gerar ainda mais energia limpa e quase ilimitada
O resultado da experiência será um passo gigante na procura da libertação da humanidade dos combustíveis fósseis. A fusão nuclear tem como objetivo, ainda esta década, libertar uma fonte infinita de energia limpa. Há décadas que os investigadores tentam recriar a fusão nuclear – replicando a fusão que alimenta o sol.
Há momentos, funcionários do Departamento de Energia dos EUA anunciaram uma conquista histórica na fusão nuclear. Pela primeira vez, cientistas americanos produziram mais energia a partir da fusão do que a energia do laser que usaram para alimentar a experiência.
O chamado “ganho de energia líquida” é um marco importante a partir da fusão nuclear – a reação que ocorre quando dois ou mais átomos são fundidos.
A experiência colocou 2,05 megajoules de energia no alvo e resultou em 3,15 megajoules de saída de energia de fusão – gerando mais de 50% de energia do que foi colocado. É a primeira vez que uma experiência resultou num ganho significativo de energia.
Esta descoberta científica monumental é um marco para o futuro da energia limpa.
Disse o senador democrata Alex Padilla, da Califórnia, num comunicado.
A descoberta recorreu a uma infraestrutura do tamanho de um estádio de futebol e equipada com 192 lasers.
A ignição permite-nos replicar, pela primeira vez, certas condições que só são encontradas nas estrelas e no sol. Este marco move-nos um passo significativo mais perto da possibilidade de energia de fusão abundante e com zero carbono alimentando a nossa sociedade.
Disse a secretária de Energia, Jennifer Granholm.
Granholm disse que os cientistas de Livermore e outros laboratórios nacionais fazem um trabalho que ajudará os EUA a avançar rapidamente em direção à energia limpa e manter uma dissuasão nuclear sem testes nucleares.
Agora, os cientistas podem avançar com a energia de fusão, e usá-la para produzir eletricidade limpa, combustíveis para transporte, energia, indústria pesada e muito mais.
O que é fusão nuclear e por que é tão importante?
A fusão nuclear é um processo feito pelo homem que replica a mesma energia que alimenta o sol. A fusão nuclear acontece quando dois ou mais átomos são fundidos num maior, um processo que gera uma enorme quantidade de energia na forma de calor.
Cientistas de todo o mundo, estudam a fusão nuclear há décadas, na esperança de recriá-la como uma nova fonte que forneça energia ilimitada e livre de carbono – sem o lixo nuclear criado pelos atuais reatores nucleares. Os projetos de fusão usam principalmente os elementos deutério e trítio – ambos isótopos de hidrogénio.
O deutério de um copo de água, com um pouco de trítio adicionado, poderia abastecer uma casa durante um ano. O trítio é mais raro e mais difícil de obter, embora possa ser produzido sinteticamente.
Mas a fusão é diferente da fissão nuclear?
Quando as pessoas pensam em energia nuclear, salta-lhes à ideia as torres de arrefecimento e nuvens em forma de cogumelo. Mas a fusão é totalmente diferente.
Enquanto a fusão funde dois ou mais átomos, a fissão é o oposto; é o processo de dividir um átomo maior em dois ou mais átomos menores. A fissão nuclear é o tipo de energia que alimenta os reatores nucleares em todo o mundo hoje. Como a fusão, o calor criado pela divisão dos átomos também é usado para gerar energia.
A energia nuclear é uma fonte de energia de emissão zero, mas produz resíduos radioativos voláteis que devem ser armazenados com segurança e apresentam riscos de segurança. Colapsos nucleares, embora raros, ocorreram ao longo da história com resultados abrangentes e mortais, como nos reatores de Fukushima e Chernobyl.
A fusão nuclear não apresenta os mesmos riscos de segurança, e os materiais usados para alimentá-la têm uma meia-vida muito mais curta do que a fissão.