A China alunou uma sonda no “lado negro” da Lua, a Chang’e-4, segundo informou a televisão estatal. Depois de ter partido da Terra no início de dezembro, a nave espacial pousou no satélite natural da Terra, às 10h26 em Pequim (03h26 em Lisboa).
Assim, fica marcado na história que a China é o primeiro país a aterrar no lado ‘oculto’ da Lua.
Chang’e 4
A Chang’e 4 é uma missão chinesa de exploração lunar, com o objetivo também de pousar um rover e uma sonda. Esta missão levará a segunda sonda espacial chinesa a pousar na Lua. A Chang’e 4 foi construída como gémea e suplente da Chang’e 3, tal como a Chang’e 2 foi da Chang’e 1.
A missão foi lançada em 12 de dezembro de 2018, como parte da segunda fase do Programa Chinês de Exploração Lunar.
#BREAKING China's Chang'e-4 probe lands successfully on far side of the moon at 10:26 a.m. BJT Thursday, marking the first ever soft-landing in this uncharted area pic.twitter.com/rTlJ4EzOw2
— CGTN (@CGTNOfficial) January 3, 2019
Porquê ir de novo à Lua e ao lado escuro do satélite natural?
O lado negro da Lua tem motivado vários rumores e levantado algumas curiosidades. Desta forma, o objetivo desta missão é testar o crescimento de plantas e captar sinais de radiofrequência, que é normalmente bloqueados pela atmosfera terrestre.
Conforme tem sido veiculado pela imprensa chinesa, a missão ilustra, de forma concisa, a crescente ambição de Pequim no espaço. Símbolo do progresso do país.
Contudo, ainda este ano, Pequim planeia ainda iniciar a construção de uma estação espacial. A ideia passa por ter presença permanente de tripulantes e, no próximo ano, enviar um veículo de exploração a Marte.
Em 2010, o país mais populoso da Terra planeia ainda enviar a sonda Chang’e 5. O objetivo final é de regressar à Terra com amostras de matéria recolhida na Lua. A verificar-se será a primeira missão deste género desde 1976.
Do passado envergonhado, para o futuro desinibido
É verdade que a China, no passado, nunca esteve na vanguarda da exploração espacial como vários outros países estiveram.
No entanto, o país realizou já cinco missões tripuladas, a primeira em 2003 e a mais recente em 2013, enviando para o espaço dez astronautas (oito homens e duas mulheres).
De realçar que a primeira tentativa da China de entrar na corrida espacial foi no final dos anos 1950. Esta surgiu como resposta ao lançamento do Sputnik 1 – o primeiro satélite em órbita – pela União Soviética.
Mao Zedong ordenou então a construção e envio do primeiro satélite chinês, antes de 1 de outubro de 1959, por altura do 10.º aniversário da fundação da República Popular. A iniciativa acabou por falhar devido à inexperiência do país em tecnologia aeroespacial.
No entanto, em abril de 1970, em plena Revolução Cultural, uma radical campanha política de massas lançada por Mao, a China concluiu com êxito o lançamento do seu primeiro satélite para o espaço, o Dong Fang Hong (“O Leste é Vermelho”).