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E se o asfalto for mais poluente que os próprios automóveis que nele circulam?

Uma das teorias que surgiu durante a pandemia, para justificar a diminuição da poluição registada nos meses de confinamento, ditava que os automóveis são uma das maiores fontes de poluição ao nível mundial. Assim, tendo a circulação automóvel diminuído, a poluição por si provocada viu-se reduzida. Ainda assim, o padrão da pandemia alterou-se após o desconfinamento.

Contudo, um novo estudo vem sugerir, provando, que o asfalto recentemente colocado é uma fonte significativa de poluição atmosférica.


Poluição atmosférica pelas estradas

Qualquer estrada recentemente pavimentada com asfalto possui um cheiro muito característico. No entanto, esse material não era alvo de grande atenção, sendo a poluição gerada pelas estradas sempre associada apenas aos automóveis.

No entanto, um novo estudo sugere que o asfalto fresco é uma fonte significativa, ainda que negligenciada, de poluição atmosférica. Aliás, ainda que seja só uma hipótese, a contribuição do material para a poluição atmosférica poderia mesmo competir, excedendo, os próprios veículos.

A posição do asfalto no “ranking” da poluição atmosférica

Há vários anos que o mundo tem trabalhado rumo a um planeta mais limpo e mais sustentável. Assim, os países foram garantindo que a qualidade do ar não fosse tão agressivamente prejudicada pelos automóveis, como era há algumas décadas. Aliás, em Portugal, está até sujeito a coima o condutor que circule com um veículo que esteja a libertar fumos ou gases em quantidades superiores às estipuladas.

Apesar disso, a qualidade do ar está longe de ser a ideal, contribuindo para várias doenças, como asma, por exemplo.

Quando um grupo de cientistas analisou a poluição atmosférica, em Los Angeles, percebeu que, apesar das várias fontes de poluição já conhecidas, existem outras que ainda não foram identificadas. Então, é o caso do asfalto.

O asfalto foi algo que nos saltou à vista.

Disse Drew Gentner, um engenheiro ambiental da Universidade de Yale.

A equipa de Drew Gentner reuniu dois tipos de asfalto fresco, presente nas estradas. Além disso, testaram telhas novas de asfalto e asfalto líquido utilizado nos telhados. Isto, porque o material, que é constituído por petróleo bruto ou substâncias semelhantes, contém compostos orgânicos semi-voláteis que geram alguns tipos de poluição atmosférica.

Depois de reunir as amostras, a equipa aqueceu-as num forno de laboratório. Isto, para perceber qual a variante da taxa de emissão aquando o envelhecimento do asfalto, uma vez que o material novo deveria libertar mais químicos.

De acordo com a equipa, a maior quantidade de compostos químicos semi-voláteis foi libertada quando o pavimento foi aquecido a 140 ºC, na aplicação. No entanto, registaram uma queda das emissões, quando o asfalto arrefeceu, mas, depois, permaneceu constante, a uma temperatura de 60ºC.

Isto sugere que o asfalto pode ser uma fonte de poluição duradoura.

Referiu Gentner.

Portugal no bom caminho

Conforme é dito pelos cientistas, a luz do sol também é um fator a destacar. Assim, a própria luz moderada mostrou-se bastante prejudicial, uma vez que causou um grande aumento das emissões, cerca de 300%, independentemente da temperatura. Estas emissões formam pequenas partículas suspensas no ar, os aerossóis, prejudicando a saúde de quem as inala.

Apesar do que a equipa descobriu, falta agora perceber quanto tempo é que o asfalto permanece a libertar partículas nocivas. Assim, Gentner diz que é essencial destacar este problema e estar atento, a partir de agora.

Em Portugal, a associação ambientalista Zero diz que as cidades portuguesas estão dentro do limite de emissões definido pelas Nações Unidas. Todavia, sublinha que o país tem de continuar a garantir medidas para a redução da poluição atmosférica provocada pelo tráfego automóvel.

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