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Cientistas finalmente descobriram o que torna o novo coronavírus tão perigoso

A doença COVID-19 não para de fazer vítimas. Hoje, o mundo caminha para as 700 mil mortes em mais de 16 milhões de casos positivos e ainda nem se vislumbra uma melhoria dos contágios. Pese o facto de já se saber mais sobre o vírus SARS-CoV-2, ainda se tenta perceber como é que este agente patogénico se tornou tão perigoso e mortal. Contudo, foi dado mais um passo importante que poderá ser determinante para atacar o vírus e acabar com a doença.

Foi identificada uma enzima que poderá ser o sistema que o vírus usa para se camuflar.


Sistema imunitário dos seres humanos atua de forma diferente

Quando um agente patogénico entra no corpo humano, desencadeia alarmes locais que sinalizam o sistema imunitário para tomar medidas e destruir a entidade desconhecida. Então, tal comportamento é verdade, quer se trate de um vírus, bactéria ou outros tipos de microrganismos. Portanto, é isto que também acontece com o novo coronavírus.

Conforme tem sido percebido pelo mundo fora, algumas respostas imunitárias são melhores e mais eficientes do que outras. Como resultado, existem umas pessoas que experimentam uma versão leve da doença e algumas nem têm sequer sintomas.

Contudo, há outras pessoas que têm sistemas imunitários a reagir mais lentamente, pelo que o vírus se replicará com facilidade dentro dos pulmões e causará todo o tipo de complicações que ameaçam a vida. Depois há sempre a resposta do sistema imunitário que causa mais problemas que bons resultados. Inclusive pode mesmo levar à morte. Os médicos ainda estão a tentar perceber a razão disto tudo acontecer e como pode ser combatido.

 

Para atacar o novo coronavírus são necessários melhores fármacos

Conforme já foi dado a conhecer, fármacos como a dexametasona oferecem um tratamento potencial para os pacientes que experimentam uma resposta inflamatória maciça. Contudo, são necessários melhores medicamentos para reduzir significativamente as complicações e a morte.

Investigadores do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, descobriram o que poderá ser um elemento vital do comportamento do SARS-CoV-2. O vírus tem uma forma de se camuflar, uma vez dentro da célula, para evitar a sua deteção. Nem sempre acontece, mas isto poderia explicar o que torna o novo vírus tão perigoso e a razão de alguns pacientes terem mais dificuldade em livrar-se dele.

Os investigadores publicaram o seu trabalho na revista Nature, onde explicam a técnica de camuflagem que permite que o vírus escape a uma resposta imediata.

Os cientistas identificaram uma enzima chamada nsp16 produzida pelo vírus e que este depois utiliza para modificar a sua cápsula de ARN. Assim que o vírus se liga às células, usa o seu ARN para instruir estas células a produzirem em massa milhares de cópias do vírus. A célula é destruída no processo e as novas cópias podem infetar outras células. O sistema imunitário bloqueará algumas delas e destruirá também as células infetadas. Esta batalha contínua acontece ao nível celular, e é um processo crítico que afeta a recuperação dos pacientes.

É uma camuflagem. Devido às modificações, que enganam a célula, o ARN do mensageiro viral resultante é agora considerado como parte do próprio código da célula e não como estranho.

Explicou Dr. Yogesh Gupta, responsável pelo estudo sobre o mecanismo.

 

Este poderá ser o alvo de novos, mas eficazes medicamentos

A descoberta poderá ser significativa para o futuro desenvolvimento de medicamentos antivirais. Novos medicamentos poderiam visar a enzima nsp16 e impedi-la de fazer quaisquer alterações. Como resultado, o sistema imunitário reconheceria o vírus mais rapidamente e começaria a combatê-lo mais cedo.

Tais medicamentos poderiam acelerar a recuperação dos pacientes. Como em qualquer investigação COVID-19, o trabalho poderia beneficiar de estudos futuros, enquanto que seriam necessários ensaios clínicos para testar a eficácia de qualquer nova molécula concebida para inibir a enzima nsp16.

Um estudo realizado em meados de maio analisou a forma como o coronavírus bloqueia a atividade do interferão ao infetar as células. Este processo permite que o coronavírus continue a replicar-se sem obstáculos através de uma resposta imunitária rápida e local. Quase dois meses mais tarde, uma equipa diferente de investigadores disse que o seu nebulizador baseado em interferão poderia proporcionar o tratamento que o mundo precisa para prevenir complicações e reduzir as mortes por COVID-19.

 

Esta semana foi dado a conhecer um medicamento chamado SNG001 que poderá reduzir em 79% o risco de se desenvolver uma forma grave da doença COVID-19 – apontam resultados preliminares divulgados na passada segunda-feira pelo laboratório britânico que o produziu, Synairgen.

Este tratamento inalado usa interferon beta, uma proteína natural que está envolvida na resposta do organismo aos vírus.

 

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