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COVID-19: Os anticorpos deste animal podem matar o novo coronavírus

Apesar de em Portugal os números darem um aspeto de melhoria, não se enganem, continuamos numa luta dura contra a COVID-19. A vacina poderá demorar um ano até chegar ao mercado, os medicamentos existentes não fornecem o resultado que se pretendia e a investigação continua por vários caminhos. Por exemplo, é sabido que as lamas, um mamífero ruminante da América do Sul, pode ser uma das respostas para quebrar a pandemia do coronavírus.

Este animal tem uma particularidade que pode ser a chave que tantos procuram.


Anticorpos da lama podem ser a solução para combater a COVID-19

Segundo vários estudos, estes animais podem gerar um anticorpo forte que pode matar o novo vírus SARS-CoV-2. Assim, os cientistas pensam que podem adaptá-lo para um tratamento que proporcionaria o mesmo tipo de resultados que uma transfusão de plasma dos sobreviventes da COVID-19.

Este é mais um esforço, para além dos vários, no âmbito dos projetos mundiais para criar medicamentos anticorpos monoclonais. Aliás, ainda há dias falamos num desses projetos ao cargo de cientistas de Israel. Mas há vários, como os do Japão e Holanda.

Além destes, existem também cinco equipas que estão a trabalhar em terapias similares nos EUA e um dos medicamentos poderá estar pronto este verão.

Conforme foi dado a conhecer, saiu um novo estudo de investigadores da Universidade do Texas, dos Institutos Nacionais de Saúde e da Universidade de Gand, na Bélgica, que diz que os anticorpos da lama podem neutralizar a proteína do espigão do vírus SARS-CoV-2. Este conetor de glicoproteína é o responsável pela ligação entre o vírus e as células humanas e permite que o coronavírus se reproduza no interior do corpo.

Olhar para a história e usar o conhecimento obtido

Conforme explica um dos cientistas, a investigação baseia-se em descobertas anteriores relativas ao SARS-CoV-1 e ao MERS-CoV, os vírus responsáveis pelos surtos de SARS e MERS. Os investigadores utilizaram duas cópias dos anticorpos da lama que funcionaram em infeções anteriores da SARS e descobriram que o composto resultante pode neutralizar a proteína do espigão e parar a infeção.

Enquanto trabalhávamos neste projeto, surgiu o novo coronavírus SARS-CoV-2 e as proteínas do espigão são bastante semelhantes entre a SARS-CoV-2 e a SARS original. Pensámos que talvez esta nanobodia, se a isolássemos, também se ligasse a esta.

Explicou o professor Jason McLellan, de biociências moleculares da UT-Austin. Esta investigação foi publicada na revista The Cell.

Sim, este cenário é altamente irónico, dado que um animal transmitiu esta doença aos seres humanos e outro pode ajudar a matar o vírus em pacientes infetados. Na verdade, McLellan pensa que um medicamento de anticorpo da lama poderia até ser usado para oferecer imunidade temporária a pessoas em risco.

Imediatamente após a injeção, eles terão basicamente imunidade a esse vírus. Com o passar do tempo, talvez, ao fim de um certo número de meses, possam tornar-se imediatamente imunes. Este medicamento não seria, no entanto, uma vacina.

Referiu o investigador.

Esta linha de investigação está a ser levada a cabo por várias equipas de investigadores. Do Japão aos Países Baixos, são vários os estudos debruçados no conceito de anticorpos VHH dos camelídeos.

Dito isto, não é claro se e quando serão usados medicamentos à base de anticorpos de lama para tratar a COVID-19. Contudo, os ensaios clínicos de um medicamento acabado teriam de provar que ele é eficaz em doentes com a COVID-19. Mas o facto de várias equipas em todo o mundo estarem a estudar esta ideia é simultaneamente emocionante e tranquilizador.

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