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ESA já estuda hibernação humana para viagens espaciais

O desafio para chegar a outros planetas irá obrigar a viagens longas. As tripulações estarão enclausuradas dentro de uma nave espacial meses e até anos. Conforme vemos nos filmes ou lemos nos livros, a ficção já nos mostra indícios de como será necessário manter os astronautas em “animação suspensa”. Nesse sentido, a ESA investigou o impacto que a hibernação de tripulantes na vida real teria numa missão espacial a Marte.

Se um dia formos capazes de colocar os seres humanos em hibernação, as naves espaciais têm de ser repensadas.


Astronautas em hibernação precisariam de naves menores

Segundo a ficção científica, se uma nave espacial não vem com o hyperdrive, geralmente é equipada com cápsulas de hibernação. Nos filmes de 2001: Uma Odisseia no Espaço, Alien, o Oitavo Passageiro, entre outros, os astronautas eram colocados em ‘animação suspensa’ para atravessar a vastidão do espaço.

Agora, a ESA está a investigar como a hibernação da tripulação na vida real afetaria o design das missões espaciais.

 

Equipar as naves para hibernar os astronautas

A hibernação humana tem sido objeto de investigação da ESA. Nesse sentido, a agência espacial estuda o desenvolvimento de “tecnologias facilitadoras” fundamentais para viajar no espaço.

Os cientistas reuniram-se no Concurrent Design Facility da ESA para avaliar as vantagens da hibernação humana para uma viagem a um planeta vizinho, como Marte. Estes tomaram como referência um estudo existente que descreveu o envio de seis humanos a Marte e de volta numa escala de tempo de cinco anos.

Com o intuito de estudar os efeitos da hibernação da tripulação nas missões espaciais, usaram alguns números já ponderados. Assim, as naves poderiam ser mais pequenas se a tripulação estivesse a dormir na viagem. Numa longa jornada, como a Marte, por exemplo, os tripulantes poderiam estar meses a dormir em cápsulas espaciais.

Durante algum tempo, a hibernação foi proposta como uma ferramenta de mudança estratégia para as viagens espaciais humanas.

Se conseguíssemos reduzir a taxa metabólica básica de um astronauta em 75% – semelhante ao que podemos observar na natureza com grandes animais em hibernação, como certos ursos -, poderíamos ter uma economia substancial de massa e custos, tornando as missões de exploração de longa duração mais factível.

Comentou Jennifer Ngo-Anh, líder de equipa do programa Science in Space Environment da ESA.

 

Qual é a necessidade de colocar os astronautas em hibernação?

A razão maior prende-se com a imensidão do espaço. Algo na nossa vizinhança está a anos de caminho e ainda só estamos a falar dentro do nosso sistema solar. Para termos uma ideia clara e real, damos como exemplo a missão da New Horizons a Plutão, foi lançada em 2006 e precisou de nove anos para chegar ao seu destino.

Para ter uma ideia da escala de distância do nosso sistema solar, visite “Se a lua tivesse apenas 1 pixel”. Assim, terá uma ideia das distâncias relativas dos planetas ao serem dimensionados numa única página extralarga. Por outro lado, dificilmente iremos conseguir perceber a escala do universo.

O cérebro humano simplesmente não consegue entender como são grandes as coisas como o sistema solar.

Referiu Joe Hansen – apresentador da série da PBS “Tudo bem ser inteligente”.

 

Dentro de 20 anos, a hibernação pode ser possível nas viagens

Os cientistas descobriram que a massa de uma nave com hibernação humana poderia ser reduzida num terço. Assim, os especialistas quantificaram o que pode parecer bastante óbvio… que uma nave para hibernar astronautas poderia ser mais pequena. Esta comparação mostra o tamanho de um módulo para uma missão tripulada a Marte em comparação com o seu equivalente baseado em hibernação.

Se a tripulação estivesse a hibernar, não seriam necessários quartos de tripulação extensos ou de muito espaço de armazenamento para consumíveis (como comida e água).

Projeto do módulo de hibernação da ESA

Assim, poderíamos estar a falar em compartimentos de hibernação para os tripulantes se revezar a hibernar. Desta forma, a cabine de hibernação seria pequena e daria para alternar entre grupos.

Design da estrutura de hibernação da ESA

 

Como seriam “adormecidos” os tripulantes até Marte?

Segundo a agência espacial, para os tripulantes entrarem em hibernação, seria administrado um medicamento. Este fármaco iria induzir o ser humano num estado “torpor” – o termo para o estado de hibernação.

Conforme acontece com os animais em hibernação, espera-se que os astronautas adquiram mais gordura corporal antes do torpor. As suas cápsulas seriam escurecidas e a temperatura seria bastante reduzida para arrefecer os seus ocupantes durante o cruzeiro projetado para 180 dias, tempo de viagem entre Marte e Terra.

A agência espacial refere que a fase de hibernação do cruzeiro terminaria com um período de recuperação de 21 dias. Referiu ainda que – com base na experiência de hibernação animal – a tripulação provavelmente não experimentaria perda óssea ou muscular.

A exposição à radiação de partículas de alta energia é um risco importante de viagens espaciais profundas, mas como a equipa de hibernação passará tanto tempo nas suas cápsulas de hibernação, a proteção – como recipientes de água – poderá concentrar-se em torno deles.

Explicou a ESA.

 

Inteligência Artificial e operações autónomas das naves

Neste tipo de viagens, seguramente o tempo de ações permanentes não será muito. Assim, a ESA referiu que seriam aplicadas “operações amplamente autónomas, com uso otimizado de inteligência artificial” e “deteção, isolamento e recuperação de falhas” necessárias numa nave espacial onde a maioria dos humanos está a hibernar.

Segundo a informação, a ideia básica de colocar os astronautas em hibernação de longa duração não é realmente tão descabida. Aliás, existe há décadas um método que é testado e aplicado como terapia em pacientes de trauma grave.

Em resumo, a Agência Espacial Europeia tem estudos para levar a hibernação humana a um cenário real. Imprescindível no design das missões espaciais do futuro próximo.

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